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Tecnologia gratuita facilita o trabalho de jornalistas com deficiência visual

DOSVOX é um leitor de tela desenvolvido pelo núcleo de comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), idealizado por José Antônio Borges, professor doutor da instituição. Ele esteve em Salvador (BA) para celebrar os 20 anos da criação deste software que facilita o acesso das pessoas com deficiência visual ao mercado de trabalho e a inclusão na era digital. O equipamento permite a compreensão da escrita pelos cegos e pessoas com baixa visão, uma vez que lê em voz clara e compreensível tudo que é digitado. Pode ser utilizado na sala de aula ou no mercado de trabalho, tornando cada vez mais forte um jornalismo feito pelos olhos de quem não vê.

Servidora do Ministério Público Estadual do Rio de Janeiro, a jornalista Aline ressalta sua experiência com o equipamento. “Iniciei com os estudos do DOSVOX, tive meu primeiro emprego na telecomunicação com os pages, em empresa parceira do DOSVOX”. Com a ajuda do software, ela se graduou em jornalismo e hoje está no mercado de trabalho. O programa também auxiliou no reencontro com amigos e colegas no meio virtual, por meio do “papo VOX”, onde é possível participar de encontros em qualquer lugar.

De acordo com o relatório mundial sobre deficiência, produzido em parceria entre a OMS (Organização Mundial da Saúde) e Banco Mundial, 20% das pessoas mais pobres do mundo possuem alguma deficiência. Cerca de 80% ainda estão desempregadas na faixa etária ativa para o trabalho. No Brasil, 6.5 milhões da população possuem, de acordo com o censo do IBGE de 2010, alguma deficiência visual, má formação em alguma região do olho ou grau de dificuldade para visualizar imagens, encarar os obstáculos e barreiras no ambiente virtual.

“Existem diversas tecnologias, programas de computação e recursos ópticos no mercado, mas de maneira fácil e totalmente gratuita como o DOSVOX não existe. Serve para iniciantes, sendo a caneta digital para que o professor possa trabalhar os assuntos e avaliar o aluno dentro da sala de aula de forma inclusiva e acessível”, salienta o professor José Borges. Criar o programa foi uma forma de facilitar o aprendizado de um aluno cuja escrita em braille não era compreendida pelo professor. “A angústia daquele aluno para que o professor pudesse ler as suas respostas nos fez criar o EDIVOX. Nunca imaginei que aquele programinha iria ganhar atenção e servir para pessoas com deficiência visual, o que estimulou toda essa história”.

Versão 6.0 – Agora, o pesquisador está lançando a versão 6.0, que dará acesso à matemática, facilitando ao aluno ingressar em cursos de exatas de nível superior, cursos de graduação e o mercado de trabalho. Tudo isso de forma gratuita e para servir a uma maioria que ainda não dispõe de recursos financeiros para aquisição de tecnologias caras. Entre as novidades da versão 6.0 estão o acesso às nuvens de armazenamento, designer inovador e sintetizadores de voz cada vez mais modernos. O software brasileiro está presente em Portugal, México e outros países. A nova versão estará disponibilizada em dezembro através do site da UFRJ e Instituto Benjamim Constant.

*Informações são de Renato D’Ávila para o Observatório da Imprensa

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