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A ONU acusa Israel e o Hamas de violar a lei internacional

DEU NO EL PAÍS

(BRUXELAS) – A máxima autoridade de direitos humanos das Nações Unidas, Navi Pillay, acusou nesta quinta-feira (31) tanto Israel como o Hamas de violarem a legislação humanitária internacional na Faixa de Gaza. Embora Pillay tenha censurado o grupo islâmico pelo lançamento de foguetes “de forma indiscriminada” a partir de zonas “densamente povoadas”, suas palavras foram especialmente duras com Israel, país que segundo ela age com total “impunidade” em sua ofensiva sobre a Faixa, que começou em 7 de julho e já provocou a morte de mais de 1.400 palestinos (a maioria civis) e 59 israelenses (quase todos soldados), além de 7.500 feridos.

“Estão desafiando deliberadamente as obrigações da legalidade internacional”, acusou Pillay, referindo-se ao Governo comandado por Benjamin Netanyahu, a quem exigiu que “preste contas” por sua ofensiva em Gaza e ponha fim “aos ataques e à ocupação”. As declarações de Pillay, uma das vozes mais críticas da ONU em relação à atuação das autoridades israelenses, chegam um dia depois da morte de 16 pessoas em um ataque contra uma das escolas da organização em Jabalia, onde 3.300 palestinos procuravam refúgio.

Pillay disse não confiar em uma investigação “adequada” de Israel a respeito dos ataques aéreos e terrestres em Gaza. Perante a inação dos responsáveis políticos israelenses, a alta comissária da ONU apelou ao sistema internacional de Justiça. “Quando um Estado não pode ou não está disposto a investigar as causas dos ataques e levar seus responsáveis a juízo, é preciso aplicar a Justiça penal internacional”, afirmou. “E não podemos esperar de Israel a prestação de contas através de procedimentos internos.”

Leia também: ONU pede cessar-fogo humanitário na Faixa de Gaza

Pillay aponta os EUA como um dos países que não estão exercendo “toda a sua influência” sobre o Executivo israelense, especialmente por não elevar a voz contra o Estado judeu no Conselho de Segurança e na Assembleia Geral da ONU. Ela exortou ao restante da comunidade internacional a exigir de Israel que cumpra as suas “obrigações” legais. “Não podemos consentir que persista esta impunidade e que continuem sem prestar contas pelo acontecido”, disse ela, em um de seus últimos atos públicos no cargo.

Na mesma linha, o diretor UNRWA (agência da ONU para refugiados palestinos), Pierre Krähenbühl, criticou o bombardeio de uma das escolas pelas quais é responsável em Gaza. “Ultrapassamos o terreno da ação humanitária. É tempo de ação política e de depuração de responsabilidades. O ataque de Jabalia é uma das maiores falhas de proteção de que a comunidade internacional foi testemunha nos últimos anos”, afirmou. A UNRWA solicitou o equivalente a 135 milhões de reais para as necessidades dos 200.000 palestinos que tem acolhido.

O ministro espanhol de Assuntos Exteriores, José Manuel García-Margallo, apoiou no Parlamento uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que imponha às partes um imediato cessar-fogo em Gaza, diante do fracasso dos mediadores na busca por um acordo, informa Miguel González. A proposta contaria com o aval de Israel.

*Por Ignacio Fariza para o El País (Edição Brasil)

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