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Foto de criança síria afogada na Turquia choca o mundo

Pelo menos 12 imigrantes sírios que fugiam do Estado Islâmico e da guerra civil no país, entre eles oito crianças, morreram nesta quarta-feira (2), na costa da Turquia, quando tentavam cruzar o Mar Egeu e chegar à Grécia, informou a agência de notícias estatal turca Anadolu. Uma imagem forte da realidade de centenas de milhares de pessoas que tentam fugir da guerra, da fome e da miséria é alerta para o mundo civilizado de que algo precisa ser feito. A foto chocante (que não é reproduzida nesta matéria) mostra o corpo de um bebê, de bruços numa praia de Bodrim, no sul da faixa asiática da Turquia. Os cadáveres das crianças apareceram no início da manhã, o que levou a Guarda Costeira a mobilizar várias equipes de salvamento, que conseguiram resgatar seis pessoas das duas embarcações avariadas.

Apesar do choque causado pela imagem, a foto deve se tornar um símbolo do drama dos refugiados que tentam chegar à Europa fugindo de conflitos e da pobreza no Oriente Médio e no norte da África. A tragédia causou comoção em milhares de usuários, que replicaram a foto e lamentaram o custo humano da crise imigratória. O assunto foi um dos mais comentados no Twitter, onde o registro ganhou a hashtag #kiyiyavuraninsanlik, algo como “a humanidade se choca contra a costa”.

Os imigrantes tentam cruzar a nado a distância de cinco quilômetros entre o popular resort de verão de Bodrum, no sudoeste turco, e a ilha grega de Kos. Dois barcos que tentavam fazer a jornada naufragaram em águas internacionais, segundo a agência turca Dogan. Uma embarcação de 2 metros com nove imigrantes do Paquistão foi forçada a retornar por autoridades turcas.

A maioria dos imigrantes tenta fazer esse trajeto durante a noite, aumentando os riscos, segundo moradores na região. Um refugiado sírio, Omer Mohsin, disse à agência Dogan que seu barco naufragou pouco após zarpar, às 2h (hora local). Segundo o refugiado, caberiam dez pessoas no barco, mas foram colocadas 17, cada uma pagando 2.050 euros aos traficantes de pessoas.

*Informações da Revista IstoÉ e do El País (edição Brasil).

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Jornalistas presos na Turquia estão em presídio de segurança máxima

Há novos sinais de preocupação com a liberdade de imprensa na Turquia, que aparece sistematicamente em lugares destacados nos rankings dos “inimigos” da informação livre. O chefe de programação para a Europa da Vice News, Kevin Sutcliffe, divulgou nesta quarta-feira (2/9) que os jornalistas britânicos Jake Hanharan e Philip Pendlebury, o repórter Ismael Mohammed Rasool e um tradutor iraquiano presos desde o dia 21/8 na Turquia foram encaminhados a um presídio de segurança máxima, distante cerca de cinco horas do tribunal onde seriam julgados por “participar de atividades terroristas” do autoproclamado Estado Islâmico.

Segundo a Vice News, os quatro profissionais, presos na cidade de Diyarbakir, foram encaminhados a um local distante de onde a representação legal dos jornalistas e do motorista está baseada, ação que impossibilita uma agilidade no processo de soltura dos trabalhadores. O veículo ainda apontou a decisão do governo turco como uma possível “obstrução do processo legal de defesa de seus funcionários”. Em comunicado oficial, Sutcliffe condenou a detenção dos jornalistas. “A Vice News condena as tentativas do governo turco de silenciar nossos repórteres que foram oferecer uma cobertura de interesse público sobre a região. Vamos continuar trabalhando ao lado das autoridades para agilizar a liberação de nossos três colegas”, disse o representante do site noticioso com sede nos Estados Unidos.

A Anistia Internacional apelou à libertação “imediata” dos jornalistas britânicos e do tradutor e qualificou as acusações de “escandalosas e bizarras”. “É um novo exemplo do modo como as autoridades turcas suprimem as informações que as embaraçam”, disse Andrew Gardner, investigador da organização especializado em assuntos da Turquia. Já a União Europeia manifestou-se “preocupada” com as detenções dos jornalistas da Vice News e com o raide policial. “Todos os países que negociam uma adesão à UE devem garantir o respeito pelos direitos humanos, incluindo a liberdade de expressão”, disse Maja Kocijancic, porta-voz para os Assuntos Externos.

Os casos ocorrem num momento tenso, depois de terem recomeçado confrontos entre forças de segurança e rebeldes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e a dois meses de eleições em que Erdogan aposta em recuperar a maioria absoluta perdida em Junho pelo seu partido, o AKP. Os adversários do Presidente acusam-no de alimentar uma “atmosfera de medo” para mobilizar o eleitorado nacionalista. Informações recolhidas pela AFP indicam que a polícia prendeu os jornalistas e confiscou as imagens que tinham registado depois de ter sido informada da sua presença na região, onde as forças de segurança se confrontam com o PKK.

Na manhã de terça-feira (1º), em Ancara, a polícia fez buscas em instalações de 23 empresas de um grupo crítico do regime islamo-conservador do Presidente Recep Tayyip Erdogan – o Koza Ipek, que tem interesses desde a energia aos media e está ligado ao imã Fethullah Gülen, antigo aliado e hoje acérrimo adversário de Erdogan, auto-exilado nos Estados Unidos, defensor da modernização do islão e do diálogo inter-religioso.

*Com informações do Portal IMPRENSA e do Público (pt).

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