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Em editorial, ‘NYT’ e ‘The Guardian’ pedem clemência para Snowden

Dois dos dez mais respeitados diários do mundo defendem que ex-funcionário terceirizado, responsável por revelar os programas espionagem telefônica e online por parte da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos EUA volte ao país.

No momento em que profetas e lobistas garantem o fim dos jornais impressos e sua substituição por algo assemelhado às redes sociais, dois dos dez mais respeitados diários do mundo levantam-se para protestar contra uma flagrante injustiça. Os jornais The New York Times, dos Estados Unidos, e The Guardian, do Reino Unido, pediram clemência para Edward Snowden, alegando que o trabalho do espião de defender a privacidade deveria ser aplaudido e não condenado. Em editoriais, as publicações — que receberam e publicaram material de espionagem vazado pelo ex-agente da NSA — apoiaram a decisão do espião e dizem que ele merece parabéns e não processo.

As revelações de Snowden sobre as atividades de espionagem dos Estados Unidos disparam um debate global sobre a vigilância e as liberdades civis. As revelações de dados secretos, no entanto, renderam a Snowden acusações de espionagem nos EUA, que pediu asilo na Rússia após tentativa frustrada de chegar à América do Sul.

Em um texto publicado nesta quinta-feira, 2 de janeiro, NYT diz que a maior contribuição do delator é que os americanos agora conhecem como são monitorados seus dados confidenciais e que, por isso, ele deve receber pena “substancialmente reduzida”. “Considerando o enorme valor da informação que revelou e os abusos expostos, ele merece mais que uma vida de exílio, medo e fugas. Ele pode ter cometido um crime ao fazer isso, mas prestou um grande serviço a seu país”, diz o texto. O jornal nova-iorquino ainda lembrou que a espionagem da NSA foi declarada inconstitucional por dois juízes federais e criticou a Casa Branca por insistir que Snowden prejudicou o governo.

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O editorial do New York Times acusa a NSA de exceder deliberadamente todos os limites impostos pela legislação e violar os sistemas básicos de criptografia da internet. Acusa o diretor dos serviços de espionagem James Clapper de mentir ao Congresso. E confronta a histeria da legião de acusadores de Snowden que não conseguiram incriminá-lo como responsável pela suposta vulnerabilidade da vigilância antiterrorista: a maioria dos programas de vigilância delatados funcionariam com a mesma eficácia se tivessem sua abrangência reduzida e fossem submetidos a uma severa supervisão externa.

Guardian

Já o britânico Guardian, um dos primeiros a receber os documentos de Snowden, classificou a atitude de Snowden como um “ato de coragem” e fez um pedido semelhante na quarta-feira, 1º de janeiro. “Esperamos que o governo esteja trabalhando de cabeça fria em uma solução para que ele volte com dignidade”, afirma o jornal.

O diário ainda pede que Obama use seu poder para tratar o delator “de forma humana e de uma maneira que ele seja um exemplo do valor dos delatores e da própria liberdade de expressão”. O governo americano, que ainda não se pronunciou sobre o pedido, quer processar Snowden por roubo de dados confidenciais e espionagem, o que pode lhe render até 20 anos de prisão.

Câmara quer ouvir jornalista que revelou espionagem

No Brasil, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados vai convidar o jornalista do jornal “The Guardian” Glenn Greenwald para audiência pública – ainda sem data marcada – com a finalidade de debater os recentes casos de espionagem praticados pelos Estados Unidos. Greenwald foi o jornalista responsável por divulgar os dados secretos coletados por Snowden.

Nos últimos meses, o ex-funcionário da NSA tem dito que pessoas residentes ou em trânsito no Brasil, assim como empresas instaladas no país, incluindo autoridades e a própria presidente Dilma Rousseff, se tornaram alvos de espionagem.

Um dos documentos divulgados por Greenwald é uma apresentação interna que classifica os desafios na área internacional a que os Estados Unidos estarão expostos nos próximos anos. Nele, o Brasil aparece classificado como motivo de preocupação sob a rubrica: “Amigos, Inimigos ou Problemas?”.

Fonte: Igor Watts (ABI Online), Alberto Dines (Observatório da Imprensa), com informações do Bahia Notícias

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