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Azerbaijão impede jornal inglês de cobrir Jogos Europeus

O Governo do Azerbaijão não concedeu credenciamento ao jornal britânico The Guardian, um dos maiores do mundo, para cobrir a primeira edição dos Jogos Europeus que acontecem na cidade de Baku entre os dias 12 a 28 de junho de 2015. O país é comandado pelo ditador Ilham Aliyev há 12 anos e a decisão é uma retaliação a matérias publicadas no ano passado, que denunciaram violações de direitos humanos. O fato acontece em meio ao recente escândalo envolvendo a FIFA (Federação Internacional de Futebol), entidade máxima do futebol mundial, com a prisão de sete executivos acusados de corrupção nos mais altos níveis do órgão, incluindo o vice-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), José Maria Marin. A crise culminou na renúncia do presidente da entidade, Joseph Blatter, que ocupava o cargo há 17 anos, quatro dias após ser reeleito para um mandato que duraria até 2019.

guardian_sedeO próprio jornal The Guardian revelou, nesta quinta-feira (11), seu banimento da cobertura dos jogos, um dia antes da cerimônia de abertura. Segundo a ESPN, o The Guardian aguardava a confirmação do credenciamento para o evento, que serviria também como visto de entrada no país. Pouco menos de três horas antes do voo do jornalista Owen Gibson, porém, veio a recusa do credenciamento. Já o Terra informa que as autoridades locais pagaram os custos de todos os atletas durante o período de competição e criaram facilidades ao receber o evento, mas estão sendo criticadas por violação de direitos humanos.

O Guardian esteve no Azerbaijão, em dezembro, para cobrir a preparação dos Jogos Europeus. Durante o período no país, o jornal britânico denunciou algumas violações aos direitos humanos, com a preocupação crescente da censura do governo aos seus opositores políticos. Outros veículos também estão proibidos de entrar no Azerbaijão, como as ONGs Anistia Internacional e Human Rights Watch. A ação do governo local é duramente criticada pelo Parlamento Europeu, que em reunião desta semana cobrou o respeito aos direitos humanos durante os Jogos. O Comitê Olímpico Europeu também se mostra contra à limitação de credenciais, definiu a negação de credenciais como algo completamente contrário aos espíritos esportivos.

*Luana Velloso/ABI com informações da ESPN e Terra.

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Liberdade de expressão norteia decisão do STF para liberar biografias sem prévia autorização

O Supremo Tribunal Federal (STF) votou por unanimidade a favor da publicação de biografias não autorizadas no Brasil, nesta quarta-feira (10), com base na liberdade de expressão. A decisão libera biografias não autorizadas pela pessoa retratada ou por seus familiares publicadas em livros ou veiculadas em filmes, novelas e séries. Uma longa sessão realizada no Plenário da Casa teve o voto favorável de todos os ministros que estavam presentes: Carmen Lúcia, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello, Celso de Melo e Ricardo Lewandowski. O ministro Teori Zavascki, em viagem oficial à Turquia, não participou da sessão. Durante o julgamento, todos os ministros defenderam a liberdade de expressão e o direito à informação, mas afirmaram que, em caso de violação ao direito à intimidade, a pessoa biografada poderá buscar indenização do biógrafo por danos morais junto ao Judiciário. Os ministros analisaram a ação de Inconstitucionalidade movida em 2012 pela Associação Nacional de Editores de Livros (Anel), que questionava os artigos 20 e 21 do Código Civil, que permitia a herdeiros ou biografados o pedido da retirada de circulação de livros no país sem suas autorizações.

Agência O Globo  André CoelhoPara a ministra relatora Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação a favor dos direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais. A ministra destacou ainda que a Constituição prevê, nos casos de violação da privacidade, da intimidade, da honra e da imagem, a reparação indenizatória, e proíbe “toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística”. Assim, uma regra infraconstitucional (o Código Civil) não pode abolir o direito de expressão e criação de obras literárias. “Não é proibindo, recolhendo obras ou impedindo sua circulação, calando-se a palavra e amordaçando a história que se consegue cumprir a Constituição. A norma infraconstitucional não pode amesquinhar preceitos constitucionais, impondo restrições ao exercício de liberdades”, afirmou.

Seguindo o voto da relatora, o ministro Luís Roberto Barroso destacou que o caso envolve uma tensão entre a liberdade de expressão e o direito à informação, de um lado, e os direitos da personalidade (privacidade, imagem e honra), do outro – e, no caso, o Código Civil ponderou essa tensão em desfavor da liberdade de expressão, que tem posição preferencial dentro do sistema constitucional. Ele disse ainda esperar que o resultado do julgamento “passe a mensagem correta para juízes e tribunais do País que ainda têm uma postura de excessiva interferência de liberdade de expressão”, disse. Barroso voltou a repetir que o País “tem um histórico de cerceamento de liberdade de expressão”, citando os períodos do Estado Novo e da Ditadura Militar. “A Constituição de 1988 procurou ser uma reação a essa história acidentada, porém, o Código Civil tal como vinha sendo interpretado, permitia que por via do poder judiciário se violasse a liberdade de expressão”.

Para o ministro Gilmar Mendes, fazer com que a publicação de biografia dependa de prévia autorização traz sério dano para a liberdade de comunicação. Ele destacou também a necessidade de se assentar, caso o biografado entenda que seus direitos foram violados, a reparação poderá ser efetivada de outras formas além da indenização, tais como a publicação de ressalva ou nova edição com correção. O ministro Marco Aurélio disse que há, nas gerações atuais, interesse na preservação da memória do país. “E biografia, em última análise, quer dizer memória”, assinalou. “Biografia, independentemente de autorização, é memória do país. É algo que direciona a busca de dias melhores nessa sofrida República”, afirmou. Por fim, o ministro salientou que, havendo conflito entre o interesse individual e o coletivo, deve-se dar primazia ao segundo.

Ministro mais antigo da Corte, Celso de Mello afirmou que a garantia fundamental da liberdade de expressão é um direito contramajoritário, ou seja, o fato de uma ideia ser considerada errada por particulares ou pelas autoridades públicas não é argumento bastante para que sua veiculação seja condicionada à prévia autorização. O ministro assinalou que a Constituição Federal veda qualquer censura de natureza política, ideológica ou artística. Mas ressaltou que a incitação ao ódio público contra qualquer pessoa, grupo social ou confessional não está protegida pela cláusula constitucional que assegura a liberdade de expressão. “Não devemos retroceder nesse processo de conquista das liberdades democráticas. O peso da censura, ninguém o suporta”, afirmou o ministro.

livro-2006-robertocarlosApós o julgamento, o representante da Associação Nacional de Editores de Livros (Anel), Roberto Feith, que apresentou a ação em 2012, disse ver a decisão com muita alegria. “É a conclusão de três anos de luta dos editores. Acho que não só os editores, mas todos os brasileiros, com essa decisão, reconquistaram o direito à plena liberdade de expressão e o direito ao livre acesso ao conhecimento sobre nossa história”, afirmou ao G1. Advogado da Anel, Gustavo Binenbojm disse que houve uma “vitória retumbante” da liberdade de expressão no país. “O que tem que ser celebrado é esse passo largo dado no caminho da plena liberdade de expressão. E é uma vitória não só dos editores, não só dos autores, é uma vitória de todos aqueles que amam a literatura, a cultura e acreditam que as palavras e as ideias podem mudar o mundo”.

Esta decisão pode ter impacto em casos como da biografia de Roberto Carlos, que foi suspensa. O escritor Paulo César de Araújo, autor de uma biografia não autorizada sobre Roberto Carlos, recolhida das livrarias, também comemorou a decisão. “Eliminou talvez o último entulho autoritário da nossa legislação. Não tinha cabimento viver no Estado democrático de direito com censura prévia e livros apreendidos”, afirmou ao G1. Já o advogado do cantor, Carlos de Almeida Castro, o Kakay, acredita que o caso não pode ser alterado pelo fato de já ter transitado em julgado.

 *Luana Velloso/ABI com informações do Jornal O Estado da S. Paulo, G1 e do site do STF.

 

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“Caneta de Ouro da Liberdade” homenageia jornalistas mortos no exercício da profissão

A premiação anual “Caneta de Ouro da Liberdade”, promovida desde 1961 pela Associação Mundial de Jornais e Editores, homenageia este ano 1.100 jornalistas mortos no mundo no exercício de sua profissão desde 1992. De acordo com o Jornal O Estado de S. Paulo, dados revelados pela entidade apontam que, dos 1.100, 51% eram jornalistas de impresso e 39% do total morreu em cobertura de conflitos e guerras. Os dados foram divulgados durante a cerimônia de abertura de uma agenda múltipla do setor, que agrega, até esta quarta-feira (3), o 67º Congresso Mundial de Imprensa, o 22º Fórum Mundial de Editores e o 25º Fórum Mundial de Publicidade, em Washington.

“A tragédia desse massacre é amplificada por uma estatística assombrosa: autores de nove entre 10 assassinatos de jornalistas não são punidos. Ultimamente, isso é o que alimenta as chacinas. A impunidade estimula os crimes, amedronta a sociedade com sangue e nega o direito à liberdade de imprensa”, disse ontem Marcelo Rech, presidente do Fórum Mundial de Editores e diretor executivo de Jornalismo do Grupo RBS. A premiação ocorre anualmente em reconhecimento a iniciativas individuais, de grupo ou institucionais em defesa da liberdade de imprensa. Este ano, a associação decidiu fazer uma homenagem às vítimas da violência. “Queremos enviar uma mensagem àqueles que tiram a vida dos jornalistas, assim como aos legisladores para que reforcem a proteção daqueles que lidam com notícias ao redor do mundo”, declarou em nota a associação.

Segundo um levantamento da associação, os países que mais oferecem risco aos jornalistas são o Iraque, com 166 mortes desde 1992, Síria, com 80, Somália, 56, Paquistão, 56 e México, 32. A pesquisa também aponta que quase 90% das mortes ocorreram no país dos próprios jornalistas. De acordo com a associação, os profissionais locais são provavelmente menos treinados, pagos e protegidos. Fazem coberturas em regiões onde jornalistas estrangeiros não conseguem mais ter acesso, ou para o qual seus empregadores não mais desejam mandá-los a trabalho. Além das guerras, as trocas de tiros registradas em ocorrências policiais ocupam o segundo lugar na lista das causas das mortes, com 224 baixas. “Não há liberdade de expressão sem proteção e segurança para a prática do jornalismo”, destacou Rech. “É por isso que estamos aqui, para celebrar a liberdade e para reafirmar nosso compromisso com todos aqueles mortos em campo. O sacrifício deles não foi em vão. Vamos batalhar pelos mais altos ideais do jornalismo, que é denunciar todas as formas de injustiça e ainda contribuir para um mundo mais livre e pacífico.”

A Associação Mundial de Jornais e Editorias tem sede nas cidades de Paris, na França, e Darmstadt, na Alemanha, e é formada por jornais e novas mídias, que representa 18 mil publicações, 15 mil sites e cerca de 3.000 empresas em mais de 120 países. Sua missão central é a defesa da liberdade de imprensa, bem como do jornalismo de qualidade e integridade editorial.

União Europeia quer reavaliação da condenação de Rafael Marques

Julgamento do jornalista e ativista angolano Rafel Marques

O caso do jornalista Angolano Rafael Marques condenado pelo tribunal provincial de Luanda a seis meses de prisão com pena suspensa no processo de difamação sobre a violação dos direitos humanos na exploração diamantífera com a publicação, em Portugal, em setembro de 2011, do livro “Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em Angola”, vem tendo grande repercussão internacional. Após o Departamento de Estado norte-americano ter comunicado que está “profundamente desiludido pela condenação por difamação de Rafael Marques“, é a União Europeia (UE) que reage ao mais recente desenvolvimento do processo judicial. A União Europeia quer a reavaliação da condenação do ativista e jornalista angolano, sustentando que as leis sobre difamação não devem ser utilizadas contra a liberdade de expressão e o jornalismo de investigação.

Em declarações à agência Lusa, uma porta-voz da UE para a política externa afirmou que “A UE tem seguido de perto o caso contra o jornalista e ativista dos direitos humanos Rafael Marques, assim como outros casos, dada a importância que atribui à liberdade de imprensa e direitos humanos”. A porta-voz reforçou ainda, que “as leis de difamação não sejam utilizadas contra a liberdade de expressão e o jornalismo de investigação”, e que a questão dos direitos humanos é uma das matérias que fazem parte “do diálogo que a UE tem mantido com Angola”.

Começou a circular também um abaixo-assinado em defesa do jornalista angolano. Ao todo, são 72 signatários que pedem ao Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, que ordene “o fim do processo legal que envolve o jornalista Rafael Marques”. A lista foi promovida pela Index On Censorship, uma organização não governamental que atua na defesa da liberdade de imprensa. O texto é assinado por várias personalidades internacionais, a maior parte deles jornalistas, mas há também escritores, ativistas de todo o mundo e realizadores de cinema. Contam-se nomes como Steve McQueenm diretor de “12 anos Escravo”, vencedor do Oscar para Melhor Filme em 2014, Jimmy Wales, fundador da Wikipedia e Ali Ferzat, cartunista satírico da Síria. A Tiffany & Co., maior empresa do indústria diamantífera do mundo, também deixou a sua assinatura.

 *Luana Velloso/ABI com informações do jornal O Estado de S. Paulo, do Portal Imprensa, e do site O Observador.

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ONU adota resolução que condena violência contra jornalistas

O Conselho de Segurança da ONU adotou uma resolução que condena todas as violações e abusos contra jornalistas e lamentou com veemência a impunidade existente nestes casos. A resolução adotada por unanimidade, na última quarta-feira (27), convoca os Estados a tomar medidas adequadas para assegurar a responsabilização dos crimes cometidos contra jornalistas, profissionais da mídia e equipe associada em situações de conflito armado. O vice-secretário-geral da ONU, Jan Eliasson, observou o aumento “preocupante” do número de jornalistas mortos desde 2006 e a tendência dos grupos terroristas e criminosos de usá-los como alvos ou ameaçá-los. Ainda segundo ele, 90% dos casos de crimes contra a categoria ficam impunes.

A decisão lembra ainda que o trabalho da mídia livre, independente e imparcial constitui um dos fundamentos essenciais das sociedades democráticas. O Conselho reiterou sua demanda de que todas as partes do conflito respeitem as obrigações determinadas pelo direito internacional relacionadas à proteção de civis em conflitos armados, incluindo jornalistas, e pediu a liberação imediata de todos aqueles sequestrados ou mantidos como reféns.

Segundo Eliasson, os assassinatos recentes de jornalistas têm recebido ampla atenção em todo o mundo. “No entanto, não devemos esquecer que 95% dos assassinatos de jornalistas em conflitos armados envolvem jornalistas locais, que recebem menos cobertura da mídia”, pontuou. Eliasson cobrou dos Estados um maior compromisso na condenação de responsáveis por assassinatos de jornalistas em situações de conflito, organização de debates sobre sua proteção, incentivo a missões do Conselho de Segurança para averiguar a segurança de jornalistas e profissionais da mídia e garantias de que a liberdade de expressão e segurança dos jornalistas continue sendo parte integral dos direitos humanos e reformas jurídicas, bem como que apoiem o Plano de Ação da ONU sobre a Segurança dos Jornalistas e a Questão da Impunidade.

*Luana Velloso com informações da ONU, Rede Angola e do site O Jornalista.

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