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Jornalistas denunciam foliões das “Muquiranas” por assédio e agressão física

Mulheres estão denunciando os casos de violência sofridos neste Carnaval. Assédio sexual e agressões físicas fazem parte de uma série de relatos publicados nas redes sociais contra a passagem do bloco “As Muquiranas” pelos circuitos da folia. A jornalista Maria Carolina e a fotógrafa Paula Fróes usaram seus perfis para denunciar que foram vítimas de foliões do bloco, na terça-feira (13), no circuito Osmar (Campo Grande). Elas seguiam para mais uma cobertura quando foram interceptadas pelo grupo e quase tiveram seus equipamentos de trabalho danificados pelos jatos da famosa “pistola do amor”.

Em uma entrevista ao Portal A TARDE, Paula Fróes, que é fotógrafa da assessoria de imprensa do Governo do Estado, contou que a caminhada rumo ao trabalho foi interrompida por um jato de água no rosto. Em seguida, os integrantes do bloco começaram a disparar insultos homofóbicos e mais água. “Começaram a gritar ‘sai daí, sapatão’, ‘mulher macho aqui não”.

“Naquele momento, a câmera era a nossa única arma em mãos, contra umas 20 armas de água. A imposição de poder deles naquele momento e a nossa sensação de impotência foi completamente devastadora e humilhante”, relata no texto Maria Carolina. “Com a nossa indignação e solicitação de respeito, foi como se houvéssemos aberto o portal do inferno”. A jornalista comenta que viu outras mulheres sendo assediadas durante o circuito. “Fico pensando nas outras mulheres que sofreram assédio, a gente soube de meninas que foram queimadas com cigarro”.

A publicação já conta com centenas de compartilhamentos e diversas demonstrações de apoio. “Esse bloco há anos vem cometendo excessos absurdos no Carnaval de Salvador”, disse um dos comentários. As profissionais foram atendidas pela Polícia Militar e pretendem formalizar a queixa em uma delegacia nos próximos dias.

Depois da publicação dos relatos houve uma articulação na ala feminina. De acordo com a advogada Luise Reis, o grupo pretende acionar o bloco oficialmente, através da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), da Defensoria Pública, e do Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher (Gedem) do Ministério Público da Bahia. “Neste momento estamos recolhendo os depoimentos das vítimas e, posteriormente, vamos acionar os órgãos competentes. Vamos entrar com um processo coletivo contra o bloco para que seja assinado um Termo de Ajuste de Conduta. Não queremos que essas situações se repitam”, afirmou. Ela contou que trabalhou no circuito do Carnaval, e que também foi vítima de assédio dos foliões das Muquiranas.

O bloco “As Muquiranas” surgiu em 1965 e tem cerca de 19 mil associados. Em 2018, cada folião cadastrado pagou R$ 780 pelas fantasias. Para os não associados o valor foi de R$ 830. O bloco desfilou no sábado, na segunda e na terça de Carnaval, no circuito Campo Grande. O grupo é conhecido também por realizar eventos como o Muquefest e o Muquiverão, como preparação para a folia. (Com informações de Correio e A Tarde)

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