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FIJ exige libertação de jornalista sequestrado na Ucrânia

A Federação Internacional de Jornalistas expressou profunda preocupação com o destino do fotógrafo da agência internacional de notícias Rossiya Segodnya, Andrei Stenin, que desapareceu enquanto cobria os acontecimentos em Donetsk, Slavyansk e em outras cidades do leste da Ucrânia, onde as tropas do governo estão realizando uma operação especial contra apoiantes da independência. Em comunicado divulgado nesta segunda-feira (11), a entidade pediu a libertação imediata do repórter que não faz contato com a redação da agência desde terça-feira (5).

“Nos solidarizamos com os nossos parceiros da União de Jornalistas da Rússia e expressamos profunda preocupação com o destino do nosso colega Andrei Stenin. Caso ele tenha sido detido por alguém no leste da Ucrânia, conclamamos a sua libertação imediata”, disse o presidente da Federação Internacional de Jornalistas, Jim Boumelha. Ele acrescentou que Stenin é “um jornalista, e não um soldado”, e, portanto, não pode ser limitado em seu deslocamento, nem estar sujeito a “detenção, interrogatório ou comportamento violento”, diz nota da FIJ.

O fotojornalista e correspondente de guerra Andrei Stenin está desaparecido há uma semana - Foto: Damir Bulatov
O fotojornalista e correspondente de guerra Andrei Stenin está desaparecido há uma semana – Foto: Damir Bulatov

O Mininstério das Relações Exteriores da Rússia não exclui que Andrei Stenin possa ter sido vítima de um ataque, tendo em conta a prática de detenção de jornalistas na Ucrânia. Para a comandante das forças da autoproclamada República Popular de Donetsk, Igor Strelkov, o repórter fotográfico foi detido por forças de segurança ucranianas em Shakhtersk. O representante oficial do Comitê de Investigação da Rússia, Vladimir Markin, informou hoje que o órgão verifica a versão de implicação da Guarda Nacional e dos órgãos de segurança da Ucrânia no sequestro do fotógrafo. O Comitê de Investigação da Federação da Rússia pretende também solicitar a assistência jurídica dos órgãos competentes da Ucrânia.

A encarregada da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) para a Liberdade de Imprensa, Dunja Mijatovic, dirigiu um apelo ao governo da Ucrânia pela imediata libertação do repórter fotográfico Andrei Stenin, da agência internacional de notícias Rossiya Segodnya (Rússia Hoje). Segundo ela, “esta perigosa prática de detenção e sequestro de profissionais de mídia é inaceitável e deve acabar imediatamente”.

Na última sexta (8), a diretora do HRW – Human Rights Watch na Rússia, Tanya Lokshina, afirmou que as autoridades ucranianas de Kiev devem explicar os motivos por trás da detenção do fotojornalista e correspondente de guerra.  Tanya Lokshina disse ainda que, se de fato o jornalista foi detido por forças de Kiev ou por grupos pró-governo, as autoridades devem providenciar a sua libertação imediata, ou, se houver razões para fazer acusações contra ele, levá-lo a um tribunal para que seja julgado. Ela acrescentou que o governo da Ucrânia tem que assegurar a total proteção da lei a Andrei Stenin, dando-lhe acesso a um advogado e a funcionários consulares russos.

Segundo Alberto Jacob Filho, presidente da Associação Profissional de Repórteres Fotográficos e Cinematográficos do Rio de Janeiro, ARFOC, é uma violência contra a liberdade da imprensa. “É uma atitude condenável, não só por mim, mas condenável mundialmente. O povo tem o direito de receber informação e jornalistas têm o direito – e a obrigação – de transmitir livremente informação para o povo”.

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Sequestro de fotojornalistas, segundo o presidente da ARFOC, é menos frequente do que sequestro de repórteres. Fotógrafos, no Brasil, são mais vulneráveis à violência urbana. Geralmente, o objetivo de tal violência é impedir que seja produzida uma imagem de um determinado momento. Por isso o jornalista é agredido.

Em entrevista à Voz da Rússia, Jacob Filho lembra os pontos principais do curso que a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) fez no Brasil. São três momentos essenciais: se equipar para se proteger de possíveis agressões, se abrigar em caso de perigo e trabalhar em grupo sempre que for possível. Trabalhando em grupo, cada jornalista, e também cada fotógrafo para assim ter sua própria visão e seus próprios momentos de apertar o botão. Quanto mais trabalharem juntos mais poderão obter e trazer mais imagens que esclareçam a situação. “Jornalista sequestrado vira moeda, declara Jacob Filho. No entanto, não é justo. Não é justo repórter virar notícia, em vez de reportar a notícia”.

Processo

O governo da Ucrânia está preparado um caso criminal contra Andrei Stenin, com a intenção de acusá-lo de suposta cumplicidade em crimes de guerra. “Um processo criminal está sendo preparado contra Andrei Stenin com base em um testemunho que supostamente evidencia que ele assistia às execuções e tortura dos soldados das tropas ucranianas”, declarou via telefone à RIA Novosti uma fonte na Ucrânia.

A agência Rossiya Segodnya afirma que as atividades profissionais de Andrei Stenin tinham caráter humanitário. “Trata-se de uma provocação. Suas fotos são conhecidas em todo o mundo. Andrei não pode estar envolvido em qualquer crime, as acusações contra ele são infundadas”, disse a agência, que, ao meio-dia de domingo, iniciou a campanha #freeAndrew para apoiar o fotógrafo e exigir sua libertação. Além disso, fotos de Stenin foram espalhadas e um endereço de vídeo feito por colegas de Andrei foi carregado no YouTube.

*Informações do site Voz da Rússia e Diário da Rússia.

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