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Em ano dramático, queda nas vendas afeta veículos de comunicação

O ano de 2016 foi dramático para imprensa brasileira. Os primeiros sinais da grave crise que se avizinhava foram registrados no primeiro semestre. A circulação dos cinco maiores jornais do País registrou uma queda de 8 a 15% no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano anterior. Os números foram produzidos pelo Instituto Verificador de Circulação (IVC), que mapeia edições impressas e digitais. Eram os primeiros sinais de uma tormenta que provocaria demissões em massa nas redações e a extinção de vários veículos de comunicação.

As empresas de comunicação foram duramente atingidas pelas crises política, econômica e pelo impacto das novas tecnologias. O site ABI Online registrou ao longo do ano o fechamento de cerca de 15 veículos, entre eles emissoras de rádio e TV e jornais impressos. A crise que afetou os jornais no Brasil teve seu ponto alto na queda de publicidade.

Duas emissoras de televisão, três rádios, um site de notícias e sete veículos impressos encerraram suas atividades, além de vários blogs. O impacto das tecnologias foi tão grande que publicações tradicionais abandonaram a veiculação em papel e migraram para o digital. Outros não suportaram essas transformações e encerraram definitivamente suas atividades, como o Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, o mais antigo do país, fundado ainda no Império, em 1827.

Após circular ininterruptamente durante 189 anos, o JC anunciou em abril que não tinha mais condições de enfrentar a crise. A direção dos Diários Associados resolveu então fechar o jornal. A empresa deixou de produzir também a versão online do veículo e decretar o fim do impresso Diário Mercantil. Segundo a direção, 24 jornalistas ficaram desempregados.

Outra publicação tradicional do Rio, o jornal O Dia, que completou 65 anos em 2016, não teve motivos para comemorações. O jornal enfrentou uma sucessão de crises após várias mudanças gráficas e editoriais, além de desastradas negociações com diferentes grupos empresariais. Os diferentes comandos do jornal e o advento das mídias digitais reduziram drasticamente sua tiragem, com graves consequências sobre a vida da empresa.

A sucessão de crises levou, em 2016, à interrupção do pagamento de salários, décimo terceiro, férias, vale-transporte e suspensão dos planos de saúde dos funcionários. Grandes veículos como O Globo também foram atingidos pela crise. O grupo fez o que chamou de reestruturação interna e demitiu dezenas de profissionais das redações de O Extra e O Expresso. Muitos jornalistas tiveram alteradas suas condições de trabalho e passaram a servir a empresa como Pessoas Jurídicas (PJs).

Em São Paulo, segundo o Sindicato dos Jornalistas Profissionais, 581 profissionais foram demitidos, um pouco abaixo dos números de 2015, quando 726 foram dispensados, e acima de 2014, que registrou mais 499 desempregados. Jornalistas da Rádio e TV Cultura que estão há três anos sem qualquer reajuste de salário entraram em greve. No último dia 15, cerca de 50 jornalistas da TV e Rádio Globo protestaram contra a falta de reajuste nos últimos dois anos.

Mundo afora

O ano de 2016 também não foi diferente no resto do mundo. Jornais da Venezuela, como o La Verdade, Qué Pasa e El Regional também encerraram suas atividades em novembro alegando falta de insumos.

O britânico New York Observer encerra sua versão impressa prestes a completar 30 anos de atividades.

Na Hungria o Népszabadság, o maior jornal da oposição do país, também fechou as portas. Na época declarou que estava tomando a decisão temporariamente, em função da queda de 74% nas tiragens.

Nos Estados Unidos, a crise também afeta os negócios no jornalismo. O New York Times propôs um Programa de Demissão Voluntária. Segundo o grupo, a ideia era desenvolver atividades na área digital.

O canal árabe mais conhecido no mundo, a Al Jaseera America, encerrou suas atividades em janeiro, três anos após sua criação. O canal emprega aproximadamente 400 funcionários espalhados por Nova Iorque e o resto dos Estados Unidos.

A revista masculina Penthouse também inaugurou o ano deixando de circular em formato impresso, passando a existir no mercado apenas no âmbito digital.

*Com informações de Edir Lima e Claudia Sanches para a ABI

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