Notícias

Jornalistas e estudantes protestam por liberdade de expressão na Venezuela

Jornalistas e estudantes de comunicação protestaram em Caracas, para exigir do governo do presidente Nicolás Maduro respeito à liberdade de expressão na Venezuela nesta sexta-feira (26). Segundo a Agence France-Presse (AFP), na véspera do dia do jornalista venezuelano, centenas de profissionais percorreram cerca de dois quilômetros em direção à Praça Brión, no leste de Caracas. A caminhada foi feita sob a vigilância da polícia. “Liberdade de expressão” foi a palavra de ordem ao longo do trajeto da passeata, que denunciou o governo Maduro por censurar e atropelar a imprensa. Este é “um protesto para exigir do Estado, das autoridades, o respeito à informação oportuna e verídica, o acesso às fontes oficiais e o respeito ao exercício do jornalismo nas ruas, sem agressões e atropelos”, disse à AFP Tinedo Guía, presidente do Colégio Nacional de Jornalistas (CNP).

Jornalistas e estudantes de comunicação participam de protesto pela liberdade de expressão Foto: AFP Photo/Federico Parra
Manifestantes participam de protesto pela liberdade de expressão
Foto: AFP Photo/Federico Parra

São constantes as violações à liberdade de expressão na Venezuela. Muitos jornalistas são agredidos com objetivo de impedir que o trabalho jornalístico seja realizado. Além disso, há limitações no acesso a informações de mídias sociais, fechamento de jornais, retirada do ar de canais de televisão sem o devido trâmite legal, demissões ou censura de articulistas e cartunistas. A crítica à imprensa é frequente e são constantes as ameaças dos governantes contra jornalistas e meios de comunicação.

Segundo um relatório divulgado nesta pela ONG Espacio Público, o ano de 2014 foi o pior dos últimos 20 anos para a liberdade de expressão na Venezuela, com quase 580 violações. O documento explica que entre janeiro e dezembro foram documentadas 350 denúncias/casos. Este número representa o mais alto já registrado na Venezuela nos últimos 20 anos. A Venezuela viveu um 2014 caracterizado pelo conflito social, resultado das manifestações estudantis que exigiam soluções para os problemas de violência, insegurança e impunidade.

Entidades como a Human Rights Watch (HRW), Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) denunciaram a permanente hostilidade do governo contra os profissionais de imprensa.

*Luana Velloso/ABI com informações da Agence France-Presse, Gazeta do Povo e G1.

publicidade
publicidade
Notícias

Lei de comunicação do Equador já puniu 198 órgãos de imprensa

Há dois anos o Equador decretou a Lei de Comunicação, que permite ao Governo determinar quais e como as informações devem aparecer nos meios de comunicação ou puni-los por supostas violações da liberdade de expressão. Nesse período, a Superintendência da Comunicação, o órgão de controle, já puniu 198 órgãos de imprensa. Foram abertos 506 processos e criadas 313 resoluções, das quais 185 foram sanções econômicas, com as quais o Estado recolheu 201.596 dólares. A lei foi assinada pelo presidente Rafael Correa e está em vigência desde 25 de junho de 2013.

“De 1.144 meios registrados na Superintendência de Comunicação, 198 foram sancionados, a grande maioria de propriedade privada”, afirmou o titular do órgão, Carlos Ochoa. As sanções se concentram principalmente em processos administrativos, mas não preveem o fechamento de jornais, rádios, revistas, sites e redes de TV. Uma das acusações mais recorrentes para as punições é a alegada violação em conteúdos veiculados. Segundo o jornal O Globo, em comunicado, a superintendência informou que “as infrações mais recorrentes são a identificação dos conteúdos, a não entrega de cópias dos programas, frequência e duração de espaços publicitários, direito a réplica e retificação”.

O valor arrecadado em multas até o momento chega a 201.596 dólares, dinheiro que foi para os cofres do Estado e essa arrecadação poderá aumentar, já que no primeiro quadrimestre de 2015 foi criada a figura da reincidência, que multiplica exponencialmente as multas aos meios que incorram na mesma falta num período de seis meses. Por isso, o jornal El Universo, o periódico de maior circulação do país, com 50 mil exemplares por dia, foi condenado a pagar mais de 300.000 dólares ao não publicar em duas ocasiões o texto na íntegra de uma retificação enviada pela Secretaria de Comunicação. O jornal alegou que só havia trocado os títulos por outros que deixavam claro que os textos abaixo deles eram retificações. Desde março, El Universo e La Hora se declararam “em resistência”. Ambos são considerados de oposição do governo. A Constituição do Equador permite a “resistência” diante de ações ou omissões do Estado.

Manifestação pela liberdade de expressão em Quito em 2011 Foto: Rodrigo Buendia/AFP
Manifestação pela liberdade de expressão em Quito em 2011
Foto: Rodrigo Buendia/AFP

Vários defensores da liberdade de imprensa qualificam a situação como abusiva e autoritária, um deles é Diego Cornejo, da Associação Equatoriana de Editores de Jornais (Aedep). “Já faziam isso na televisão e nas rádios. Agora descobriram que podem impor conteúdos aos jornais”. Mauricio Alarcón, da Fundação Andina para a Observação e o Estudo da Mídia (Fundamedios), considera que está havendo abuso do direito a retificação e resposta para impor conteúdos e que os meios se submetem para evitar um processo. “Ao receber os textos da Secom, os jornais os publicam na íntegra, já diagramados e com títulos, e com epítetos e desqualificações contra o próprio veículo” e quem não faz é punido.

Carlos Ochoa, Superintendente de Comunicação, sinalizou que o órgão impulsiona reformas à lei de Comunicação, como incluir a figura de mediação para que os envolvidos em um caso possam chegar a um acordo e evitem as sanções; estabelecer multas progressivas e não apenas o valor máximo; e medidas alternativas como programas educativos antes de castigos econômicos. A Lei da Comunicação, questionada por organizações internacionais e locais de liberdade de imprensa, surgiu de uma consulta popular e é defendida por Rafael Correa como um freio nos abusos dos meios privados. A legislação aumentou os controles sobre a imprensa e fixou uma nova distribuição de frequências de rádio e televisão entre setores privados, públicos e comunitários.

*Luana Velloso/ABI com informações do Jornal O Globo e EL Pais.

publicidade
publicidade
Notícias

Anistia Internacional defende fim de acusações contra Rafael Marques

A Anistia Internacional (AI) Portugal considerou que Rafael Marques “é um prisioneiro de consciência que foi condenado apenas por exercer pacificamente o seu direito de liberdade de expressão”. Em um comunicado enviado à imprensa nesta quarta-feira (17), a organização pediu uma reunião com o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, sobre a condenação do jornalista e ativista angolano Rafael Marques num processo que considera uma “farsa judicial”. A organização insta agora as autoridades de Angola a anularem a condenação e a arquivarem todas as acusações.

Rafael Marques de Morais foi condenado a seis meses de prisão pelo Tribunal Provincial de Luanda no dia 28 de maio acusado de denúncia caluniosa contra 12 pessoas por conta da publicação, em 2011, do livro “Diamantes de Sangue, Corrupção e Tortura em Angola”, no qual alega que generais do Exército angolano e duas empresas mineiras foram cúmplices em abusos de direitos humanos cometidos nas regiões diamantíferas da província das Lundas, em Angola. O tribunal decidiu que a pena ficará suspensa por dois anos, o que significa que Rafael Marques não será preso efetivamente, a não ser que cometa qualquer ato ou conduta criminosa durante esse período – ato ou conduta que, não necessariamente, deverão ter relação direta com as acusações pelas quais foi condenado.

A Anistia Internacional entende que a pena suspensa e as condições expressas na sentença restringem gravemente o trabalho de defensor de direitos humanos de Marques e constituem uma violação do direito de expressão. A organização crê que a acusação e julgamento do jornalista foram politicamente motivados e concebidos para silenciar um ativista que se tem dedicado a expor a corrupção e as violações de direitos humanos em Angola. A AI considera ainda que as autoridades angolanas falharam em garantir um julgamento justo a Rafael Marques, e expressa a sua preocupação sobre “a questão da liberdade de movimentos” e de deslocamento do jornalista porque, “já no passado, as autoridades angolanas confiscaram ilegalmente o seu passaporte durante um ano, impedindo-o de viajar para fora de Angola e de prosseguir o seu trabalho como defensor de direitos humanos”, diz o comunicado.

Acusado de matar jornalista em MG será julgado no fim desta semana

jornalista Rodrigo NetoNo Brasil, será julgado, na próxima sexta-feira (19), Alessandro Neves Augusto, mais conhecido como Pitote, acusado pela morte do jornalista Rodrigo Neto, em Ipatinga (MG), no Vale de Aço. O assassinato foi em março de 2013 e pouco antes, a vítima investigava um possível grupo de extermínio formado por policiais da região. Uma testemunha, que estava junto ao repórter, também foi baleada. De acordo com o Estado de Minas, Pitote vai a júri popular por homicídio qualificado. Em agosto do ano passado, outro envolvido no crime, o ex-policial civil Lúcio Leal foi condenado a 12 anos de prisão.

O Ministério Público (MP) apontou que ambos atiraram com arma de fogo contra Rodrigo Neto. Os tiros atingiram a cabeça, o tórax e as costas dele. A função de Lúcio era ir ao local minutos antes e dar instruções aos executores para efetuar o crime. A dupla também é apontada como responsável pelo homicídio do fotógrafo Walgney Assis de Carvalho, em Coronel Fabriciano (MG), um mês depois da morte de Neto. Neste caso, Pitote será julgado por homicídio duplamente qualificado, por dificultar a defesa da vítima e praticar um crime na intenção de assegurar a impunidade em outro.

*Luana Velloso/ABI com informações da Amnistia Internacional Portugal, Voz da América, Rede Angola e O Estado de Minas.

publicidade
publicidade
Notícias

Jornalista turco, preso há seis meses, escreve carta para a imprensa de sua cela na prisão

O jornalista turco Hidayet Karaca, gerente geral da rede de TV Samanyolu, uma das principais redes de televisão turcas, está preso desde dezembro do ano passado sob a acusação de “liderar um grupo terrorista”. Foi divulgada nesta segunda-feira (15), uma carta escrita por ele de sua cela, na qual comenta a ameaça à liberdade de imprensa e a democracia na Turquia. No comunicado, escrito em janeiro deste ano, mas divulgado somente agora, Karaca ressalta a “caça às bruxas no país” contra profissionais de imprensa que defendam a democracia e uma maior transparência governamental. As acusações estão relacionadas à apresentação, cinco anos atrás, de um episódio de novela em um dos canais do grupo. Karaca foi detido juntamente com mais de vinte e quatro jornalistas experientes e executivos de mídia. A maioria dos quais foram liberados rapidamente.

Na carta Hidayet Karaca diz que é “vítima de uma caça às bruxas que tem sido lançada contra a imprensa livre, independente e crítica na Turquia. Qualquer jornalista que descubra a roupa suja de altos funcionários do governo é imediatamente rotulado como traidor e sujeito a um assassinato de caráter, abuso, perseguição e até mesmo processo legais sob acusações falsas, sem nenhuma evidencia”. Ainda segundo ele, o presidente Recep Tayyip Erdoğan e seus aliados no governo declararam guerra contra a mídia independente, tendo como pano de fundo as enormes investigações de corrupção que incriminaram altos funcionários do governo.

Outra prática comum é a tentativa de falência das redes de transmissões, através da aplicação de multas, intimidação aos anunciantes e o clientelismo entre líderes dos órgãos reguladores e governo federal. Num país em que 80% dos meios de comunicação são controlados por grandes grupos econômicos e empresariais atrelados ao governo que, em troca, recebem favorecimento em licitações e contratos públicos, o cerco à imprensa livre e crítica tem ficado cada vez maior. “O clima de medo tem um efeito estarrecedor em todos os grupos midiáticos que não estão alinhados com as políticas do governo e foram forçados ao silêncio”, afirma Hidayet Karaca.

Apesar desse quadro completamente obscuro e de todas as dificuldades Hidayet Karaca disse que nunca perdeu a fé na democracia. “Sei que estou pagando o preço por defender aquilo que acredito. Esse é o preço que, talvez, deva ser pago pela liberdade, autonomia, direitos e, acima de tudo, pela democracia. A mídia tem a responsabilidade de informar ao público sobre o que o governo está fazendo. Estou em paz com minha consciência, pois fiz o meu melhor parar servir ao interesse público em minha capacidade de profissional da mídia. Fiz o meu trabalho e continuarei fazendo-o enquanto puder”.

Condenação em Moçambique

Jornalistas moçambicanosO jornalismo no mundo continua uma profissão de alto risco. Em Moçambique, dois jornalistas do Expresso Moz, Anselmo Sengo e Nelson Mucandze, foram condenados a quatro meses de prisão e a pagar uma indenização no valor de 10 milhões de meticais, cerca de 830 reais, a favor de Filipe Paúnde, ex-secretário geral da Frelimo, pelo crime de difamação e abuso de liberdade de expressão, devido a uma reportagem intitulada “Paúnde vende Isenções”, publicada em Fevereiro de 2014. O artigo em causa dizia, a dado passo, que “Filipe Paúnde está em apuros por causa da alegada venda de direitos de isenção na importação de viaturas. Os beneficiários das isenções são preferencialmente comerciantes e vendedores de viaturas na cidade de Maputo e Matola”.

*Luana Velloso/ABI com informações do PORTAL IMPRENSA, Centro Cultural Brasil-Turquia, Opera mundi e Voz da América.

publicidade
publicidade