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Expulsão de jornalista norte-americano da Rússia aumenta preocupações com liberdade de expressão

A Rússia emitiu um comunicado nesta terça-feira (14), em que proíbe por cinco anos a entrada do jornalista norte-americano David Satter no país. O jornalista, que sempre criticou abertamente o presidente russo, Vladimir Putin, encontrava-se em Moscou desde setembro de 2013, trabalhando para a Radio Free Europe/Radio Liberty, emissora financiada pelo governo dos EUA. No entanto, foi banido da Rússia depois de ter relatado as manifestações contra a quebra do pacto entre a União Europeia e a Ucrânia.

David Satter é o primeiro jornalista impedido de permanecer na Rússia desde a Guerra Fria

Satter, de 66 anos, trabalhou como correspondente na Rússia do Finantial Times e do Wall Street Journal e é autor de três livros sobre a União Soviética e a Rússia. Durante a cobertura das manifestações na Ucrânia contra uma associação do país à Rússia, Satter ficou sabendo que sua presença era “indesejada”. A embaixada americana em Moscou emitiu nota oficial criticando a decisão do governo da Rússia.

O tratamento dado por Moscou ao repórter aumentou as preocupações sobre a liberdade de expressão antes da Olimpíada de Inverno de Sochi, em fevereiro. A última vez que a Rússia começou um jornalista americano foi em 1982, quando a Guerra Fria ainda abalava o mundo. A vítima na época foi Andrew Nagorsky, correspondente-chefe da Newsweek.

De acordo com comunicado emitido pelo Serviço de Migração da Rússia, o jornalista teria violado regras de permanência no país e a decisão de não permitir sua volta ao país não teria razões políticas. “David Satter permaneceu na Rússia em um período superior ao permitido por lei. Ele foi multado e submetido à deportação administrativa após a decisão do tribunal”, disse a nota. A decisão de expulsar o jornalista do País foi determinada pela justiça russa no fim de novembro.

Segundo a página pessoal de Satter, o jornalista viajou até Kiev, capital da Ucrânia, para uma exibição do seu filme “Age of Delirium”, um documentário sobre o declínio da União Soviética, e foi abordado por um diplomata da embaixada russa que lhe entregou um comunicado que dizia: “Os órgãos competentes decidiram que a sua presença no território da Federação Russa não é desejada. Você está proibido de entrar na Rússia”.

“Esta é a forma como geralmente são expulsos os espiões. Em quatro décadas de trabalho na Rússia nunca tinha visto esta fórmula aplicada a um jornalista. Isto significa que, por alguma razão maluca, me consideram uma ameaça à segurança”, disse Satter ao The Guardian.

Com informações de O Globo, BBC e Reuters.

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