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Desfile cívico do Dois de Julho busca nova identidade

Por Daniela Mazzei*

O Dois de Julho representa mais do que um feriado no calendário baiano. A data é a mais importante no calendário cívico local e tem uma importância histórica na construção da identidade da Bahia. Em 2016, completa-se 193 anos que o Brasil rompeu com Portugal e se libertou. Graças aos negros e indígenas da capital e recôncavo baiano, unidos na luta pela Independência, houve a consolidação de liberdade do país que ali recém surgia.

Este será o segundo ano da festa sem a notória historiadora Consuelo Pondé de Sena, ex-presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), morta em maio de 2015, aos 81 anos, vítima de uma arritmia cardíaca. Também o primeiro ano em que o cortejo foi organizado inteiramente sem a idealização da intelectual — em 2015, antes de morrer, Consuelo havia organizado todo o roteiro do cortejo. Peça fundamental em manter viva a tradição e a valorização do 2 de julho, Pondé sempre esteve ligada às transformações na cultura e educação.

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Em 2015, o site da Biblioteca Virtual 2 de Julho foi reformulado e, em homenagem à historiadora, passou a ser chamado de Biblioteca Virtual Consuelo Pondé. A plataforma possui um acervo de mais de mil títulos, muitos deles referentes à Independência da Bahia e publica, gratuitamente, livros, periódicos eletrônicos, artigos, resenhas, eventos e informações em geral para os internautas.

A morte do professor da Ufba e antropólogo Roberto Albergaria no ano de 2015 também representou uma grande perda para a festa. Albergaria foi uma figura relevante no cenário histórico do nosso estado, reconhecido por sua irreverência e humor ácido sobre questões que envolvem a baianidade. Albergaria valorizava a auto estima dos baianos e as festas populares, fazendo críticas principalmente sobre mídia e carnaval.

Veja abaixo o vídeo em homenagem aos dois intelectuais e ao Dois de Julho: 

Quando questionado pelo Aratu Online se o 2 de Julho vem perdendo força principalmente entre os jovens, o Instituto, por meio da sua assessoria de imprensa, foi categórico em afirmar que muitos não têm a dimensão do que significou a data. “A juventude tem sido atraída para toda sorte de divertimentos desprovidos de sentido Cívico, não se tendo qualquer noção do real significado da Celebração. Fala-se apenas em Feriado e promove-se shows de música de variados estilos. Mas não se tem qualquer noção da epopeia de luta pela Liberdade e autonomia que desaguou no 2 de julho de 1823”.

No próximo sábado (2/7), o evento cívico mantém a tradicional programação com algumas novidades em seus preparativos. Será feita uma homenagem ao historiador Luiz Henrique Dias Tavares e uma programação especial para as crianças, além do debate sobre os símbolos do Caboclo e da Cabocla.

Leia também: “Pranto da Madrugada”: o último artigo da professora Consuelo Pondé de Sena

O evento que terá a participação de grupos culturais de diversas cidades da Bahia, banda de fanfarras, bem como bandas de música da Marinha, Exército, Aeronáutica, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar, autoridades políticas e sociedade em geral, que se reúnem para celebrar a data.

As ruas do percurso tradicional no Centro Histórico de Salvador serão enfeitadas por alunos de escola municipal. O trabalho foi realizado em junho por J. Cunha, artista responsável pelo tema e elementos decorativos deste ano, a convite da Fundação Gregório de Mattos. Algumas peças foram confeccionadas por alunos voluntários do 1º ao 5º ano — fundamental I da Escola Municipal Vila Vicentina, localizada no bairro da Liberdade, envolvendo as crianças e jovens no contexto histórico e cultural da sua cidade.

PROGRAMAÇÃO

O desfile começa às 6h, quando acontece a Alvorada com queima de fogos no Largo da Lapinha. Às 8h, é feita a organização do Cortejo Cívico, que se inicia às 9h30 e segue em direção à Praça Thomé de Souza, local onde os Carros Emblemáticos dos Caboclos são recolhidos por volta das 11h30.

No período da tarde, às 14h30, acontece a Cerimônia Cívica no 2º Distrito Naval. Às 14h, começa a organização para o cortejo, saindo às 15h. Às 16:30h, os carros emblemáticos chegam ao Campo Grande, onde serão realizadas as últimas homenagens das autoridades políticas e militares. Este ano, quem acenderá a pira do Fogo Simbólico será o Profº Dr. Hélio Carneiro de Campos, representando o meio esportivo e acadêmico.

Em comemoração aos 70 Anos da Universidade Federal da Bahia (Ufba), acontece, às 17:30h, a abertura da exposição “Índios: Os Primeiros Brasileiros” no Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE/UFBA).

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ABI BAHIANA Notícias

Sarau da imprensa fecha temporada com debate sobre Música e Baianidade

 

A última edição da temporada 2016 do projeto Sarau da Imprensa vai abordar o tema “Música, Baianidade e Lugar da Fala“, nesta quinta-feira (9/6), às 19h, na sede da Associação Bahiana de Imprensa (Praça da Sé – Centro). O encontro vai refletir sobre o processo de “fecundação” e disseminação dos fatores que identificam a chamada baianidade, a construção de estereótipos e a difusão de características reducionistas de aspectos culturais. O Sarau impõe tributo a uma figura notável da história do estado: o antropólogo Roberto Albergaria, falecido em 2015. “Alberguinha”, como era conhecido, foi um dos estudiosos que mais contribuiu para a compreensão e estudo da “ontologia baiana”, principalmente através de suas críticas sobre as representações simbólicas no âmbito cultural. Um show com a cantora Carla Visi e Jam-Jor, banda formada por jornalistas, encerra a noite.

A roda de discussão sobre os elementos que tornam a baianidade um tema tão difundido pelo mundo contará com quatro convidados especiais: o diretor de teatro e presidente da Fundação Gregório de Mattos, Fernando Guerreiro; a doutora em Comunicação e especialista em baianidade, Agnes Mariano; o antropólogo especializado em música e festividades baianas, Milton Moura; e o jornalista Franciel Cruz. O mediador do projeto, o jornalista Ernesto Marques, acredita quediscursos que envolvem questões de identidade servem a vários usos, inclusive políticos. “Esse conceito do que é ser baiano desperta reações diversas; porém, o baiano ainda é visto na mídia de forma caricata, seja sob o aspecto da preguiça ou da sensualidade. Muitas vezes, a música, a TV, o cinema e a literatura propagam esses estereótipos”, avalia.

A autora do livro A Invenção da Baianidade, Agnes Mariano, busca nas letras de canções, hábitos, práticas e valores que reforçam esse discurso. Em entrevista a Leonardo Campos, ela destaca que a baianidade é um conjunto de ideias difundidas no ambiente cultural. “A ideia de baianidade é muito mais um modelo, uma fonte de inspiração, do que a tradução da realidade concreta. Todas as identidades culturais são apenas isso: ideias. O que não é pouco. Elas unem pessoas, facilitam o diálogo, sintetizam valores importantes. A identidade cultural não explica as nossas qualidades nem os nossos defeitos. A cada instante cada um de nós escolhe como, quando e de que modo deseja se relacionar com essa ideia. Vivemos vários papéis, várias identidades ao mesmo tempo”.

Carla Visi e Jam-Jor – A atração musical da última edição do Sarau da Imprensa será especial. A cantora baiana Carla Visi fará uma apresentação pensada para o encerramento do projeto,Carla VisiTa o samba da Bahia para o mundo, com Rudnei Monteiro (violão), Citnes Dias(percussão) e Marcos Froes (produção). A produção do evento também aposta em mais uma edição da Jam-Jor, banda formada por jornalistas, conduzida por Rita Tavarez e aberta aos participantes que quiserem cantar ou tocar algum instrumento. A ideia é permitir uma noite de improviso com a mistura de estilos musicais.

Projeto – Com um encontro por mês, sempre às quintas-feiras, o projeto abordou temas contemporâneos diversos, sempre com a participação de especialistas e atrações musicais que dialogaram com os temas abordados. O projeto conta com apoio financeiro do Governo do Estado, por meio do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia. Podem participar estudantes, profissionais liberais, classe artística, jornalistas, comunicólogos, intelectuais,formadores de opinião e demais interessados.

Sobre a última edição do projeto, Ernesto Marques destaca os seis meses de intensos debates, sobre temas contemporâneos diversos. “O projeto trouxe para o centro da cidade temas relevantes do cotidiano, debatidos com profundidade e de forma séria. É uma gratificante demonstração de força do pensamento e da atuação cidadã dos baianos. Agradecemos aos participantes e convidados e nos despedimos, com uma tristeza saudosa, das felizes noites mensais de quinta-feira, partilhando conhecimento, fomentando discussões, batendo papo, propiciando diversão e bons momentos àqueles que congraçavam e ocupavam um espaço tão importante para a memória da Bahia, que é a sede da Associação Bahiana de Imprensa”, finaliza.

Serviço
O Que: Sarau da Imprensa discute Música, Baianidade e Lugar da Fala e realiza tributo ao antropólogo Roberto Albergaria
Quando: dia 09 de junho de 2016, às 19 horas
Onde: Sede da Associação Bahiana de Imprensa – ABI (Rua Guedes Brito, nº 1, edifício Ranulfo Oliveira, 8º andar, no Centro Histórico de Salvador)
Entrada gratuita

Clube Press – Assessoria de Comunicação
Assessoria de Imprensa: Marcos Paulo Sales (Jornalista MTb 2246)
Contato: (71) 4101-8288 / 99632-6252
E-mail: [email protected]
Site: www.clubepress.com.br
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