ABI BAHIANA

ABI lamenta a morte do jornalista e professor José Marques de Melo

José Marques de Melo, um dos principais teóricos da Comunicação no Brasil, faleceu em São Paulo nesta quarta-feira (20), vítima de um enfarto fulminante. A Associação Bahiana de Imprensa (ABI) se junta a dezenas de instituições, no sentimento de pesar pela passagem do jornalista e renomado professor alagoano, aos 75 anos. Zé Marques, como era chamado pelos amigos, foi o primeiro doutor em jornalismo titulado por uma universidade brasileira, em 1973. Para o presidente da ABI, Antonio Walter Pinheiro, Melo deixa inestimável legado para o pensamento comunicacional, com ênfase na comunicação na América Latina e no Brasil. Ao longo de sua trajetória acadêmica, ele publicou cerca de 50 livros e coletâneas sobre estudos na área.

A perda causou grande comoção nas instituições que tiveram a história marcada pela atuação do pesquisador e entre estudiosos da comunicação. A Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (FACOM/UFBA) expressou em nota “profundo pesar e tristeza pelo falecimento” e apresentou condolências à família.

José Marques de Melo e Sergio Mattos no Congresso da Intercom – Foto: Reprodução

O professor Sérgio Mattos, amigo de José Marques e autor de sua biografia “O Guerreiro Midiático” (disponível aqui), publicou uma nota emocionada no Facebook. “Estou sem palavras para registrar a perda do amigo, do líder, do homem dinâmico, predestinado, aglutinador e incansável que foi José Marques de Melo, ou simplesmente Zé Marques. Só sei que ele continuará vivo, entre nós, no legado que nos deixou, tais como instituições que criou, livros que escreveu, nos ex-alunos e principalmente em suas ideias, uma fonte de referências permanente. Meus sentimentos aos familiares e a todos nós do campo da comunicação, pois ficamos órfãos”, lamentou Mattos, que também integra a diretoria da ABI.

José Marques foi o responsável por idealizar e fundar, em 1977, a Intercom –Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, onde atuava como presidente de honra e membro do Conselho Curador. Atualmente, era Titular da Cátedra Unesco de Comunicação para o Desenvolvimento Regional na Universidade Metodista de São Paulo. “A Intercom, em nome de toda a comunidade acadêmica e profissional das Ciências da Comunicação, oferece sua solidariedade à família e celebra a vida e a obra deste que foi um de seus mais importantes representantes”, diz nota divulgada pela instituição.

Ele também foi docente-fundador da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP). O professor da ECA, Eugênio Bucci, disse ao jornal Estado de S.Paulo que Marques de Melo foi “pioneiro na projeção de uma ponte entre a universidade e a cultura profissional”. “Os estudos dele têm uma forma forte influência na consolidação do repertório acadêmico, mas também conquistou muito respeito entre jornalistas profissionais experientes. O trabalho dele sobre a história e as práticas jornalísticas também foi essencial”, disse.

Bio

José Marques de Melo nasceu em Palmeira dos Índios, em 1943, e se mudou para a vizinha Santana do Ipanema, de onde saiu na adolescência para estudar em Maceió e no Recife. Ele se formou em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco, durante a década de 1960, antes de se transferir para São Paulo. Na capital, fundou o Centro de Pesquisas da Comunicação Social, da Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, e foi docente-fundador da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde obteve os títulos de doutor em Ciências da Comunicação, livre-docente e professor catedrático de jornalismo.

Impedido por anos de exercer a docência em universidades públicas em razão da ditadura militar, ele reassumiu sua cátedra na USP após a anistia. Em 1989, foi escolhido pela comunidade acadêmica para exercer o cargo de diretor da ECA, função ocupada até 1993, quando se aposentou na instituição. Em 2009, coordenou o processo de revisão das diretrizes curriculares dos cursos de jornalismo, que foi implementada pelo então ministro da Educação Fernando Haddad (PT).

*Com informações do Estadão e da Intercom.

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Museu de Imprensa da ABI realiza oficina gratuita de conservação documental

De 14 a 20 de maio acontece a 16ª Semana Nacional de Museus, temporada cultural promovida pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) em comemoração ao Dia Internacional de Museus, celebrado em 18 de maio. Nesta edição, 1.130 museus de todo o país oferecem ao público 3.261 atividades especiais e o Museu de Imprensa da Associação Bahiana de Imprensa (ABI) é uma dessas instituições. O Museu de Imprensa vai realizar a “I Mini oficina de Conservação e Higienização Documental”, de 14 a 17 de maio. Os interessados devem enviar o formulário de inscrição para o e-mail <[email protected]> de 26 a 30 de abril. As vagas são limitadas.

O Museu de Imprensa da ABI está fechado ao público desde 2010. Criado pela Associação Bahiana de Imprensa em sua própria sede, o Museu tem como finalidade preservar a história da imprensa, através do seu acervo de periódicos antigos, volantes, obras e objetos pertencentes a jornalistas. O equipamento passará por reestruturação completa e em breve estará de portas abertas para visitação. Em razão disso, a oficina gratuita será promovida na seda da ABI, no Edifício Ranulfo Oliveira, na Praça da Sé (Centro).

  • Faça download da Ficha de Inscrição aqui

Museus hiperconectados

A cada ano, o Icom (Conselho Internacional de Museus) lança um tema diferente para a celebração dessa data, que é também o mote norteador das atividades da Semana de Museus. Com o tema “Museus hiperconectados: novas abordagens, novos públicos”, a proposta deste ano é que museus e instituições participantes busquem amplificar suas relações com a comunidade e seu entorno.

Os principais objetivos do evento são promover, divulgar e valorizar os museus brasileiros; aumentar o público visitante e intensificar a relação dos museus com a sociedade.

Em 2016, pesquisa do Ibram mostrou que no período da Semana de Museus a frequência de público nas instituições participantes chega a aumentar 79% em comparação à semana anterior – o que reforça o papel da comunicação e a continua aproximação com os frequentadores por meio de programação diversificada.

Atualmente, o Ibram tem mapeados cerca de 3,8 mil museus no Brasil. Em 2018, mais de 1,1 mil instituições participarão da Semana de Museus. As atividades propostas são as mais diversas – como exposições, ações educativas, exibição de filmes e bate-papos.

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Palestra na ABI expõe impactos das fake news turbinadas pelas redes sociais

“O mundo pertence a quem se atreve e a vida é muito para ser insignificante”. Quem nunca viu essa frase circulando na Internet com a assinatura do ator e diretor Charles Chaplin, mesmo anos depois de o escritor brasileiro Augusto Branco reivindicar a autoria do poema “Vida”? Segundo a jornalista Suely Temporal, sócia da empresa de comunicação integrada Agências de Textos, a poeta Clarice Lispector, o Papa Francisco e até o deputado Tirica também vivem “assinando” textos que nunca escreveram. Temporal expôs os impactos das notícias falsas espalhadas na rede – desde a atribuição equivocada de autoria até crimes de maior potencial ofensivo – durante palestra sobre as chamadas “fake news”, nesta quarta-feira (11). O evento inaugura o projeto “Temas Diversos”, uma série de debates idealizada pela diretoria da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), para discutir assuntos relevantes da relação entre a imprensa e a sociedade.

Suely Temporal destaca papel do jornalismo na apuração dos fatos – Foto: Joseanne Guedes/ABI

Suely Temporal abordou a crise dos modelos de negócios tradicionais, com a fuga de audiência, as novas ferramentas que servem para buscar a verdade, e o papel do jornalismo na apuração rigorosa dos fatos. Ela reconhece os principais desafios da profissão em tempos de notícias falsas, pós-verdade e polarização política globalizada. “Hoje em dia, é ‘creio, logo existe’”, afirmou a jornalista, em alusão à célebre frase do filósofo francês René Descartes (“Penso, logo existo”, do original “Je pense, donc je suis”). “Não tem como parar esse fenômeno. Precisamos criar mecanismos e não acredito que nos próximos 50 anos isso vá acontecer”. Para Suely, as fake news só expõem a credibilidade do profissional. “Sou jornalista e tenho a obrigação de checar o fato antes de pensar em compartilhar. Isso é validação da informação”.

Uma checagem que, segundo pesquisa divulgada pela jornalista, ainda não se tornou um hábito. “95% dos entrevistados não costumam validar notícia, 80% não consultam outras fontes, 65% procuram via buscadores, 20% consultam amigos e parentes”. Já um estudo realizado pela agência Advice Comunicação Corporativa, por meio do aplicativo BonusQuest, em novembro do ano passado, indicou que 78% dos brasileiros se informam pelas redes sociais. Destes, 42% admitem já ter compartilhado notícias falsas e só 39% checam com frequência as notícias antes de difundi-las.

Entre os motivos que fazem uma pessoa compartilhar um boato de Internet (os conhecidos hoax), Temporal citou a ignorância, o desconhecimento e ingenuidade. “A pessoa não sabe que a informação é falsa e repassa querendo ajudar”. Ou, por outro lado, o desejo de endossar opiniões pessoais. “E tem aqueles que usam o conteúdo sabendo que se trata de uma farsa. Isso é crime”. Segundo ela, a pós-verdade já começa, inclusive, a borrar conceitos e valores necessários para a vida em sociedade. “Há pessoas que preferem mentiras confortáveis a verdades inconvenientes”, constata.

De acordo com Suely Temporal, barrar o processo de divulgação de notícias falsas na Internet é algo bastante complexo. A fonte original pode ser bloqueada, porém, outros milhares difundem. As consequências são imprevisíveis, justamente pela fluidez e descentralização da rede. Além disso, ordens judiciais podem não ser amplamente cumpridas e eficazes em todos os casos. O resultado é a proliferação de um hábito que pode destruir uma reputação e prejudicar alguém, ou causar tragédias, como nos casos de pessoas que têm seus nomes vinculados a crimes e acabam vítimas de violência. A dica é não compartilhar uma informação no calor do recebimento, agir com cautela, desconfiar do conteúdo por mais crível que pareça. Repassar sem ler? Nem pensar.

Diretores da ABI acompanham palestra sobre “fake news” – Foto: Joseanne Guedes/ABI

O presidente da ABI, Antonio Walter Pinheiro, ressaltou a seriedade do tema, principalmente porque envolve liberdade de expressão e liberdades individuais, e destacou a imprensa como fonte primária de checagem daquilo que está sendo noticiado. De acordo com ele, os meios de comunicação tradicionais têm um papel chave no combate às fake news, neste momento em que a avalanche de informações de todos os tipos está disponível. “Esse fenômeno não é uma coisa nova e os tabloides ingleses estão aí para provar isso. O caminho é recorrer aos veículos de credibilidade e acabar com a impunidade. Já existem setores nas polícias para punir autores dessa prática. Quando alguém compartilha, está contribuindo para o problema”, completa o dirigente.

Já estão programadas discussões para as três próximas reuniões da diretoria da ABI: Josair Bastos, presidente do Sindicato das Indústrias Gráficas do Estado da Bahia, dará na reunião de maio um panorama sobre o setor; em junho, o jornalista Paulo Roberto Sampaio vai compartilhar as experiências da época em que atuou como  coordenador de cobertura televisiva da Copa do Mundo, evento esportivo realizado pela FIFA; e o jornalista e poeta Florisvaldo Mattos falará na reunião de julho sobre os 220 anos da Revolta dos Búzios, movimento também conhecido como Revolta dos Alfaiates/Conjuração Baiana.

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Notícias

Mostra em Salvador celebra o audiovisual negro e homenageia Mahomed Bamba

Entre os dias 11 e 15 de abril de 2018, acontece em Salvador a I Mostra Itinerante de Cinema Negro – Mahomed Bamba, com o objetivo de visibilizar, difundir e debater a produção audiovisual realizada por cineastas negras(o)s de África e de sua diáspora. A mostra homenageia o ex-professor e pesquisador de cinema da Faculdade de Comunicação (FACOM/UFBA), Mahomed Bamba, falecido em 2015, depois de lutar contra um câncer no fígado. O evento contará com mesas de debates, oficinas para crianças, Oficina de Elaboração e Desenvolvimento de Projetos e o Minicurso de Cinema Africano. A abertura da mostra, no dia 11, no SESC Pelourinho, prevê um show da cantora baiana Luedji Luna.

Natural de Costa do Marfim, Bamba propunha em seus ensaios uma nova leitura sobre as narrativas fílmicas produzidas nas periferias globais, sobretudo as realizadas no continente africano. Ele era doutor em Cinema, Estética do Audiovisual e Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), e integrava o corpo de professores da FACOM desde 2009, onde atuava na área de Cinema e Audiovisual, além de ser professor e pesquisador do Programa de Pós Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas.

O festival terá exibições regulares na Sala Walter da Silveira (DIMAS), no bairro dos Barris, e itinerantes nos bairros do Cabula, Uruguai e Garcia, reunirá mais de 35 obras de longas e curtas metragens realizados entre 2015 e 2017, produzidos por cineastas negra(o)s do Brasil e de países africanos de língua portuguesa, como Guiné-Bissau, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial e de países da diáspora.

A I Mostra Itinerante de Cinema Negro – Mahomed Bamba é realizada por cineastas e produtoras audiovisuais, tendo como idealizadora, coordenadora geral e de produção Daiane Rosário; na coordenação de curadoria de filmes nacionais e produção, Julia Morais e Tais Amor Divino; na coordenação de curadoria de filmes africanos e produção, Kinda Rodrigues; coordenação de produção, Loiá Fernandes; e na coordenação de comunicação e produção, Inajara Diz.

O festival tem como parceiros, a Fundação Cultural do Estado da Bahia (FUNCEB), a Diretoria de Audiovisual da Bahia (DIMAS), a Diretoria de Espaços Culturais, o Espaço Cultural de Alagados, a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Salvador, o Centro Cultural Casa de Angola na Bahia, o Ponto de Cultura Boiada Multicor (UNIRAAM), a Aliança Francesa e Centro de Comunicação Democracia e Cidadania (CCDC), Instituto Mídia Étnica e Correio Nagô.

Acesse a página do evento e confira a programação.

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