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Jornalista brasileiro cria programa para medir impacto de notícias

Jornalistas são ensinados que a profissão é importante para a sociedade e para a manutenção da democracia. Mas, como indicar essa relevância na vida das pessoas? Qual a contribuição, por exemplo, da cobertura jornalística para o estado atual das opiniões sobre as instituições do regime democrático e mesmo seu funcionamento?  Essa foi a inquietação que levou o jornalista brasileiro Pedro Burgos a criar uma ferramenta inovadora que promete medir o impacto do jornalismo na sociedade. Em parceria com o Instituto Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), o pesquisador desenvolveu o Impacto.Jor – um programa que mensura os diferentes “efeitos reais que uma reportagem pode causar”, desde o simples agradecimento de um leitor até a derrubada de um secretário ou a mudança de uma lei.

A ferramenta já está em uso em cinco redações brasileiras: Gazeta do PovoFolha de S. PauloVejaNexo e Nova Escola. O funcionamento é simples. Um bot lê páginas de sessões de câmaras legislativas municipais, estaduais e federais procurando menções ao veículo e as registra. Ele também verifica as redes sociais de personalidades cadastradas como influenciadoras na área da cobertura, assim como outros blogs e sites de notícias. Além disso, é possível registrar ‘impactos’ manualmente – a ideia é que todo repórter registre, em um formulário digital, as repercussões que recebeu de suas reportagens. Posteriormente, um ‘editor de impacto’ vai verificar os efeitos registrados pelas reportagens e classificá-los como positivos ou negativos, além de informar o tamanho da repercussão gerada – de uma a três estrelas.

Depois de algum tempo coletando estatísticas, os jornais podem enviar ‘relatórios de impacto’ a seus leitores, apoiadores e anunciantes. Os números podem ajudar a ter uma noção qualitativa do jornalismo produzido por um veículo, em oposição às métricas quantitativas de curtidas, compartilhamentos, acessos na página e vendas. A ideia é de que os dois pólos de medição criem um índice híbrido de sucesso no jornalismo.

“A ideia é entender como a reportagem reverbera no debate público”, explicou Pedro Burgos ao Centro Knight. “Queremos provar ao leitor que temos importância na democracia, e isso é importante inclusive para a auto-estima do jornalista. Não se trata de ganhar apenas assinaturas, mas sim ganhar apoio à nossa missão, membros para a comunidade”.

*Informações são do Knight Center for Journalism in the Americas

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