Notícias Pensando a imprensa

Teimosa e otimista, Cleidiana Ramos leva para o Pelourinho sua comemoração de 25 anos de jornalismo

Já faz 25 anos que Cleidiana Ramos insiste em ser jornalista – um tanto pesquisadora e professora também, nos últimos anos, mas sempre jornalista. Neste ¼ de século, ela palpita sobre como ela e colegas mantêm um jeito de ser e fazer jornalismo: “Nós temos sido pessoas teimosas, resistentes, desconfiadas. Isso faz parte do método”, resume Ramos.  

Nesta terça-feira (19), Cleidiana promove mais um dos seus eventos que celebram a escolha, feita há 25 anos, de ser jornalista. O mais marcante deles ocorreu em setembro, quando comemorou, em um formato similar, na cidade em que cresceu, Iaçu, município próximo a Itaberaba, na região do Piemonte do Paraguaçu. 

A celebração será a partir das 19h, na Casa do Benin, museu que fica, para quem está descendo, no final da Ladeira da Praça, no coração do Pelourinho. Pela manhã, quando lembrou aos seus convidados sobre a dificuldade com o trânsito e estacionamento na região por conta da decoração de Natal, Cleidiana deixou escapar marcas da sua forma de ver a vida: a sensibilidade e o otimismo.  “Vale  sair bem mais cedo e buscar alternativas de acesso como Baixa dos Sapateiros, Barroquinha  e semelhantes. Mas a experiência de circular por essa área tão especial vale a pena”, escreveu. 

Otimismo
A generosidade não se aplica apenas ao Centro Histórico de Salvador, mas também ao ofício de jornalista. São duas regiões por vezes desacreditadas, não por Ramos. 

“Eu não tenho uma avaliação pessimista [do jornalismo]. Com todos os problemas, com todas as crises dos negócios, que não é uma crise do jornalismo, mas talvez dos negócios em jornalismo. Eu tenho certeza que essa profissão ela tem cada dia mais importância, ela vai ser cada dia mais necessária”, avalia. 

A pesquisadora e jornalista sugere que é preciso olhar o acesso à informação como algo mais complexo do que parece, além de acreditar, com 25 anos de experiência, em mudanças no papel do jornalista, que opera hoje muito na frente da “curadoria” das informações. “Nós jornalistas temos essa responsabilidade social de traduzir as mais variadas informações no mundo que está passando por um processo muito complicado, não por conta da ausência, mas por conta de uma, digamos assim, epidemia de disseminação de informações”, contextualiza. 

Grande inspiração
As mudanças rápidas e radicais que o jornalismo vem enfrentando têm exigido mais dos profissionais da área. Para Suely Temporal, jornalista e diretora da Associação Bahiana de Imprensa, o perfil do profissional que quer sobreviver no mercado de comunicação hoje inclui persistência, resistência, resiliência, foco, determinação e, ao mesmo tempo, capacidade de adaptação. 

“Apesar de não ter tido a oportunidade de conviver com Cleidiana, posso afirmar com segurança que ela reúne todas essas características que citei acima, adicionadas à competência e inteligência”, afirma Suely, segunda-vice presidente da ABI. “Sua dedicação à cobertura jornalística das questões etnico-raciais ganha dimensão ainda maior pois se torna referência para gerações futuras”, diz Suely. 

Uma das marcas da carreira de Cleidiana foi sua contribuição, de 2003 a 2015, na concepção, reportagem e edição dos especiais do Dia Nacional da Consciência Negra do Jornal A Tarde. Uma edição que era esperada com ansiedade pelos leitores cujo projeto venceu prêmios como o do Banco do Nordeste (2009) e o Abdias Nascimento (2013).

Também de olho no futuro do jornalismo, a diretora de Comunicação da ABI, a jornalista Jaciara Santos, também acredita que o perfil de Cleidiana não só inspirou como pode continuar inspirando profissionais. 

“Embora tenha chegado ao mercado bem depois de mim, Cleidiana e eu fomos contemporâneas no jornalismo. Ela pelo A Tarde, eu, pela Tribuna da Bahia e depois pelo Correio”, lembra Jaciara.  “Sempre admirei seu profissionalismo e tinha certeza absoluta de que ela era (e é) uma jornalista que marcaria presença no jornalismo. Feliz por ter acertado”, afirma.

Grande água
Cleidiana conta que escolheu celebrar. O que vem fazendo ao longo do ano em uma série de ações batizada de Projeto I-Omi. A explicação, divulgada pela equipe, é: “O termo é uma junção do elemento “I” que na língua tupi pode ser traduzido livremente como “Grande”. Já “Omi” é uma palavra em iorubá para água. Essa junção dos termos traduz as duas referências territoriais e de identidade da jornalista: o sertão e a herança afro-brasileira”. 

A também professora e pesquisadora lançará em Salvador dois livros dentro desse projeto. Cibervida, Cibermorte, Cibersorte – sua primeira obra ficcional –  e a segunda edição de Os Caminhos da Água Grande, seu TCC em jornalismo que ganhou notas com informações atualizadas sobre a cidade de Iaçu. Cibervida, Cibermorte, Cibersorte é uma coletânea com histórias ligadas a conflitos, tensões, acertos e redenção a partir da interação com tecnologias da informação e comunicação. 

Uma série de lives no Instagram, uma campanha de crowdfunding no Catarse para viabilizar a publicação dos livros, um site, além de uma parceria com as secretarias de Cultura, Comércio e Turismo e de Educação de Iaçu também fazem parte do projeto. 

“Na verdade, tudo isso é para marcar o meu amor por essa profissão. Eu sempre quis ser jornalista e foi essa decisão que eu tomei ali pelos 18, 19 anos, e da qual eu nunca me arrependi”, justifica. 

Quem é
Cleidiana Ramos nasceu em Cachoeira, no recôncavo baiano, em 6 de março de 1975. Cresceu em Iaçu, território do Piemonte do Paraguaçu, na Chapada Diamantina. Ela mora em Salvador há 33 anos, desde que se mudou para  ingressar na Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (Facom-Ufba), na turma de 1994.  

Na mesma universidade, tornou-se doutora em antropologia (2017) e mestra em Estudos Étnicos e Africanos (2009).  De 1998 a 2015, Ramos integrou a equipe de reportagem do jornal A Tarde de onde foi repórter especializada em religião, culturas e cobertura étnico-racial. 

Atualmente, Cleidiana Ramos é professora visitante no Campus XIV da Universidade do Estado da Bahia, em Conceição do Coité. Também coordena o projeto multimídia A Tarde Memória e está realizando a curadoria do acervo do Cedoc A Tarde e mantém pesquisas no campo da Antropologia da Festa, Antropologia das Religiões, Cibercultura, Jornalismo Literário e Webjornalismo.

SERVIÇO
Comemoração dos 25 anos de Jornalismo de Cleidiana Ramos
Lançamentos

  • Os Caminhos da Água Grande ( 2ª edição), Egba, 2023
  • Cibervida, Cibermorte, Cibersorte, Egba, 2023.

Quando: 19 de dezembro de 2023, (terça-feira), às 19 horas.
Onde: Casa do Benin, Pelourinho, Salvador, Bahia.

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ABI BAHIANA

Após sete edições em 2022, concerto de dezembro da Série Lunar é cancelado

A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e a Escola de Música da Universidade Federal da Bahia (Emus/Ufba), instituições parceiras na realização da Série Lunar 2022, precisaram cancelar o concerto de Natal previsto para acontecer nesta quarta-feira (07 de dezembro) no auditório da ABI e com a participação do grupo Madrigal da UFBA.

O cancelamento da apresentação foi necessário por conta do adoecimento de parte da equipe que participaria do evento. Sempre atentas ao cenário da pandemia de Covid-19, as instituições suspenderam o evento para manter a saúde dos músicos envolvidos, da equipe e do público.

Sob a coordenação da diretora da ABI Amália Casal e sempre em dias de lua cheia, a Série Lunar foi retomada em 2022 com pompa, após dois anos de pausa motivada pela pandemia de Covid-19. “A Série Lunar foi, para mim, uma rica e inesquecível experiência sob a inspiração da lua e de talentos múltiplos de pessoas envolvidas em um só propósito, o de proporcionar a beleza e levá-la, com leveza e qualidade, a distintos públicos”, avalia Amália.

Novas temporadas
A coordenadora do projeto acredita que esta última temporada consagrou o evento e anuncia continuidade. “Deixo expressa a minha profunda gratidão à Escola de Música da Ufba por esta profícua parceria que terá seguimento no próximo ano de 2023 e, sobretudo, a todos os músicos e interpretes, estrelas maiores da Série Lunar, do mesmo modo, ao apoio de todos aqueles que se envolveram, direta ou indiretamente, em nossa ABI , para o sucesso deste grandioso projeto”, agradece Amália.

Foram sete edições em 2022, com apresentações do próprio grupo Madrigal da UFBA, além de outros encontros musicais. A estreia, já em parceria com a Emus/Ufba, aconteceu em maio de 2019. Naquele ano, também foram realizados sete eventos, entre shows, concertos e recitais, sempre gratuitos. Com a confirmação de Amália, o evento deve entrar, em 2023, no seu terceiro ano de realização.

Recorde como foram as apresentações de 2022  

18/05 – Mario Ulloa

15/06 – Quinteto de Sopros da UFBA

13/07 – Duo Sá-Cramento

17/08 – Duo Tota e Teca (especial 92 anos da ABI)

14/09 – Madrigal da UFBA

11-10 – Nilton Azevedo Quarteto

09/11 – Orquestra de Violões da UFBA

07/12 – Concerto de Natal CANCELADO

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Notícias

Jornalistas do nordeste se reúnem em evento promovido por sindicatos até domingo (21)

Os Sindicatos de Jornalistas Profissionais de Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Luís (MA) e Sergipe se uniram para realizar, de 19 a 21 de novembro, o I Encontro Regional de Jornalistas do Nordeste. O evento, que reunirá todos os nove estados nordestinos, será totalmente virtual e tem como tema “Jornalismo na Linha de Frente – O trabalho do jornalista em tempos de pandemia, desinformação e plataformização”. As inscrições, que custam R$20 (sindicalizados, estudantes e aposentados) ou R$40 (demais participantes), são feitas no link forms.gle/M5wtDoWXjHbPHLTd9.

A expectativa dos organizadores é reunir 300 participantes, entre jornalistas, estudantes e professores de Jornalismo, além de dirigentes sindicais e profissionais de outras áreas. A programação inclui uma conferência de abertura, nesta sexta-feira (19); e, ao longo do final de semana, quatro painéis e uma plenária final, na qual será apresentado, debatido e aprovado o plano de lutas dos jornalistas nordestinos.

Entre os convidados, profissionais como o jornalista investigativo Joaquim de Carvalho; Jana Sá, repórter na Agência de Notícias Saiba Mais (RN), pesquisadores e professores da Comunicação, como Roseli Fígaro (USP), Rafael Grohmann (UNISINOS), Helena Martins e Rafael Rodrigues (ambos da Universidade Federal do Ceará – UFC), e sindicalistas como a presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga.

CONFIRA PROGRAMAÇÃO COMPLETA

Dia 19 – Sexta-feira

19h – Solenidade de abertura

20h – Conferência Magna

Convidado:

Joaquim de Carvalho

Jornalista investigativo e colunista do site Brasil 247. Foi subeditor da Veja e repórter do Jornal Nacional. Ganhou os prêmios Esso (equipe, 1992), Vladimir Herzog e Jornalismo Social (revista Imprensa).

22h – Encerramento

Dia 20 – Sábado

9h – Painel 1 – Jornalismo atividade essencial, rotinas produtivas e aceleração da plataformização

Convidados:

Rafael Rodrigues

Professor do Curso de Jornalismo (Instituto de Cultura e Arte) da Universidade Federal do Ceará. Doutor e Mestre em Linguística pela UFC.

Rafael Grohmann

Editor da revista Fronteiras – Estudos Midiáticos. Doutor em Ciências da Comunicação, com estágio de pós-doutorado pela UFRJ. Professor do Mestrado e Doutorado em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos).

Mediação:

10h30 – Intervalo

11h – Painel 2 – Propagação de informações fraudulentas e os ataques a jornalistas no contexto da democracia em vertigem

Convidados:

Em confirmação

Mediação:

Eulalia Camurça

Doutoranda em Direito Constitucional pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal do Ceará (PPGD/UFC). Professora do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7) e editora de telejornalismo do Sistema Verdes Mares.

12h30 – Almoço

14h – Painel 3 – Desertificação da mídia tradicional e os novos arranjos jornalísticos contemporâneos

Convidados:

Roseli Fígaro

Professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo. Possui pós-doutorado pela Universidade de Provence, França. É coordenadora do Grupo de Pesquisa Comunicação e Trabalho.

Jana Sá

Repórter na Agência de Notícias Saiba Mais e apresentadora do Programa Balbúrdia, no canal do YouTube da Saiba Mais. Mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (2020).

Mediação:

Kamila Fernandes

Professora e coordenadora do Curso de Jornalismo da UFC. Doutora em Estudos de Comunicação. Atuou em veículos como Folha de S. Paulo, O Povo e UOL, e hoje é integrante do podcast As Cunhãs.

15h30 – Intervalo

16h – Painel 4 – Fundo público de fomento ao jornalismo e políticas de democratização da comunicação

Maria José Braga

Presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e membro do Comitê Executivo da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ).

Helena Martins

Doutora em Comunicação Social pela Universidade de Brasília (UnB, 2018). Professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social.

17h30 – Grupos de trabalho para a construção do Plano de Ação e Luta dos Jornalistas do Ceará

Dia 21 – Domingo

9h – Plenária Final – Aprovação do Plano de Ação e Luta dos Jornalistas do Nordeste

*Com informações da organização do evento

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Notícias

Jornalistas e pesquisadores debatem desinformação e algoritmos no Goethe nesta quinta (18)

O Goethe-Institut Bahia realiza na próxima quinta-feira (18) o evento Checando os Fatos: Desinformação, Algoritmos e Novas Mídias, em modelo híbrido, com plateia presencial, no teatro do Goethe-Institut, no Corredor da Vitória (Salvador), e transmissão pelo Youtube, a partir das 18h30.

O debate contará com a cientista de dados, pesquisadora e educadora analítica Carla Wosniak (do Cappra Institute), com a jornalista Danutta Rodrigues, editora-chefe do portal G1 Bahia, que falará sobre o processo de apuração e checagem das informações na rotina de produção das notícias, e com o pesquisador André Lemos, que é professor da Faculdade de Comunicação da UFBA e coordenador do LAB404. A mediação da conversa ficará por conta da jornalista Silvana Oliveira, diretora de jornalismo da Rádio Sociedade da Bahia.

O evento é promovido pelo Goethe-Institut Salvador-Bahia, como parte do seu compromisso em discutir questões relevantes globalmente. O Goethe informa que a participação do público de modo presencial será mediante inscrição no site sympla.com.br/goethebahia. Ainda de acordo com a organização, apenas 50% da capacidade do teatro será ocupada e haverá distanciamento entre os assentos. Na entrada, também será exigido o comprovante de vacinação (duas doses ou dose única).

SERVIÇO
O quê: Checando os fatos: desinformação, algoritmos e novas mídias
Quando: 18 de novembro, às 18h30
Onde: Teatro do Goethe-Institut, no Corredor da Vitória, com transmissão ao vivo pelo Youtube GoetheBahia
Evento gratuito.
Para assistir presencialmente, inscrições no sympla.com.br/goethebahia

Com informações do Goeth-Institute Salvador-Bahia

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