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Marcha no Centro de Salvador dá início ao Fórum Social Mundial

Pela primeira vez a Bahia vai sediar o Fórum Social Mundial, um espaço de encontro para debates organizado por movimentos sociais de muitos continentes e que tem como objetivo elaborar alternativas para uma transformação social global. O evento – que teve início em 2001, na cidade de Porto Alegre – será realizado em Salvador, entre 13 e 17 de março. A tradicional Marcha de Abertura do FSM 2018 acontece nesta terça (13), a partir das 15h, com saída da praça do Campo Grande, passando pela Avenida Sete, até a Praça Castro Alves, palco de grandes manifestações de luta e resistência baiana. Com desfecho aos pés do poeta Castro Alves, na “Praça do Povo”, a grande abertura contará com um palco para apresentações culturais, performances artísticas e musicais.

O FSM 2018 terá como território principal o Campus de Ondina, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), além de outros locais da capital baiana, como o Parque do Abaeté, em Itapuã, e o Parque São Bartolomeu, no Subúrbio Ferroviário da cidade. Segundo os organizadores, são esperadas cerca de 60 mil pessoas, de 120 países, reunidas para debater e definir novas alternativas e estratégias de enfrentamento ao neoliberalismo, aos golpes e genocídios que diversos países enfrentam na atualidade. Com o lema “Resistir é criar. Resistir é transformar!”, o Fórum visa promover a transformação do ser humano em busca de “Um outro mundo possível”.

Com mais de 1500 coletivos, organizações e entidades cadastrados, e cerca de 1300 atividades autogestionadas inscritas, o FSM 2018, terá representantes de entidades de países como Canadá, Marrocos, Finlândia, França, Alemanha, Tunísia, Guiné, Senegal, além de países Panamazônicos e representações nacionais.

Uma das atividades autogestionadas acontecerá nesta sexta-feira (16), das 10h às 11h30, no Auditório Samuel Celestino (8º andar do prédio da ABI, na Praça da Sé), sob a responsabilidade do Instituto Chapada de Educação e Pesquisa (ICEP). Na ocasião, a professora Cybele Amado debaterá o tema “Educação Libertadora: um lugar! – Tertúlia Dialógica sobre a alfabetização como ferramenta de transformação social”.

As atividades do Fórum devem convergir para os seguintes eixos temáticos: Ancestralidade, Terra e Territorialidade; Comunicação, Tecnologias e Mídias livres; Culturas de Resistências; Democracias; Democratização da Economia; Desenvolvimento, Justiça Social e Ambiental; Direito à Cidade; Direitos Humanos; Educação e Ciência, para Emancipação e Soberania dos Povos; Feminismos e Luta das Mulheres; Futuro do FSM; LGBTQI+ e Diversidade de Gênero; Lutas Anticoloniais; Migrações; Mundo do Trabalho; Um Mundo sem Racismo, Intolerância e Xenofobia; Paz e Solidariedade; Povos Indígenas e Vidas Negras Importam.

Confira a programação completa do FSM 2018 e das atividades autogestionadas no site.

Sobre o Fórum Social Mundial – O Fórum Social Mundial é uma iniciativa da sociedade civil organizada, nascida em Porto Alegre, em 2001, para promover o encontro democrático, plural e de resistência com o objetivo de incentivar debates, aprofundar a reflexão coletiva, troca de experiências e a constituição de coalizões e de redes entre os movimentos da sociedade civil e organizações comunitárias que se opõem ao neoliberalismo e ao domínio do capital. O evento é realizado a cada dois anos. Nos intervalos, fóruns temáticos descentralizados e autônomos são realizados para dar seguimento às articulações e reflexões críticas nos diferentes países e regiões. O último foi realizado no Canadá, em 2016.

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Em pauta

Fundadora do “Todos pela Educação” avalia cobertura jornalística do tema

Por Priscila Cruz, no site Jeduca*

Há vinte anos a gente andava de carro sem cinto de segurança, alugava uma fita VHS para assistir àquele muito aguardado filme, tinha guia de ruas no carro para poder chegar aos destinos visados, revelava os filmes para só então saber como haviam ficado as fotos, tinha de escolher entre usar o telefone ou a internet, que era discada. Isso era normal – não parecia errado, ineficiente ou antiquado. Agora, quando contamos essas coisas para a geração mais nova, parece um absurdo!

O mesmo vale para a cobertura jornalística da educação no final dos anos 1990. Você se lembra de como era? Para mim, vem à mente cenas de longas filas de espera para matricular as crianças no início de cada ano letivo. Depois, no decorrer dos meses, o tema não tinha presença expressiva nas pautas da grande imprensa.

Uma denúncia aqui, outra ali – era o que se podia ver nas páginas dos principais jornais e revistas. As pautas mais profundas e as análises sobre políticas públicas educacionais ficavam restritas a títulos especializados, como as revistas Nova Escola, Pátio e Educação, que não são dirigidas à população em geral.

Mas o Brasil avançou muito. Temos uma legislação muito melhor e mais protetora dos cidadãos, impulsionada pela Constituição Federal de 1988; a população passou a acompanhar, a atuar, a fazer a sua parte de forma mais engajada; estamos amadurecendo nossa atuação cidadã, entendendo cada vez melhor a importância de nossa participação efetiva.

Aquilo que era absolutamente tolerado não é mais. Desde a piada racista daquele tio no almoço de domingo até a formação de um ministério sem mulheres. Os tempos são outros. Na educação, não poderia ser diferente. Demandamos muito mais.

Felizmente, queremos que a educação seja de qualidade, para todos, com equidade. E, como criador e criatura, o jornalismo tem dado enorme contribuição a essa causa. Um ponto alto é a criação da Jeduca, um coletivo de jornalistas pela educação, interessados em fazer da cobertura jornalística um vetor cada vez mais forte para o fortalecimento dessa política pública essencial à construção de um Brasil mais forte, com desenvolvimento sustentável e justo.

Os jornalistas que cobrem a área passaram também a tratar a educação como direito de todo cidadão e, com a maior disponibilização de dados e estudos, ela começou a ganhar ainda mais espaço, em quantidade e qualidade. O detalhamento cada vez maior dos dados possibilitou escancarar desigualdades nas redes e nas escolas, desde as relacionadas à formação adequada dos docentes até o acesso à água tratada nos estabelecimentos de ensino.

Com mais dados disponíveis e cada vez mais organizações dispostas a analisá-los para apoiar a imprensa na cobertura, o espaço dedicado à educação cresceu. Cadernos especiais foram criados em jornais. Revistas estabeleceram editorias específicas. A televisão e o rádio passaram a tratar de temas ligados a políticas públicas educacionais e da qualidade da educação, superando as imagens das filas de matrícula nas portas das escolas. Os jornalistas começaram a entrar mais nas salas de aula, a conversar com professores, diretores e alunos.

Jornalistas mais experientes, por sua vez, têm conquistado espaços cada vez mais importantes para publicar reportagens com mais profundidade sobre assuntos como formação de professores, infraestrutura, currículo, gestão escolar e projeto pedagógico das escolas, com textos mais analíticos e a participação cada vez mais frequente de especialistas na área.

Isso tudo fez da educação uma pauta interessante para a imprensa durante todo o ano, e não apenas em momentos pontuais, como o da matrícula, as férias ou as greves.

Na última década e meia, o crescimento do acesso à internet permitiu que os espaços conquistados nos meios impressos, hoje reduzidos devido à crise no setor dos jornais e revistas, não se perdessem. No entanto, os veículos impressos foram os que mais formaram jornalistas especializados na cobertura de educação.

A exposição da sociedade ao tema, em grande medida devida ao jornalismo, tem contribuído cada vez mais para que a educação suba na lista de prioridades dos brasileiros e seja acompanhada mais de perto.

O que é Ideb? Como se corrige o Enem? Por que a educação infantil é importante? As respostas para essas perguntas hoje já não são difíceis de encontrar, e até já são de conhecimento de boa parte da população, porque alguns jornalistas se debruçaram sobre a educação.

Portanto, da mesma forma que é preciso haver jornalistas com bons conhecimentos em economia para cobrir esse tema, dada a sua complexidade e importância para o país, também a educação deve ser mantida como objeto essencial de cobertura diária e qualificada da imprensa, fomentando o controle social com responsabilidade.

Afinal, publicar informações equivocadas sobre políticas educacionais pode causar problemas tão graves como divulgar informações econômicas erradas. Já houve casos em que políticas que poderiam ter dado certo foram canceladas porque a opinião pública, influenciada por uma reportagem equivocada, pressionou a gestão.

Em outros casos, exemplificando o poder de mobilização da imprensa, a divulgação de estudos e pesquisas realizadas por organizações da sociedade civil foi responsável por ações importantes do governo para corrigir problemas. O lançamento do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (Pnaic), por exemplo, foi anunciado pouco depois da divulgação dos resultados da Prova ABC, iniciativa do TPE (Todos pela Educação) e parceiros, que mostrou o baixo percentual de alunos plenamente alfabetizados até os 8 anos de idade.

A Jeduca vem, assim, apoiar esse movimento de manter e ampliar o espaço já conquistado para a cobertura da educação e, mais do que isso, para que ela seja ainda mais qualificada e participe na criação de uma “rede de proteção” ao tema.

Precisamos de uma vez por todas romper com nossos erros históricos e fazer da educação a pauta prioritária no Brasil.

*Priscila Cruz é fundadora e presidente do movimento Todos Pela Educação e mestre em Administração Pública pela Harvard Kennedy School

Fonte: Portal IMPRENSA

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Crianças exploradas na Índia criam jornal para expor realidade

Um grupo de crianças da capital indiana, Nova Déli, decidiu criar um jornal dedicado a meninos e meninas que vivem e trabalham nas ruas no país. Elas  foram resgatadas pela Organização Chetna, que atua na reabilitação de pessoas nessas condições. De acordo com a BBC, intitulada Balaknama (Voz das Crianças), a publicação de oito páginas se autointitula “o único jornal do mundo para e feito por crianças de rua que trabalham”. Segundo estimativas, mais de 10 milhões de crianças vivem nas ruas e são forçadas a trabalhar na Índia.

A editora do jornal, Chandi, 18, orgulha-se do aumento da circulação desde que assumiu o comando, há um ano. O número passou de 4 mil para 5,5 mil cópias. A jovem também faz parte da realidade que retrata. Além de ter trabalhado como artista de rua ao lado do pai, ela teve de atuar como catadora para ajudar em casa.

Um programa de extensão da Chetna a estimulou a entrar para a escola e ofereceu uma pequena remuneração para que ela não precisasse voltar a catar lixo nas ruas. A entidade também a treinou para ser repórter. “Eu estou muito orgulhosa de editar esse jornal porque ele é único na Índia. Crianças cuja infância foi roubada, que passaram fome, mendigaram, foram abusadas e forçadas a trabalhar escrevem sobre outras crianças que estão passando por situações semelhantes”, destacou.

Chandi lidera uma redação composta por 14 repórteres que cobrem Nova Déli e regiões vizinhas de Haryana, Uttar Pradesh e Madhya Pradesh. A jovem organiza duas reuniões editoriais por mês para que todos acompanhem o que é produzido. O jornal é vendido por duas rúpias (R$ 0,12) e é financiado e publicado pela Chetna. A publicação não recebe nenhuma ajuda do governo e tem dificuldades para encontrar anunciantes.

“Eu quero aumentar o alcance do jornal e fazê-lo dar lucro. Ele é a voz de todos nós que sobrevivemos às dificuldades nas ruas, nas casas de outras pessoas e em oficinas, e que agora podemos falar por vários outros que continuam a lutar. O silêncio deles deve ser ouvido”, defende Chandi.

Fonte: Portal IMPRENSA, BBC

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Problemas em segurança pública não serão revertidos até 2023, diz Ipea

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou ontem (23/11) um estudo que apresenta possíveis cenários para o Brasil até 2023 e propõe ações de prevenção social e de segurança pública. O objetivo do estudo “Violência e Segurança Pública em 2023: cenários exploratórios e planejamento prospectivo” é contribuir com o planejamento do governo federal para a área. “Mudar essas tendências depende de uma atuação coordenada de todos os principais atores, que precisa ser construída e liderada pelo Ministério da Justiça”, defende o diretor de Pesquisa, Análise de Informação e Ensino da Secretaria Nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça, Rogério Carneiro. O livro, fruto da parceria entre os  ministérios da Justiça e do Planejamento, Orçamento e Gestão, está disponível apenas em formato digital (clique aqui) no site do Ipea.

Um dos autores da publicação, o coordenador de Estudos e Políticas de Estado e Instituições do Ipea, Helder Ferreira, disse que é importante avançar no planejamento e discutir com a sociedade um plano nacional de segurança pública que contemple, não só homicídios, mas outros temas ligados à segurança. “A integração das próprias polícias já está sendo debatida no Congresso Nacional. Na prevenção social, é preciso trabalhar com jovens em situação de vulnerabilidade social e com os egressos do sistema prisional, incluindo os que cumpriram medidas socioeducativas, tentando tirá-los da trajetória de crime”. Entre as soluções para a melhoria da segurança pública, o coordenador defende a revisão do Estatuto do Desarmamento. “Todos os estudos apontam que mais armas trazem menos segurança”, completou.

O diretor Rogério Carneiro disse que é preciso avaliar as ações por sua efetividade no curto, médio e longo prazo e dividir em prevenção social as mais qualificadas. “O Ministério da Justiça está buscando parcerias com outros ministérios da área social, a fim de definir as ações de prevenção. Elas têm resultados a médio e longo prazos, são mais eficientes, duradouras e mais estruturantes. Como o trabalho coloca, talvez não se consiga atingir todas até 2023, como, por exemplo, acabar com a desigualdade social”, ressaltou.capa-violencia-e-seguranca-publica

Tendências e cenários

O estudo reforça a urgência de se avançar na política de segurança pública. “Isso, tendo em vista os riscos da situação se agravar, seja para um estado de violência endêmica, seja para um estado policial”, Rogério Carneiro. Segundo ele, a análise das tendências, das incertezas e dos principais atores de segurança pública e suas estratégias levaram a quatro cenários fictícios: de prevenção social, de violência endêmica, de repressão autoritária e de repressão qualificada.

O estudo mostra que certas decisões podem contribuir para um futuro indesejável. “A opção por uma política mais repressiva, punitiva e encarceradora pode reduzir a nossa liberdade e aumentar a exclusão, sem reduzir as taxas de criminalidade. A repressão direcionada para as camadas populacionais mais vulneráveis socioeconomicamente cria um sentimento generalizado de injustiça, que acaba por esgarçar os vínculos sociais e apartar a polícia das comunidades.”

Segundo a publicação, a melhoria da governança passa pela política de segurança pública, que precisa coordenar e integrar melhor as medidas de prevenção e repressão. Também passa pelo estabelecimento de pactos entre os órgão dos três poderes na coordenação de ações – hoje realizadas isoladamente no sistema de justiça criminal – e pela estruturação dos órgãos de segurança pública e envolvimento da sociedade.

*Fonte: EBC

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