ABI BAHIANA

Especial 8M: Jornalista Caroline Gois relata desafios da profissão

Ela está há mais de 14 anos liderando equipes, coordenando processos de treinamento, gestão e motivação pessoal, em ambientes de redação jornalística e corporativo. Para a jornalista baiana Caroline Gois, diretora do Portal A Tarde e sócia do Grupo Mucugê, a troca do dia a dia da reportagem pela atuação na área comercial aconteceu de maneira gradativa e natural. Aos poucos, mergulhou na comunicação digital voltada para o desenvolvimento de veículos e focou na convergência midiática. Desde então, elaborou projetos e estratégias em gestão de crise para empresas consolidadas no setor da comunicação.

Movida pela “vontade de contar histórias”, acumulou experiências no radiojornalismo, webtv e produção de conteúdo interativo para website, através de passagens pela TV Record Bahia, Rede Bahia, Rádio Metrópole, Rádio Itapoan FM e Site BNews. Hoje no Grupo A Tarde, ela contribui também com o Jornal e a Rádio, com o apoio dos líderes destas plataformas para convergir os conteúdos e levar a inovação ao centenário. Nesta entrevista especial do Dia Internacional da Mulher, a jornalista, formada em 2003 pela Unijorge, revela os desafios que a levaram ao topo do mundo corporativo, em cargos majoritariamente ocupados por homens. Confira!

O que a levou a escolher o jornalismo como profissão?

A vontade de contar histórias, principalmente as histórias das pessoas e do país. Sempre entendi o Jornalismo como um caminho que possibilita a construção da história de nossa sociedade e como um meio que contribui para a construção e percepção social.

Em que momento você decidiu sair da reportagem para trabalhar com comunicação digital e prestar consultoria a corporações? Qual foi a motivação?

Na verdade, não houve um momento exato. As coisas foram acontecendo. À medida que fui tendo experiências na área, galguei cargos de liderança e, quando me vi, estava no meio digital. Aprendi junto com o desenvolvimento da mídia digital, já que quando comecei era tudo muito novo e recente. A oportunidade veio até mim e aproveitei. Desde então, as experiências foram se acumulando e me senti pronta para contribuir junto às empresas com os conhecimentos que adquiri em minha trajetória.

A participação da mulher no mercado de trabalho tem crescido. Embora a presença seja maior, esse crescimento se dá de forma lenta e os desafios continuam grandes. Como jornalista, qual é o seu maior desafio?

Levar ao mercado a prática de que somos capazes de estar em cargos de liderança e em posições que transformam e gerenciam processos ainda hoje pilotados por homens. Fazer com que nosso profissionalismo e capacidades sejam reconhecidos.

Para você, enquanto mulher jornalista, qual a representatividade de ocupar um cargo de direção em uma empresa consolidada?

O exemplo de que qualquer mulher pode chegar onde cheguei. Que até nós mesmas precisamos ir além do fato de sermos mulheres. Somos profissionais. Precisamos confiar que a gente consegue e acreditar em nós.

O fato de ser mulher já fez você sofrer algum tipo de preconceito/assédio moral ou sexual no contexto profissional?

Já sofri assédio moral. Assumi cargos de liderança onde demais líderes eram homens. Minha opinião ficava em segundo plano, havia exposição e descrédito. Era nítido para mim e para a equipe que era pelo fato de eu ser mulher. Hoje, reconheço e falo sobre isso como algo que não permitiria mais. Mas, o que ocorreu me fortaleceu ainda mais para chegar onde cheguei e me sentir respeitada, como hoje me sinto.

Você tem passagens por portais de grande repercussão na Bahia e ampla atuação no ambiente digital. O que você definiria como principal transformação do jornalismo desde a sua formatura?

A consolidação do Jornalismo Digital em suas diversas plataformas.

Como avalia o papel da mulher na sociedade contemporânea?

Sem dúvida alguma, este papel se transformou. Ainda assim, vivemos presas e aprisionadas nas questões culturais que apontam a mulher como um ser frágil e limitado, cuja melhor função que ela pode exercer é ser mãe e dona de casa. Mas, temos mais vozes, mais representação, mais exemplo. É um caminho sem volta. Hoje, a mulher pode e deve reconhecer seu verdadeiro papel na sociedade. Papel este que é o que ela quiser.

Mulheres ainda avançam em ritmo lento ao topo do mundo corporativo. Qual conselho daria para aquela mulher que deseja trilhar esse caminho na comunicação? Quais as maiores barreiras para alcançar o sucesso nessa área?

A dica vai para as mulheres e para qualquer profissional. Queira ir além e vá. Saia da caixa ou transforme a caixa que você conhece. Seja mais que jornalista – seja gestora, líder. Porque fazer comunicação vai além de entrevistar, fazer release ou postar em sites. Fazer comunicação é lidar com outras pessoas, entender o colaborador e sentir a fonte. É planejar, organizar e executar. Independente da função que exerce na empresa, faça sempre um pouco mais. Se reinvente e esteja preparada para gerenciar crises. Afinal, se somos capazes de gestar um ser, amamentar, ser mulher, esposa, amante e cuidar da casa, podemos qualquer coisa. A limitação está dentro de nós. Liberte-se disso e vai conquistar o que deseja. Sobre desafios? Sem estes, a gente não segue em frente.

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Notícias

8 de março: Programação cultural marca o Dia Internacional da Mulher em Salvador

Rússia, 1917 – Foto: GettyImages

O Dia Internacional da Mulher (8 de março), data que surgiu de movimentos trabalhistas, é tempo de pensar nas conquistas e lutar por mais mudanças culturais, sociais e profissionais em relação às mulheres. Para o jornalismo pensado no feminino, é um momento de refletir sobre a mulher jornalista e trazer ao centro das discussões as condições dessa profissional no mercado – cujas subjetividades foram construídas a partir de uma cultura jornalística que não valoriza o trabalho feminino.

Para marcar a data, uma série de eventos – como palestras, oficinas e até festival literário – será realizada na capital baiana (a maioria é gratuita), com programações que abordam o combate ao machismo e destacam os avanços das mulheres. A seleção a seguir foi publicada pelo jornal Correio*.


Mulher Negra – gênero e negritude: bate-papo com Luana Soares

Data: 08/03 (quinta-feira)
Onde: Elementuá Espaço Colaborativo (Rua da Fonte do Boi, 5, Rio Vermelho)
Horário: 18h
Ingresso: gratuito
Informações: (71) 2132-7867

Matinée especial Dia da Mulher – Filme Gilda (Ano: 1946; Diretor: Charles Vidor)
Onde: Auditório Museu Carlos Costa Pinto
Horário: 15 horas
Ingresso: R$ 5,00 (meia) / R$ 10,00 (inteira)
Informações: (71) 3336-6081

Quintas Gregorianas especial Dia da Mulher
Com coordenação e adaptação dramatúrgica da diretora e roteirista Thais Alves, a cantora Rebeca Matta e a atriz Márcia Andrade apresentam o projeto Leituras Musicadas, onde falam de amor, tempo, dor e saudade a partir dos poemas de Gregório de Mattos.
Onde: Galeria da Cidade – Teatro Gregório de Mattos
Horário: a partir das 19h
Ingresso: gratuito
Informações: (71) 3202-7888

Oficina A poesia é uma festa, com Kátia Borges
Serão duas manhãs para aprender sobre poesia e contemporaneidade, especialmente a partir das vozes femininas. Além da leitura de poemas de autoras como Angélica Freitas, Ana Martins Marques e Simone Teodoro, vão ser realizadas experiências de criação, exercitando a percepção poética, verso e ritmo.
Onde: CAIXA Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro – Salvador)
Ingresso: gratuito (20 vagas – sujeito à lotação do espaço)
Data: de 10 e 11 de março
Horário: das 9h30 às 12h.
Informações: (71) 3421-4200

Festival Letra de Mulher
Evento reunirá escritoras brasileiras contemporâneas numa programação que envolve rodas de conversa, oficina e performance. O evento é dedicado à produção de escritoras brasileiras contemporâneas e fará da CAIXA Cultural Salvador um palco da literatura brasileira produzida por mulheres. O Festival acontece de quinta (08) a domingo (11).Encontro “Letra de Mulher”
Onde: 
CAIXA Cultural Salvador (Rua Carlos Gomes, 57, Centro – Salvador)
Ingresso: gratuito
Data: de 08 a 11 de março
Informações: (71) 3421-4200
Programação resumida:

Dia 08, 20h – Mesa de abertura: Outras Palavras, com Alice Ruiz e Estrela Leminski
Dia 09, 15h – Mercado, publicação e reconhecimento: os caminhos das escritoras, com Luisa Geisler e Carol Bensimon.
17h30 – Literatura, feminismo e produção independente na internet, com Clara Averbuck, Lady Sybylla e Flávia Azevedo.
20h – O que faz uma escritora? com Mabel Veloso e Maria Valéria Rezende.
Dia 10, 14h – Contação de Histórias, com Daniela Andrade (Atividade infantil)
15h – Ser Mulher, Ser negra, Ser Escritora, com Cidinha da Silva.
17h – Meu livro de cabeceira ou do YouTube para as prateleiras, com Jout Jout.
18h30mim – Literatura Movimenta – Iniciativa que estimulam a formação e difusão da produção literária produzidas por mulheres, com Juliana Gomes (Leia Mulheres) Susana Ventura (Mulherio das Letras).
20h – Outras Palavras – A relação da literatura e outras linguagens nas artes, com Zélia Duncan.
Dia 11, 16h – Literatura das Bordas – Todas as palavras em evidência, com Lívia Natália e Roberta Estrela D’Alva.
19h – Outras Palavras – A relação da literatura e outras linguagens nas artes, com Roberta Estrela D’Alva, Karina Buhr e Kuma França.

Oficina de Automaquiagem, Oficina de Turbantes, Cadastro no Bolsa Família, dentre outros
A Polícia Militar, por meio da Base Comunitária de Segurança do Calabar (BCS), realiza uma semana de serviços e lazer em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, que teve início nesta segunda-feira (5) e segue até o próximo sábado (10) na Praça 11 de maio, Calabar.
Programação completa:
06/03 – a partir das 9h – Oficina de PVC, Palestra de Empreendedorismo, Palestra sobre Diabetes e Pressão Arterial BCS;
07/03 – a partir das 8h – Mutirão de preventivo (no Posto de Saúde do Calabar), Abordagem geral sobre as mulheres – Roda de conversa (Biblioteca do Calabar), Palestra DST’s e HIV, Palestra sobre a Lei Maria da Penha;
08/03 – a partir das 7h30 – Café da manhã (Praça Nossa Senhora de Fátima), Roda terapêutica (Quadra Poliesportiva do Calabar), Oficina de Automaquiagem (Sorteio de sessão de fotos e brindes da Contém 1g), Palestra – Marco do 8 de março (Sorteio de brindes), Oficina de turbantes, Aula de Fitdance
09/03 – a partir das 8h – Cadastro Único Bolsa Família, Palestra – Alimentação Saudável, Saúde Mental (Posto de Saúde do Calabar), Aula de Fitdance
10/03 – a partir das 8h – Cadastro Único Bolsa Família, Palestra – Alimentação Saudável, Oficina Literária (Alto das Pombas), Jogo evolutivo sobre a violência doméstica (Quadra Poliesportiva do Calabar), Ser mulher (Jogo Quiz, maquiagem e fotos) (Quadra Poliesportiva do Calabar) e Aulão do Fitdance (Quadra Poliesportiva do Calabar)

Exposição no Metrô
De 6 a 9 de março, as estações Pituaçu, Pirajá e Rodoviária recebem a exposição fotográfica Mulheres do Metrô. Cinquenta colaboradoras de cargos operacionais, administrativos e de liderança do metrô de Salvador se inscreveram para participar da exposição e são as protagonistas da mostra que destaca a beleza e o poder feminino. Além da exposição, a CCR Metrô Bahia também vai promover um dia de beleza para as clientes. O Espaço Beleza será montado na Estação Pituaçu e vai oferecer massagem relaxante, maquiagem com design de sobrancelhas, esmalteria (limpeza, higienização das unhas, pintura e desenhos artísticos), cosmetologia (orientação de cosméticos naturais) e distribuição de brindes. As ações serão realizadas no dia 8, das 8h às 18h, em parceria com o SE7E Centro Tecnológico.

Exposição Mulheres do Metrô | De 6 a 9/03 | Das 5h às 00h | Estações Pituaçu, Pirajá e Rodoviária
Esmalteria | Dia 8/03 | Das 8h às 18h | Estação Pituaçu
Massagem Relaxante | Dia 8/03 | Das 8h às 18h | Estação Pituaçu
Maquiagem com Design de Sobrancelhas | Dia 8/03 | Das 8h às 18h | Estação Pituaçu
Cosmetologia | Dia 8/03 | A partir das 14h | Estação Pituaçu
Distribuição de brindes | Dia 8/03 | Das 8h às 18h | Estação Pituaçu

Simpósio da Mulher
O Shopping Bela Vista vai receber o Simpósio da Mulher que irá reunir especialistas em direitos e conquistas, saúde da mulher, além de desembargadoras, vereadoras, jornalistas, órgãos públicos de defesa e politicas públicas para mulheres e movimentos de defesa, para tratar sobre diversos temas do universo feminino. O evento, em formato de Pocket show, será apresentado pela jornalista Daniela Prata e terá dicas de moda com as Blogueiras Youtubers Sika Caicó e Inês Martins, do Canal É Bafho, no Youtube, além de ações de estética, massagens, make up e outros serviços. A iniciativa é uma parceria do Shopping Bela Vista e das lojas Avatim, Arezzo, Yes Cosméticos, Zinzane, Sobrancelha Design.
Segue abaixo a programação completa, que será aberta ao público, na Praça Central (Piso L1):

• 09:00h. abertura das estações de serviços
• Esmalteria e Massagem Relaxante Pelo Master
• Avatim stand com massagens relaxantes  Turno da tarde.
• Sobrancelha Design stand com Make up Turno da tarde.
• 10:00 h  Ativação estação Instituto Embelezze durante todo dia do evento.
• 11.30h Roda de bate papo sobre Empoderamento com Naira Gomes, Vilma Reis e Ivy Guedes Coordenadoras do  Movimento Crespo da Bahia falando  sobre ESTÉTICA AFRO-DIASPÓRICA e Carol Barreto com o Tema A MODA E SEUS COMPORTAMENTOS.
• 12:00h Consultoria de Moda com as Youtubers e Stylists Sika Caicó e  Inês Martins apresentando as principais tendências do Bela Vista e abordando o tema 3ª peça e apresentação de tendências da Loja Zinzane.
• 14:00h ás 15.00 Apresentação de vídeos temáticos sobre o dia Internacional da mulher.
• 15:30h Canal È BAFHO FALANDO SOBRE MODA.
• 17.00h Roda de bate papo com Drº George Trindade Costa sobre SAÚDE DA MULHER e veiculação dos vídeos da Campanha Ame-se de prevenção ao câncer de mama.
• 18:00h  Apresentação da Cantora Rebeca Bandeira / Voz e Violão.
• 19.00h  Veiculação de vídeos temáticos sobre Violência Doméstica – Números e dados estatísticos sobre a violência no Brasil.
• 20:00h  Roda de Bate Papo sobre a LEI MARIA DA PENHA, com representantes da Ronda Maria  da Penha, a Ver. Rogéria Santos, a Desa. Nagila Brito Presidente da Coordenadoria da Mulher do Tribunal de Justiça da Bahia, a Secretária da Politicas para Mulheres Julieta Palmeira e a Comunicadora Viviane Nonato.

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Notícias

RSF homenageia jornalistas mulheres e destaca os riscos da profissão

Nos últimos 20 anos, o número de mulheres na profissão de jornalista aumentou. Mas elas correm, em muitos casos, mais perigos que os homens e ainda devem enfrentar muitos preconceitos, pois a posição das mulheres nos meios de comunicação sempre é o reflexo do lugar que ocupam na sociedade onde vivem. Para alertar sobre os riscos a que estão expostas as mulheres jornalistas e defensoras dos direitos humanos, a organização Repórteres Sem Fronteira (RSF) prestou uma homenagem nesta quinta-feira (5/2) às profissionais de todo o mundo. O grupo lembrou o Dia Internacional da Mulher, comemorado no próximo domingo (8/3), para destacar o papel de profissionais que lutam pela liberdade de imprensa em diversos países, onde são vítimas de violências, prisões, intimidações e censura.

A RSF destacou ainda uma lista de dez jornalistas que, segundo a organização, são exemplos de compromisso com a liberdade de informação: Zaina Erhaim (Síria), Farida Nekzad (Afeganistão), Hla Hla Htay (Myanmar), Marcela Turati (México), Noushin Ahmadi Khorasani (Irã), Mae Azango (Libéria), Khadija Ismayilova (Azerbaijão), Brankica Stankovic (Sérvia), Solange Lusiku Nsimire (República Democrática do Congo) e Fatima Al Ifriki (Marrocos).

Em nota, a organização chamou atenção também para os perigos que correm muitas dessas profissionais em países onde investigações jornalísticas terminam de forma trágica. “O Plano de Ação das Nações Unidas para a segurança de jornalistas e a questão da impunidade exige um enfoque “sensível ao gênero”. Esse foco precisa ser aplicado urgentemente”, cobrou a RSF. Para a entidade, algumas regiões no mundo devem ser objeto de uma atenção particular quanto à proteção das mulheres no exercício do jornalismo.

Do virtual ao real

No âmbito virtual, as redes sociais têm sido as principais plataformas para ameaças e ataques virtuais contra jornalistas mulheres. Segundo a BBC, os “linchamentos virtuais” ganham força principalmente devido a facilidade do anonimato. “Eu recebi centenas de tuítes usando os termos mais obscenos de ameaças de morte e até de estupro”, denunciou a jornalista turca Amberin Zaman. As ameaças começaram depois de sua cobertura sobre os protestos que ocorreram em Istambul, em 2013. Correspondente na Turquia da revista The Economist e colunista do jornal Taraf, ela contou que já “ameaçaram fazê-la sentar em uma garrafa de vidro quebrada” por causa de suas opiniões e textos publicados.

Recentemente, após reportar a repercussão dos atentados na França à redação da Charlie Hebdo e a um mercado kosher a jornalista contou ter sofrido mais uma leva de insultos. “As ameaças me fizeram ficar apavorada, temendo por minha segurança física ao sair nas ruas”, confessou. “As jornalistas do sexo feminino que mais são alvos de abusos geralmente escrevem sobre crimes, política e temas sensíveis à sociedade, como dogmas e tabus”, diz Dunja, Mijatovic, representante do conselho de liberdade de imprensa da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE).

Sexo frágil?

Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, dois fatos servem para evidenciar o protagonismo feminino na contemporaneidade e, também, perfilar as fortalezas e fragilidades da mulher pós-moderna. Na Argentina, a ex-mulher de Nisman denunciou que o promotor foi assassinado. Na Rússia, a namorada de Boris Nemtsov é considerada testemunha-chave na morte do opositor russo e estaria sendo ameaçada de morte. Essas duas mulheres podem ser pedras nos sapatos de dois importantes chefes de Estado.

A juíza Sandra Arroyo Salgado, ex-mulher do promotor Alberto Nisman, apresentou na quinta-feira supostas provas de que seu ex-marido foi assassinado. “Alberto Nisman foi morto”, disse Arroyo Salgado em uma entrevista coletiva em San Isidro, um subúrbio de Buenos Aires. Ela é querelante daquele que quatro dias antes de morrer acusou a presidenta da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, de suposto acobertamento dos supostos autores iranianos do atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA), em 1994. Arroyo Salgado organizou uma equipe de peritos que trabalhou no último mês e que hoje entregou sua conclusão à juíza do caso, Fabiana Palmaghini. “O relatório descarta com contundência as hipóteses do acidente e do suicídio”, disse. “A morte violenta no contexto político e judicial teve grande impacto na institucionalidade da República, além de pôr em causa o papel do Estado diante da comunidade internacional em matéria de terrorismo”, atacou a ex-mulher.

Já a modelo ucraniana Anna Duritskaya, 23, principal testemunha da morte de Boris Nemtsov, foi proibida de deixar a Rússia pelas autoridades locais que cuidam da investigação do caso. Duritskaya estava com o líder oposicionista quando este foi abatido a tiros a metros do Kremlin. Ambos caminhavam no centro de Moscou após jantarem. Setores da mídia local, que apoiam o governo de Vladimir Putin, dizem que os investigadores não descartam seu envolvimento com a morte – em mais uma das teorias surgidas no fim de semana em Moscou.

Embora parte da oposição aponte o dedo diretamente para o Kremlin, a maioria dos analistas prefere ver o crime como produto indireto do ambiente mafioso criado pelo exacerbado nacionalismo de Putin. Ainda mais se se acrescentar à morte de Nemtsov os assassinatos relativamente recentes de outros críticos de Putin, como a jornalista Anna Politkovskaya e o espião Alexander Litvinenko. Este foi alcançado em Londres, mas a morte de Nemtsov, por ter sido à sombra do Kremlin, tem um simbolismo muito mais forte.

*Informações do Portal IMPRENSA, Folha de S. Paulo, El País (Edição Brasil) e G1.

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