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Equipe do Extra defende jornalista ameaçada após reportagem investigativa

Em mais um caso de ameaça contra a integridade física de jornalistas no Rio de Janeiro, a equipe de reportagem do diário carioca Extra foi intimidada enquanto cobria a operação da Polícia Federal relacionada a uma investigação de fraude que chega a R$ 15 milhões. Na edição de terça-feira (13), a primeira página do jornal estampou apenas uma manchete: “Janjão vai depor sobre ameaças”. A matéria informa sobre os desdobramentos das intimidações que o ex-assessor dos Correios, João Maurício Gomes da Silva, fez aos jornalistas do diário na última sexta-feira, 9, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A 32ª DP (Taquara) investiga o caso.

Equipe do Extra assinou a matéria da jornalista Flávia Junqueira, ameaçada por revelar esquema de corrupção nos Correios/ Foto: Reprodução-Capa Extra 13/05/14
Equipe do Extra assinou a matéria da jornalista Flávia Junqueira, ameaçada por revelar esquema de corrupção nos Correios/ Foto: Reprodução-Capa Extra 13/05/14

Após as ameaças, o jornal publicou na capa uma chamada para o prosseguimento da série de reportagens, desta vez assinada por todos os profissionais do Extra e do Expresso – repórteres, editores, fotógrafos, diagramadores e diretores dos jornais. “A reportagem de Flávia Junqueira, ameaçada por Janjão, é assinada por todos os profissionais do Extra, para lembrar que a luta contra a corrupção não é trabalho solitário de um repórter, mas dever de todo jornalista”, diz o texto da capa.

O carro do jornal – em que a jornalista Flávia Junqueira estava acompanhada pelo fotógrafo Fábio Guimarães e o motorista Bruno Guerra – foi seguido e abalroado duas vezes pelo veículo do suspeito, que chamou a repórter pelo nome, indicando a quem se destinava a ameaça. De acordo com o jornal, Janjão jogou o carro contra o veículo em que estavam a repórter Flávia Junqueira e o fotógrafo Fábio Guimarães. A colisão só foi evitada porque o motorista Bruno Guerra conseguiu desviar. Indiciado pela Polícia Federal por peculato em outubro passado, Janjão é apontado como parte do esquema de cirurgias superfaturadas para desvio de verba do plano de saúde de funcionários do Correios.

Desde agosto, a jornalista, que revelou com exclusividade as primeiras suspeitas sobre a atuação irregular do grupo, tem publicado diversas reportagens sobre as investigações. Na manhã da sexta-feira, a equipe cobria uma operação de busca e apreensão, realizada pela Polícia Federal na casa do acusado. O suspeito estacionou seu automóvel de modo a impedir a movimentação do carro de reportagem, mas o motorista do jornal conseguiu sair de lá e foi seguido.

Entidades cobram investigação

Em contato com a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), o diretor de redação do Extra, Octávio Guedes, enfatizou que a proposta uniu a equipe em defesa da ação jornalística. “Isso é uma resposta à violência sofrida, dizendo que nós vamos continuar fazendo jornalismo”. Ele afirma que o veículo vai adotar essa postura como procedimento padrão às suítes de matérias referentes a jornalistas agredidos. “Todo mundo que é tolerante ou justifica qualquer tipo de violência está sendo cúmplice de uma violência maior”, afirmou à Abraji. Em nota, a Abraji demonstrou preocupação com o episódio, e cobrou que seja garantida pelas autoridades a segurança da equipe. “Qualquer tipo de intimidação e violência contra profissionais da imprensa no cumprimento de sua função essencial de informar é um atentado direto à liberdade de expressão e à democracia”.

A Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj) repudiou as ameaças e intimidações sofridas pela equipe. De acordo com o Portal dos Jornalistas, a Associação Nacional dos Jornais (ANJ) considerou o fato da maior gravidade e duplamente condenável: “Primeiro, porque é uma agressão, e segundo, porque há, claramente, uma intenção de constranger a jornalista, assustá-la para tentar influenciar na cobertura e evitar que informações cheguem aos leitores”.

O Sindicato dos Jornalistas do Município do Rio também emitiu nota de repúdio e enviou ofícios ao Ministério da Justiça, secretarias da Comunicação Social e dos Direitos Humanos, Secretaria-Geral da Presidência da República, Governo do Estado do Rio, Secretaria de Segurança Pública e ministérios públicos estadual e federal, reivindicando providências imediatas para garantir uma investigação rigorosa do caso. “Esse é um ataque à sociedade. Nesse caso, o jornalista não é atingido apenas como cidadão, mas por cumprir um papel de defensor da população e seus direitos. Desde maio do ano passado, já são mais de 60 casos de jornalistas ameaçados no Rio”, ressaltou Paula Máiran, presidente da entidade.

*Informações de O Globo, Portal Comunique-se, Abraji e Portal dos Jornalistas.

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Imprensa é ameaçada em Alagoinhas

Os jornalistas da cidadede Alagoinhas Maurílio Fontes e Vanderley Santos visitaram nessa quinta-feira (7/3) o diretor presidente da Tribuna da Bahia e presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Walter Pinheiro, para denunciar ameaças que estão sofrendo por conta de uma entrevista realizada com ex-secretário de Governo Juscelio Carmo, concedida no programa Linha Aberta da rádio 93 FM, dia 1º de março.

Segundo Vanderley, que é apresentador do programa, a entrevista desencadeou uma crise política no local. “Uma série de detalhes da relação entre o prefeito de Alagoinhas e seus secretários foi denunciada por Juscelio. Nesse mesmo dia, a rádio recebeu três ligações anônimas querendo saber meu telefone celular e outras duas dizendo que me dariam uma surra”, relatou o radialista. “Algumas horas depois, um homem forte, alto, sem se identificar, adentrou a recepção da emissora e disse que queria saber onde eu estava para poder me bater”.

De acordo com ele, três dias depois, o programa repetiu a entrevista de Juscelio Carmo, pontuando as passagens importantes. “Recebemos duas ligações de pessoas não identificadas fazendo as mesmas ameaças. No mesmo dia, à noite, quando retornava da faculdade, avistei um carro preto à porta da minha casa. Ao perceber que eu me aproximava, o motorista arrancou em disparada”, contou Vanderley, que é casado e tem quatro filhos.

O jornalista disse também que depois das ameaças a prefeitura de Alagoinhas cortou o contrato de publicidade com a rádio e com o jornal em que ele é dono, a Gazeta dos Municípios. “Para completar, o ex-proprietário da rádio, cuja família detém apenas 30% das ações da emissora, me tirou do programa sob a alegação de que eu estava correndo risco de morte”, relatou.

Mesmo não sofrendo ameaças, o jornalista Maurílio Fontes, dono do site Alagoinhas Hoje, que também divulgou uma entrevista com ex-secretário de Governo, afirmou que foi procurado para praticar um “jornalismo de acomodação”.

“Em 2013 não dá mais para aceitar esse tipo de situação, parece que estamos no faroeste. As denúncias de irregularidades são feitas por pessoas que trabalhavam na prefeitura”.

Fonte: Tribuna da Bahia

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