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Com foco nas Olimpíadas, RSF alerta sobre perigo de ser jornalista no Brasil

“Algumas vitórias não merecem medalhas”. Esse é o lema de uma campanha lançada pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) às vésperas dos Jogos Olímpicos do Rio. A ação quer denunciar os episódios de violências contra os jornalistas no Brasil, que registra ao menos 22 mortes de comunicadores desde as últimas Olimpíadas de 2012, por motivos diretamente ligados à sua atuação profissional. De acordo com a RSF, o país se tornou o segundo país com o maior número de jornalistas assassinados da América Latina.

Em grande parte dos casos, esses repórteres, radialistas, blogueiros ou outros comunicadores investigavam (ou mantinham uma posição abertamente crítica sobre) temas relacionados à corrupção local e irregularidades na gestão pública, especialmente em cidades de pequeno e médio porte. A isso se somam as grandes manifestações de 2013 e 2014, marcadas por um clima de violência generalizada, que estiveram acompanhadas de agressões aos jornalistas que cobriam os eventos e de detenções arbitrárias. A maioria das 190 agressões registradas pela Associação Brasileira de Jornalismo de Investigação foram obra da polícia, segundo a organização.

Leia também: Jornalistas de mais de cem emissoras cobrirão os Jogos Olímpicos

“A forte polarização política do país” também é apontada como combustível para criar um clima de desconfiança em relação aos jornalistas, que são, segundo a entidade, “insultados e agredidos pelos manifestantes que os associam com as linhas editoriais de seus meios de comunicação”, acrescenta. “Este problema não é novo. No entanto, o Estado brasileiro não tomou nenhuma medida para resolver esta questão”.

violência contra imprensa - númerosA RSF destaca que a violência crescimento da violência contra os comunicadores não é um fenômeno que passou despercebido pelo Estado brasileiro. Em 2014, a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) publicou o relatório “Direitos Humanos dos profissionais de comunicação no Brasil” elaborado por um Grupo de Trabalho criado em 2012 para analisar esse contexto e apresentar medidas para reverter a situação. Com a participação de representantes do Ministério das Comunicações, do Ministério da Justiça, da Procuradoria Federal e de diversas organizações da sociedade civil, o grupo identificou 321 jornalistas vítimas de violências entre 2009 e 2014.

Realizada em colaboração com a Agência Cheeeeese, a campanha busca alertar a sociedade para os riscos da profissão e pressionar as autoridades para que tomem medidas concretas para garantir maior segurança aos jornalistas. Durante o período das Olimpíadas, o escritório regional da RSF no Rio de Janeiro estará presente em diferentes pontos da cidade para divulgar a campanha.

Confira aqui a lista com os nomes dos profissionais mortos.

*As informações são da EFE e do Portal IMPRENSA.

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