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ABI recebe presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa

O presidente da Fundação Casa de Rui Barbosa, Alexandre Santini, foi recebido pela Associação Bahiana de Imprensa, no sábado (13). O gestor cultural passeou pela instituição e seus espaços culturais, começando o tour pela Casa da Palavra Ruy Barbosa, Museu de Imprensa, Biblioteca de Comunicação Jorge Calmon e encerrando com a vista do Auditório Samuel Celestino, no oitavo andar do edifício-sede da ABI.

Acompanharam a visita o presidente da ABI, Ernesto Marques, o 1º vice-presidente Luis Guilherme Pontes Tavares, estudioso sobre Ruy Barbosa, a museóloga responsável pelo Museu de Imprensa, Renata Santos, e a professora Cybele Amado, diretora de Formação do MEC.

Em meio às notícias sobre o lançamento da Lei Paulo Gustavo, regulamentada no dia 11 de maio em Salvador, e outras importantes iniciativas no âmbito cultural, o encontro serviu para planejar novas ações entre a ABI e a Fundação Casa de Rui Barbosa, parceiras desde a década de 70.

Entre os projetos discutidos está a Casa da Palavra Ruy Barbosa, que será implantada onde hoje existe o Museu Casa de Ruy Barbosa, no imóvel onde nasceu o jurista, no Centro Histórico de Salvador.

Leia também: ABI e Gringo Cardia firmam contrato para reestruturar o Museu Casa de Ruy Barbosa

Santini é especialista em políticas públicas de cultura, mestre em Cultura e Territorialidades, bacharel em Artes Cênicas, docente, pesquisador e escritor. Em março deste ano, ele foi conduzido à presidência da Fundação pela ministra da Cultura, Margareth Menezes. Durante a cerimônia de posse da nova diretoria, Alexandre Santini recebeu das mãos do presidente da ABI a Medalha Rubem Nogueira.

A honraria foi criada como parte das celebrações do Centenário de Morte de Ruy Barbosa, para reconhecer instituições e personalidades proteroras da memória de Ruy e que tenham contribuído com os acervos do Museu Casa de Ruy Barbosa, atual Casa da Palavra Ruy Baborsa. (Clique aqui e saiba quais instituições e personalidades receberam a Medalha no dia 1º de março, nos 100 anos de falecimento de Ruy)

O professor destacou as similaridades entre os objetivos das entidades dedicadas à memória de Ruy Barbosa. Agora, ele estuda um instrumento de cooperação para a viabilizar projetos e um intercâmbio de conhecimento.

“Estamos falando de preservar acervos, nossa memória. Façamos um pacto aqui para tocar para frente esse objetivo. Nesse contexto de reconstrução, temos muitas dificuldades, mas podemos, em parceria, ir atrás de recursos para esses produtos culturais”, afirmou Santini.

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ABI lota auditório para homenagear Ruy Barbosa em seu centenário de morte

Há exatos cem anos o Brasil se despedia de Ruy Barbosa, levando milhares de pessoas ao cortejo fúnebre. Nesta quarta-feira, 1º de março, a Bahia demonstra que a admiração a um dos seus principais intelectuais permanece através de uma série de eventos independentes que foi aberta pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI), com a Outorga da Medalha Rubem Nogueira. A solenidade lotou, pela manhã, o auditório Samuel Celestino, no Centro Histórico, para homenagear pessoas e instituições comprometidas com a memória de Ruy.

A entrega da medalha iniciou mobilização para a Casa da Palavra Ruy Barbosa, já com sinalização de apoio do Governo da Bahia. Foram homenageados Rubem Nogueira, Presciliano Silva, Ernesto Simões Filho, Luis Vianna Filho, Antônio de Pádua, o Estado da Bahia e o Município de Salvador. Em breve a honraria será outorgada à Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro.

O evento na ABI, tal como o multifacetado Ruy Barbosa, atraiu diferentes setores da sociedade, espectros políticos e até datas comemorativas. Uma das personalidades que prestigiaram a solenidade foi o professor Edvaldo Brito, vereador por Salvador e presidente do colegiado composto para articular a agenda do centenário de Ruy.

“Houve quem nos questionasse, ‘mas vocês vão comemorar a morte de uma pessoa?’. Sim, nós vamos ‘co-memorar’, ou seja, vamos memorar juntos, relembrar não a morte, mas a vida de um dos maiores brasileiros de todos os tempos”, justificou o presidente da ABI e aniversariante do dia, Ernesto Marques, na abertura da solenidade. Marques teve a companhia de sua esposa, a educadora Cybele Amado, representante da Secretaria de Educação do Estado da Bahia.

Com autoridades, intelectuais e profissionais da imprensa, o evento também teve um tom de articulação para manter o trabalho de preservação da memória do jurista, diplomata e jornalista baiano. Ernesto Marques, por exemplo, cobrou melhorias na rua em que está o imóvel em que Ruy nasceu e onde fica o então Museu Ruy Barbosa para aquecimento econômico e cultural da região.

Quebrando o protocolo, o vice-governador Geraldo Júnior discursou e sinalizou apoio do Governo do Estado. “Em nome do governador Jerônimo Rodrigues, podemos dizer que a Casa da Palavra terá o apoio do governo do estado para fortalecer o simbolismo dessa cultura, dessa história”, prometeu. Antes, Ernesto havia lembrado que o compromisso de políticos como Luís Vianna Filho e Antônio Carlos Magalhães foi essencial para manter o prédio histórico de pé e, agora, poder ser renovado.

A medalha
“Hoje eu me lembrei de eu pequenininha, meu pai tinha um escritório na rua Ruy Barbosa, a gente desde sempre sabia que ele era um fã número um dele, um grande entusiasta”. A recordação, compartilhada após o evento na ABI, é da colunista social Gilka Maria Andrade em relação a seu pai, Rubem Nogueira. Ela saiu hoje da sede da entidade carregando no peito a medalha que leva o nome do pai em homenagem a ele e outras figuras e instituições importantes para a inauguração do que veio a ser o Museu Ruy Barbosa, em 1949, no centenário de nascimento do jurista baiano.

Gilka Andrade, filha de Rubem Nogueira | Foto: Ascom ABI

Descrita por Ernesto Marques como uma verdadeira saga, a participação de Nogueira na articulação para reconstrução da casa foi fundamental, além das doações valiosas para compor o acervo, o que justificou a ABI dar seu nome para a outorga. Nogueira não estava só. Ernesto Simões Filho, jornalista e fundador do jornal A Tarde, também liderou campanha de arrecadação para a compra da casa, depois cedida à prefeitura.

Hoje, quem recebeu a honraria das mãos de Walter Pinheiro, presidente da Assembleia Geral da ABI e da Tribuna da Bahia, foi o bisneto de Simões Filho, João Cândido de Melo Leitão, atual presidente do Grupo A Tarde. A edição desta quarta-feira do principal produto do grupo, o jornal impresso, destacou como o diário se envolveu na causa desde 1917.

O advogado e ex-presidente da OAB-BA, Luiz Viana Queiroz, tornou o evento um encontro de família. Para receber homenagem ao seu avô, Luís Vianna Filho levou ao palco Claudia e Fernando, também netos do ex-governador da Bahia. “Hoje foi um dia muito especial pela junção de Rubem Nogueira e Luís Vianna Filho, os dois maiores especialistas do Ruy Barbosa aqui da Bahia. Importante homenagem a Luís Vianna e a Rubem Nogueira, juntados por Ruy aqui”, comentou Luiz.

Também foram homenageados no evento o educador Antônio de Pádua Carneiro, ex-diretor da Faculdade Ruy Barbosa, representado por sua esposa, a artista plástica Inês Vitória; e Presciliano Silva, responsável pelos desenhos que foram imprescindíveis para reconstrução do imóvel, representado no evento por sua filha Maria Moniz.

Essa foi a primeira das duas únicas entregas da outorga. A próxima etapa de homenagens será para reconhecer os apoiadores do novo museu, cuja campanha de mobilização foi iniciada também nesta quarta-feira (1º) para continuar preservando a casa onde Ruy nasceu e viveu até os 16 anos e buscar pontes com novos públicos.

Ruy Barbosa presente
A distância de um século desde a partida de Ruy Barbosa não impede sua atualidade. “O que eu mais gosto nisso tudo é que ele se conecta com o contemporâneo”, acredita o presidente Fernando Guerreiro, presidente da Fundação Gregório de Matos que prestigiou o evento. “O que ele defendeu no final do século 19 e início do século 20 ainda ecoa nos tempos de hoje”, completa o secretário de Cultura do Estado da Bahia, Bruno Monteiro. O jurista, vereador e professor Edvaldo Brito também acredita que para analisar o cenário político atual é preciso recorrer aos escritos de Ruy.

A secretária de Comunicação da prefeitura de Salvador, Renata Vidal, que representou o prefeito Bruno Reis e recebeu a medalha em nome da prefeitura de Salvador, também acredita que o jornalista Ruy Barbosa influencia até hoje novas gerações. “Foi o gênio da palavra. O prefeito também tem essa consciência”, comentou Vidal.

Mais homenagens
No início da sessão, também foi homenageado o jornalista José Jorge Randam, que faleceu no último dia 24, também dia do seu aniversário de 90 anos. “Em homenagem a um radioator não se deve pedir minuto de silêncio”, justificou Ernesto Marques ao pedir uma salva de palmas.

A homenagem foi prestada com a presença de autoridades dos governos estadual e municipal, representantes dos principais veículos de imprensa e da comunicação, dos poderes Legislativo e Judiciário, dos órgãos de controle, de universidades baianas e da sociedade civil organizada.

“Começamos com o pé direito, depois de um ano de planejamento dessa ação e feliz por termos conseguido reunir mais de 14 entidades que são altamente representativas do cenário baiano de Salvador”, avaliou Walter Pinheiro.

A ABI encerra as homenagens do dia com a estreia de mais uma temporada da Série Lunar, também no auditório Samuel Celestino, hoje com sete artistas e um repertório que passeia pelo século XIX e remonta a saraus promovidos por Dona Maria Augusta, pianista e esposa de Ruy.

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ABI lança projeto da Casa da Palavra Ruy Barbosa

Estações audiovisuais, estúdios interativos e espaços para eventos populares de cultura – de batalhas de slam, rap e poesia a concursos de redação. Ao mesmo tempo, um mobiliário clássico e esculturas que serão totalmente recuperadas. Essa é a proposta de requalificação do Museu Casa de Ruy Barbosa, que foi apresentada à sociedade na manhã desta quarta-feira (9), pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI), na sede da entidade, no Centro Histórico de Salvador.

Assinado pelo curador, arquiteto e artista visual Gringo Cardia, o projeto prevê a reestruturação da casa onde o Águia de Haia nasceu, na rua que leva seu nome, também no Centro. Reconhecido internacionalmente, Cardia, através de seu estúdio, é o nome responsável pelos projetos de alguns dos mais importantes museus da história recente de Salvador, como a Casa do Carnaval, a Casa do Rio Vermelho – Jorge Amado e Zélia Gattai, e a Cidade da Música da Bahia.

Diante de autoridades, parlamentares, profissionais de imprensa e representantes de instituições baianas, a entidade indicou quais serão os próximos passos para a reestruturação do equipamento em homenagem ao jurista e jornalista baiano, que agora será rebatizado de Casa da Palavra Ruy Barbosa. Os esforços da ABI para reestruturar o Museu Casa de Ruy Barbosa compõem a agenda “Ruy, 100 anos depois”, uma programação para homenagear o centenário de falecimento do ilustre jurista, em 1º de março de 2023. Desde o ano passado, por iniciativa da Associação, a programação começou a ser construída junto com outras importantes instituições do estado. 

“Nos deparamos aqui com um desafio de devolver ao Centro de Salvador um equipamento tão importante que é a casa de Ruy Barbosa”, afirmou o presidente da ABI, Ernesto Marques, durante o evento. “A gente queria traduzir Ruy Barbosa, que muitas vezes é colocado como prolixo e difícil de alcançar”. 

Marques celebra a convergência do brienfig com o resultado apresentando por Gringo Cardia. “Queríamos manter esse acervo em diálogo permanente com as pessoas. Ver isso começar a ser trilhado dá um ânimo muito grande. Vamos executar o projeto e tenho certeza de que esse museu vai ser um diferencial, porque já é concebido para que os jovens se vejam na figura de Ruy Barbosa. Para que cada jovem baiano que luta por igualdade, justiça e direitos consiga ver que tem um pedacinho de Ruy dentro de si”.

Na abertura, os convidados foram recepcionados por um café da manhã embalado por canções de chorinho tocadas pelo grupo Cartão de Visita. Integram o conjunto os músicos Jailson Coelho (violão de sete cordas), Carlinhos do Bandolim (bandolim); Débora Guimarães (pandeiro) e Gabriela (flauta). O gênero foi escolhido justamente por ser admirado por Ruy Barbosa. 

Renovação

Com soluções tecnológicas dialogando com o visual clássico, o ousado projeto prevê inovações importantes para o equipamento cultural, a começar pela escolha do novo nome: “Casa da Palavra Ruy Barbosa”. É o que explica o diretor de cultura da ABI, Nelson Cadena. “Vamos ressignificar a palavra de Ruy Barbosa, atualizar essa palavra que permanece viva há mais de 100 anos”, explicou, durante a apresentação do projeto. 

No primeiro andar, haverá um espaço chamado de Salão do Grande Homem e da Liberdade, com monitores para que visitantes tenham acesso a vídeos e conteúdos interativos. Nesse local, ficará também o mobiliário clássico, como esculturas, quadros, retratos e objetos relacionados ao intelectual. Haverá, ainda, o Café da Liberdade de Imprensa, com móveis e paredes visuais sobre o tema.

Salão Ruy Barbosa”, um dos espaços previstos no projeto | Imagem: ACASAGRINGOCARDIA Design

Até a escada que leva ao primeiro andar será plotada com conceitos ligados ao pensamento de Ruy Barbosa. Já nesse pavimento ficarão dois estúdios interativos: o primeiro será profissional, totalmente equipado para gravações gratuitas de podcasts sobre direitos fundamentais, enquanto o segundo será um estúdio amador. Nesse último, visitantes poderão se sentir como repórteres e até gravar uma notícia diante de uma parede de chroma key.

No segundo andar, ficará o Salão Ruy Barbosa, com configuração multiuso e cabines de vídeos, e uma galeria de heróis baianos defensores da liberdade, incluindo também nomes como Maria Felipa, Maria Quitéria e Luiz Gama. A obra de engenharia civil inclui toda a adequação do espaço para que o museu também tenha acessibilidade, inclusive a instalação de elevadores. 

“Em se tratando de Gringo Cardia, a gente já esperava que tivesse um projeto expográfico moderno e que, ao mesmo tempo, dialogasse com o passado. Além do expográfico, tem a coisa conceitual, porque Ruy Barbosa sempre se expressou através da palavra. Tudo que ele escreveu e falou está muito presente hoje na sociedade”, acrescentou Cadena. 

No mês de outubro, Gringo Cardia apresentou o projeto à Diretoria da ABI

O curador, por sua vez, destacou que pretende trazer o “pensamento ruyano” para o presente. Para Gringo Cardia, a proposta é de fazer um paralelo entre o grande homem que foi Ruy Barbosa, enquanto comunicador e propagador de ideias, e  a juventude de hoje. Daí veio a ideia dos ambientes interativos, como os estúdios que ficarão no segundo pavimento. 

“Esse ambiente simboliza a conversa do comunicador do início do século XX com os comunicadores da atualidade, fazendo o link entre passado e presente e reforçando que os valores não se perdem com o tempo”, disse Cardia. 

Além disso, na lateral do imóvel, o projeto prevê uma praça com um busto de Ruy Barbosa. A praça deve ser revitalizada e há um projeto do governo do Estado e da prefeitura de Salvador que prevê a implantação de um piso compartilhado no local, além da Rua das Vassouras. Assim, aos finais de semana, a rua poderia ser fechada para a passagem de carros e tornaria os eventos mais seguros. 

Financiamento

O presidente da ABI, Ernesto Marques, fez o chamamento para um financiamento coletivo que possibilite a obra da Casa da Palavra. “Este museu nasceu pelos esforços coletivos da sociedade baiana. Com esse mesmo espírito de agregação, solidariedade e trabalho coletivo, estamos convidando vocês para que mais uma vez a sociedade baiana se reúna para uma tarefa mais do que nobre, que é manter viva a memória de um grande baiano, brasileiro e amante da justiça”, pontuou, no encontro. 

A partir de agora, haverá diferentes frentes de atuação. A entidade se prepara para lançar uma campanha de financiamento coletivo, para ajudar a conseguir os recursos, com foco especial na restauração do acervo. Ao todo, o projeto tem custo estimado de R$ 7 milhões. A outra linha de atuação será buscar apoio de empresas privadas através de leis de incentivo ou de organismos públicos que trabalhem com editais. 

“Estamos na expectativa de uma conversa com o governador do estado e com o governador eleito, para ver se o estado poderia nos apoiar com as obras civis que são necessárias, como o estado fez em quatro oportunidades anteriores, ao longo desses mais de 70 anos de funcionamento do museu”, disse Marques. Após essas obras civis, viriam as obras de instalação e de segurança. 

Foto: Fábio Marconi

Outro desafio é a reforma do telhado, especialmente para evitar situações de infiltração, uma vez que o espaço será todo climatizado. “O museu vai ter muita tecnologia, então a casa tem que estar preparada para isso”, completou. Uma vez que os recursos sejam captados, a estimativa é que o museu possa ser reaberto em aproximadamente oito meses. 

Colaborações

Presidente do colegiado que organiza a agenda comemorativa pelo centenário de Ruy Barbosa, o professor e vereador Edvaldo Brito ressaltou a importância do museu para a educação dos jovens. “Um não é um repositório de coisas velhas. Um museu é sempre um elemento fundamental para transmitir às gerações sucessivas os feitos que são daquela civilização. No nosso caso, Ruy Barbosa é a maior expressão do direito, do jornalismo e da cultura do Brasil”, ressaltou. 

O professor destacou os debates sobre a vida de Ruy Barbosa, inclusive aspectos controversos, que estão sendo considerados também para o museu. Ele citou a presença do professor Silvio Almeida, um dos principais intelectuais brasileiros, que aceitou o convite para participar dessas discussões. “Ruy foi transversal em todos os assuntos neste país. Estes assuntos devem ser revisitados na palavra de Ruy para que possa ser resgatado. A sociedade precisa trazer isso para os jovens”, afirmou. 

O presidente em exercício do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT5), Alcino Soares, felicitou a proposta de requalificação. “É uma tardia homenagem da revitalização da casa de Ruy Barbosa. O Tribunal Regional vê com muita alegria e por isso estamos aqui para prestigiar essa iniciativa”, disse. 

Para o presidente da Assembleia Geral da ABI, Antônio Walter Pinheiro, a marca deixada por Ruy Barbosa deve ser reconhecida por todos. “Os exemplos deixados por Ruy, seja para justiça, para a educação, para a imprensa ou para os homens públicos, são algo magnífico e que não deve morrer nunca. Nosso papel como comunicadores é ficar reverenciando isso permanentemente”. 

Já a diretora do Instituto Anísio Teixeira (IAT), Cybele Amado, destacou que o equipamento será importante para os estudantes do estado. “Nós temos 27 núcleos territoriais de educação e a ideia é que a gente possa disseminar isso no nível dos territórios, dos professores e dos estudantes. A gente vai montar trilhas territoriais para que os estudantes venham até Salvador e possam conhecer o museu”, explicou. 

Homenagem

O evento também marcou a inauguração do painel em homenagem ao jornalista Samuel Celestino, no auditório que leva seu nome. A parede da frente do espaço foi plotada com uma caricatura do jornalista, assinada pelo designer e artista visual Gentil. Samuel Celestino presidiu a ABI durante 25 anos e depois ocupou a presidência da Assembleia Geral da entidade.

Além de membros da Diretoria da ABI, o evento foi prestigiado por Maurício Leahy, presidente da Caixa de Assistência dos Advogados da Bahia, que esteve na companhia de outros membros daquela entidade; Marília Sacramento, juíza do TRT-5; o jornalista e agitador cultural Clarindo Silva; Cleia Costa, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Instituto de Advogados da Bahia – CDH/IAB; Érico Mendonça, representando a Secult; Gabriel Carvalho, diretor de Comunicação, Cultura, Esporte e Lazer do Sinjorba – Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia; Ana Cristina Barreto, coordenadora de Redação da Diretoria de Comunicação da CMS; e outros representantes de diversas instituições baianas comprometidas com a preservação do legado de Ruy Barbosa.

*Texto: Thais Borges | Colaboração: Joseanne Guedes

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Colegiado de instituições baianas realiza ato público no Museu Casa de Ruy Barbosa

1º de março de 2023 está logo ali. A exatamente um ano do centenário de morte do jurista, advogado, político e jornalista Ruy Barbosa (1849-1923), um colegiado de instituições baianas – responsável pela programação da agenda “Ruy, 100 anos depois” – deu um importante passo na manhã desta terça-feira. Atendendo a um convite da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), representantes do grupo visitaram pela primeira vez o Museu Casa de Ruy Barbosa, imóvel onde nasceu o “Águia de Haia”, no Centro Histórico da capital baiana.

A ABI é uma das entidades guardiãs da memória de Ruy Barbosa. Ao longo dos anos, a Associação já promoveu a edição de diversas publicações sobre Ruy e realizou nos seus espaços culturais e de terceiros, dezenas de eventos, como conferências, seminários e exposições de seu acervo. Desde o ano passado, por iniciativa da Associação, a programação do centenário começou a ser construída junto com outras 15 importantes instituições do estado. Entre as principais atividades previstas para o marco estão a restauração do Museu inaugurado em 1949, o lançamento de um documentário, reedição de livros, a requalificação da Rua Ruy Barbosa e a instalação de um busto de Ruy Barbosa na cidade. Se depender das instituições envolvidas com o calendário comemorativo, os eventos serão à altura do homenageado. 

De acordo com o professor Edvaldo Brito, representante da Câmara Municipal de Salvador (CMS) e da Academia de Letras da Bahia (ALB) no Colegiado, a visita representa uma reverência à memória mais destacada da Bahia. “Ruy Barbosa é para nós um orgulho, uma satisfação. Queremos que hoje seja o marco inicial das atividades, até chegarmos ao 1º de março de 2023, quando teremos os 100 anos de sua morte”, afirmou o presidente da Comissão Executiva do Colegiado para o Centenário. 

Brito lembrou da atuação de Ruy Barbosa no Direito, tendo sido, segundo ele, responsável por grandes eventos judiciários que se desenvolveram no Supremo Tribunal Federal. “Ruy concitou o Supremo para que julgasse sem se preocupar com as baionetas dos poderosos que estavam fora do seu prédio. Isso é um grande exemplo de bravura. Nós baianos temos que ser altivos como ele”, defendeu o advogado, que esteve em companhia do desembargador Lidivaldo Reaiche, representante do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) na Comissão Organizadora do Centenário.

Edvaldo Brito lamentou o estado do Museu, alvo de reintegração de posse em favor da ABI no início de fevereiro, e ressaltou a importância da revitalização do imóvel. “Um sentimento de profunda tristeza. Em qualquer parte do mundo, ter preservada uma casa que simboliza o nascimento de um grande patriota é natural. Na Bahia, não”, criticou. Sua fala emotiva não escondeu o desejo de ver o Museu de portas abertas e o legado de Ruy reconhecido. “Pelas placas que estão na parede, notamos a presença constante do Governo do Estado da Bahia na preservação da casa no passado. Espero que esse apelo de todos nós da Comissão, formada por 16 entidades representativas da Bahia, surta efeito. Que a voz dessas instituições ecoe nos ouvidos do governador do estado, que inclusive carrega o nome de Ruy”. 

“Um sentimento de profunda tristeza. Em qualquer parte do mundo, ter preservada uma casa que simboliza o nascimento de um grande patriota é natural. Na Bahia, não”

Edvaldo Brito

O presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Joaci Góes, também enfatizou a relevância do local. “Isso aqui é uma verdadeira catedral da inteligência, mas não se encontra nas condições que deveria. Nós temos que restaurar esta casa para fazer dela um templo de visitação constante, de todos os brasileiros, no sentido até de servir para transformar, modificar, melhorar este ambiente normalmente pantanoso que nós vivemos no Brasil contemporâneo”, refletiu o jornalista e escritor. Para ele, a reunião desta manhã serviu para inaugurar um novo tempo. “É um início ao reconhecimento dessa personalidade solar”.

Luis Guilherme, Edvaldo Brito e Joaci Góes

Memória

O jornalista e pesquisador Jorge Ramos, diretor do Departamento Museu Casa de Ruy Barbosa,  festeja as iniciativas para resguardar a memória e fortalecer referências culturais da sociedade baiana. “É com satisfação que eu vejo que novamente a Bahia começa a se unir em torno de Ruy Barbosa. Estamos a um ano do centenário de morte dele e temos muito o que fazer para soerguer essa casa, que é um patrimônio. Ruy Barbosa é um patrimônio da Bahia, talvez um dos maiores”, destacou.

“Restaurar o berço onde ele nasceu é mais do que uma obrigação dos baianos, é um compromisso histórico que a Bahia tem com Ruy Barbosa”. Para Jorge Ramos, a campanha vai contribuir para que o imóvel volte a ter condições de habitabilidade. “Em respeito à memória de Ruy, essa casa deve ser reerguida, reconstruída, e aqui abrigar o imenso acervo que Associação Bahiana de Imprensa dispõe sobre Ruy Barbosa: os livros de Ruy Barbosa, objetos de uso pessoal, o mobiliário que foi doado pela família e que deve permanecer para culto eterno dos baianos a essa grande figura da Bahia do Brasil”, listou. 

Parte desse acervo recebeu os cuidados das bibliotecárias Graças Nunes Cantalino e Ana Lúcia Albano, membras do GEIRD – Grupo de Estudos Interdisciplinares da Raridade Documental. Graças, que esteve no local para acompanhar a visita, e Ana atuaram na etapa de transferência do acervo bibliográfico para higienização e acondicionamento.

A museóloga da ABI e responsável pelo Museu de Imprensa, Renata Ramos, espera que as juventudes tenham curiosidade de conhecer Ruy e preservar sua memória. “Não tem como mensurar a iniciativa de colocar novamente a Casa de Ruy no corredor cultural, não só pelo patrimônio arquitetônico mas pela história de Ruy Barbosa no campo educacional. Muitos estudantes visitavam o Museu para fazer pesquisas. Saber que ele estará aberto para a comunidade é de um valor incrível”, celebrou a restauradora e conservadora documental. 

Luis Guilherme Pontes Tavares, vice-presidente da ABI, chama a atenção para o fato de a casa ter sido reconstruída com base em imagens que retratavam a construção original. “Esta casa ruiu. Há registro do terreno baldio no final dos anos 30. A ABI, com a liderança do presidente Ranulfo Oliveira, empenhou-se em refazer a casa”. Ele contou que para isso  foram utilizadas como referência fotografias e desenhos, dentre os quais uma obra de Presciliano Silva. “Esta é uma casa que, nos anos 30, período em que surge o Iphan, tem o pioneirismo de ser uma casa restaurada a partir de iconografia. Isso faz dela um exemplar pioneiro e eleva a sua importância”, lembrou. Luis Guilherme aproveitou para acenar aos órgãos de preservação do patrimônio. “Deixo aqui o meu apelo ao Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional] e ao Ipac [Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia]. Que esse fato seja objeto de ênfase para mostrar que este é um prédio mais do que especial”, afirmou.

“Ficamos surpresos com o grau de degradação do imóvel, mas também felizes com o movimento da ABI em prol da recuperação deste, que, de fato, é uma referência importante na trajetória de Ruy Barbosa. A perspectiva da recuperação disso me deixa muito feliz”, parabenizou a arquiteta Milena Tavares, diretora de Patrimônio e Humanidades da Fundação Gregório de Mattos (FGM), uma das entidades que integram a Comissão. Profissional atuante há mais de 20 anos na área de preservação do patrimônio histórico em Salvador, ela explica que o primeiro passo é o projeto para a instalação do memorial, com os levantamentos orçamentários, para buscar recursos e realizar a obra. 

E a tarefa não será fácil, de acordo com Milena. “Percebemos claramente que as infiltrações danificaram forros e causaram um ambiente insalubre. Há nas paredes a proliferação de fungos, afloramento de sais solúveis. É urgente a recuperação do imóvel para não chegar ao estado de arruinamento”, salientou a arquiteta. Assim como Luis Guilherme Pontes Tavares, ela enfatiza que o Iphan, para a reconstrução do imóvel, levou em conta fotografias antigas e acredita que o projeto deve prever a missão de resguardar as características da casa. “Destaco a substituição dessas telhas, que não são coloniais e descaracterizam uma feição que se procurou recuperar”, indicou.

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