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Sinjorba celebra posse da nova diretoria

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia – Sinjorba realizou neste sábado (03) a cerimônia de posse da nova diretoria da entidade. O evento aconteceu no auditório da Associação Bahiana de Imprensa – ABI, na Praça da Sé, e reuniu profissionais da imprensa, autoridades, professores de cursos de Comunicação e representações sindicais. A chapa “Sinjorba Forte, Jornalismo Forte” foi eleita nos dias 27 e 28 de julho passado, em pleito realizado de maneira online.

Foto: Arisson Marinho

Coube ao jornalista Jorge Ramos representar a ABI na celebração e receber no Edifício Ranulfo Oliveira os convidados do Sinjorba. Acompanhado pelos confrades Jair Cezarinho e Romário Gomes, que integra a diretoria das duas entidades, Ramos resgatou a história da criação do Sinjorba e falou sobre a tarefa de preservar a memória dos 70 anos do Sindicato. “É uma trajetória notável e que precisa ser resgatada. Esse é um compromisso que vamos honrar neste segundo mandato de Moacy”, adianta o ex-presidente do Sinjorba.

O jornalista Moacy Neves, presidente eleito para mais uma gestão, falou dos desafios da nova diretoria do Sinjorba nos próximos três anos, como o rebaixamento salarial, o desrespeito a normas legais e a crescente violência contra o trabalho da imprensa. E não esqueceu de citar as vitórias do mandato passado, como o movimento pela vacinação dos jornalistas.

Em um momento marcado por muita emoção, Moacy anunciou a indicação para batizar a gestão com o nome de Edna Nolasco, em homenagem à jornalista falecida no final de 2021, depois de desempenhar um papel importante na imunização dos colegas em Vitória da Conquista (BA). “Perdemos uma grande colega para a Covid-19 no ano passado. Isso nos deixou entristecidos porque vimos a sua dedicação. Edna Nolasco batalhou pela vacinação dos jornalistas”, observou.

Segundo Neves, não há como pensar a profissão sem traçar estratégias para a coletividade. Ele explica que as mudanças na legislação trabalhista fragilizaram o trabalhador, que tem poucas possibilidades de se defender. “Há muita precarização. Achar que, individualmente, poderemos resolver nossos problemas é uma ilusão”, adverte. Ele destaca que o Sinjorba mantém aberto o convite para os jornalistas se sindicalizarem. “Fizemos campanha no primeiro semestre e vamos intensificar as chamadas para os colegas”, contou o dirigente.

Sinjorba Forte, Jornalismo forte

Um dos jornalistas que já atenderam a esse chamado do Sinjorba foi Victor Pinto. “O que me motivou foi justamente a atuação do sindicato pelos jornalistas durante a pandemia. Ajudei como pude na mobilização, mesmo não sendo filiado. Por isso, resolvi me aproximar para me filiar”, disse. “O Sindicato é muito importante pela defesa do trabalhador. Eu sei da importância fundamental das empresas, pois sem elas não há empregos, não há oportunidade de trabalho. Mas, essa relação precisa ser saudável para todos os lados. Os sindicatos, bem geridos, são bombeiros e não incendiários”, avalia.

Ao contrário de Victor, o jornalista Nestor Mendes é um veterano na luta sindical. Ele se filiou ao Sinjorba ainda na década de 80. De uma coisa os dois têm certeza: a relevância do papel das entidades sindicais. “A sindicalização é combatida no mundo inteiro, é uma questão de classes. Não interessa ao poder a existência dos sindicatos, porque é a forma de lutar contra a precarização das relações de trabalho”, reflete. “Tenho 40 anos de profissão. Podia dizer ‘já fiz minha parte’ e passar para as gerações mais jovens, mas a gente tem que salientar que o sindicato é importante não apenas para uma pessoa e sim para a coletividade. O jornalismo é uma profissão com dificuldades históricas e precisa de representação forte”, defende Mendes.

Washington de Souza e Nestor Mendes | Foto: Arisson Marinho

Para o professor Washington de Souza Filho, vice-diretor da Faculdade de Comunicação da UFBA, o jornalista precisa se reconhecer enquanto trabalhador. “Se ele não compreende o papel que desempenha a entidade sindical, deixa de fortalecer o valor que tem sua categoria, mas ainda neste momento infeliz, em que enfrentamos a depreciação de qualquer atividade que remeta ao pensamento e à disseminação de informação e ciência”.

Uma importante mudança na Facom foi enfatizada pelo docente. De acordo com ele, a partir de 2023, começa a valer a reestruturação da unidade de ensino, de olho na necessidade de assimilação das múltiplas linguagens que desenvolvem o jornalismo. “O objetivo é que curso de Jornalismo possa oferecer uma realidade mais condizente com a conjuntura estabelecida pelas transformações trazidas pela tecnologia”, explica o professor.

O curso mantém a mesma concepção para as disciplinas teóricas. Muda o eixo da formação profissional, com a proposta de disciplinas integradas. “A intenção é permitir, na formação dos bacharéis em Jornalismo – não mais ‘bacharéis em Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo’ -, que eles possam compreender as práticas como elas estão sendo desenvolvidas, associadas à relação entre as diversas funções”, destaca.

Pautas

Muitas ações do Sinjorba sofreram pausa ou não foram trabalhadas na integralidade por causa da pandemia de Covid-19. De acordo com o Sinjorba, essa retomada tem em sua pauta prioritária pelo menos dois pontos: a unificação das campanhas salariais e a capacitação dos jornalistas. “Queremos fazer uma campanha unificada de todos os segmentos da nossa base de jornalistas em 2023. Vamos debater de maneira coletiva com as empresas os direitos da categoria na Bahia. Quanto à capacitação, muitas iniciativas foram paradas porque funcionam para o regime presencial. Já temos dois cursos aprovados na Secretaria do Trabalho”.

Outras lutas estão em curso. No plano nacional, o Sinjorba se organiza para atuar, junto com a Fenaj, em prol da proposta de piso salarial, a chamada PEC do Diploma e a nova regulamentação da profissão.

“Nós trabalhamos e nosso tempo livre é dedicado ao Sindicato. Eu e Moacy nem pretendíamos permanecer na direção, mas decidimos ficar para dar continuidade aos projetos interrompidos pela pandemia”, afirma a vice-presidente do Sinjorba, Fernanda Gama. “O Sinjorba sozinho é só um nome. Precisamos dos jornalistas. Queria que os colegas acreditassem e viessem para a luta. Não sabemos como serão os próximos anos. Mas sabemos que precisaremos estar juntos”, orienta a jornalista.

De acordo com Fernanda, a campanha de vacinação contra a Covid serviu para mostrar a força da categoria. “Mostramos que podemos muito. A gente pode conquistar mais. Sejam multiplicadores, falem da importância do Sindicato”, pediu a dirigente.

Foto: Joseanne Guedes

Confira os membros da nova Diretoria do Sinjorba:

Diretoria Executiva
Presidente: MOACY CARLOS ALMEIDA NEVES
Vice-presidente: FERNANDA REGINA VENÂNCIO GAMA
Secretário-Geral: KARDELICIA MOURÃO LOPES
Secretário de Relações Institucionais e Jurídicas: NEY RIBEIRO SÁ
Secretário de Adm. e Finanças: CARMEN CENIRA VASCONCELOS DA SILVA
2º Secretário de Adm. e Finanças: NESTOR MENDES LIMA JUNIOR
Secretário do Interior: RAFAEL SANTANA LOPES

DIRETORIAS SETORIAIS
Diretoria de Formação Sindical e Defesa da Profissão: GABRIELA MACIEL DE PAULA GARCIA
Diretoria de Comunicação, Cultura, Esporte e Lazer: GABRIEL FALCÃO DE CARVALHO
Diretoria de Saúde, Previdência e Assistência Social: LÍLIAM SAMPAIO CUNHA
Diretoria de Relações de Gênero e Promoção da Igualdade Racial: LUCIMEIRE OLIVEIRA DE FREITAS

DIRETORIAS REGIONAIS
Diretor Regional Sul – DIVALDO DANIEL THAME
Vice-Diretor Regional Sul: MARCOS VALÉRIO LUZ DE MAGALHÃES
Diretor Regional Extremo Sul: EZEQUIAS ALVES DA COSTA
Vice-Diretor Regional Extremo Sul: MARLENE PEREIRA ABADE
Diretor Regional Norte: SUELY BORGES BARBOSA
Vice-Diretor Regional Norte: REGINALDO ALVES DA SILVA
Diretor Regional Nordeste: JOÃO MASCARENHAS SANTANA
Vice-Diretor Regional Nordeste: LUIZ VITORIANO TITO PEREIRA
Diretor Regional Oeste: MIRIAM HERMES
Vice-Diretor Regional Oeste: HÉLIO BRANDÃO DA SILVA
Diretor Regional Sudoeste: HELISSON SILVA SANTOS
Vice- Diretor Regional Sudoeste: JUSCELINO NOVAIS SOUZA
Diretor Regional Sudeste – JEQUIÉ: ARI MACHADO DE MOURA
Vice-Diretor Regional Sudeste: JOSÉ NILTON BISPO MEIRA
Diretor Regional Recôncavo: ORLANDO OLIVEIRA SILVA
Vice-Diretor Regional Recôncavo: ROMÁRIO COSTA GOMES

Delegado junto à Fenaj: MURILO BERETA DUARTE

CONSELHO FISCAL
1º Titular: RUBENS FLORIANO SANTOS
2º Titular: UBIRATAN PASSOS ALMEIDA
3º Titular: ARISSON MARINHO DE OLIVEIRA
1º Suplente: PEDRO AUGUSTO MORAIS SIMÕES JUNIOR
2º Suplente: ADILTON DA SILVA VENEGEROLES
3º Suplente: CECILIA ANA VÁSQUEZ SOTO

COMISSÃO DE ÉTICA
LEVI REIS VASCONCELOS
MÔNICA DIAS BICHARA
MARIA ISABEL SANTOS BORGES
MARJORIE DA SILVA MOURA
ARIEVALDO TEIXEIRA DONATO
RUBENS NEUTON MORAES CARDOSO
JACIARA MARIA SANTOS AGUIAR DA SILVA

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Posse da nova diretoria do Sinjorba acontecerá no auditório da ABI

Unir a categoria em torno do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia e da Fenaj – Federação Nacional dos Jornalistas. Esse é o grande desafio da nova diretoria do Sinjorba, que foi eleita dias 27 e 28 de julho passado, em pleito realizado de maneira online. Essa tarefa começa com a posse neste sábado (03), 9h, em solenidade na sede da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), na Praça da Sé, em Salvador. A entidade divulgou em seus canais oficiais convite a todos os jornalistas.

Para o presidente reeleito da entidade, Moacy Neves, os jornalistas estão diante de uma encruzilhada. Segundo ele, a categoria tem dois caminhos, ou manter-se como está, sem reagir e assistir a um processo acelerado de precarização da profissão, ou se unir para tentar mudar a situação. “A única opção que pode ajudar a reconquistar a autoestima e a dignidade profissional é o fortalecimento de nossas entidades sindicais, para que tenhamos condições de lutar e conquistar avanços”, opina.

Os desafios são muitos, mas o Sindicato acredita que há ânimo na categoria para a retomada das lutas. Moacy cita exemplos, locais e nacionais, de como a mobilização dos jornalistas pode ser efetiva e levar a vitórias.

Na Bahia ele cita as lutas travadas pelos jornalistas de A TARDE, que paralisaram atividades em quatro oportunidades, entre fevereiro/2021 e março/2022, conquistando a volta do pagamento em dia dos salários – situação normalizada em maio passado -, após seis anos. Outro resultado da atuação firme do Sinjorba foi a vacinação prioritária dos profissionais de imprensa com mais de 40 anos, em maio/2021.

Em âmbito nacional, o presidente do Sinjorba lembra da vitória contra o governo Bolsonaro, em dois momentos. Primeiro em 2019/2020, quando uma Medida Provisória (905/2019) trazia a proposta de acabar com o registro profissional da categoria. E depois, em 2021, quando outra MP (1045/2021) tentou extinguir a jornada de cinco horas diárias.

Moacy destaca, ainda, mais recentemente, a resistência em assinar um acordo salarial rebaixado, que vem sento mantida pelos jornalistas do Grupo Globo no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, apesar da pressão patronal de um dos mais fortes grupos de comunicação do país.

A posse da nova diretoria se dá em um momento de efervescência política no país, com as eleições de outubro. Sinjorba e Fenaj têm expectativa que em 2023 se tenha um cenário no governo federal e no Congresso mais favorável, para pautarem temas que possam frear a precarização do trabalho jornalístico. “Há pautas que queremos debater como o piso salarial, a nova regulamentação profissional e mais rigor na concessão de registro profissional”, lembra Moacy.

Serviço:

Posse nova diretoria do Sinjorba
Data: 3 de setembro
Hora: 9h
Local: Auditório da ABI – Edifício Ranulfo Oliveira (Rua Guedes de Brito, 1 – Praça da Sé – Centro Histórico de Salvador)

COMO CHEGAR?

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Jornalista Emiliano José toma posse na Academia de Letras da Bahia

Eleito em novembro para ocupar a cadeira de número 1 da Academia de Letras da Bahia (ALB), o jornalista, escritor e professor Emiliano José toma posse nesta sexta-feira (19/03), às 19h. O evento ocorre de forma virtual, em decorrência da pandemia de Covid-19, assim como foi a posse histórica da nova diretoria da ALB, realizada no último dia 11, pelo Youtube (canal da ALB aqui). A solenidade será dirigida pelo acadêmico Ordep Serra, recém-eleito presidente da entidade. Depois do discurso de agradecimento, o mais novo imortal será saudado pelo arquiabade do Mosteiro de São Bento, Dom Emanuel D’Able do Amaral, membro da Academia.

Em entrevista à Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Emiliano José falou sobre a honraria de ocupar a cadeira deixada pelo historiador Luís Henrique Dias Tavares, falecido em  junho passado. “A minha fala vai tentar traduzir o agradecimento e ao mesmo tempo lembrar os meus antecessores, e de modo muito especial do professor Luís Henrique Dias Tavares, provavelmente o mais importante historiador da vida baiana. Será um momento muito significativo”, destaca.

“É um momento muito honroso para mim. Não foi uma luta para chegar à Academia, foi uma generosidade dos acadêmicos e acadêmicas, que me acolheram com imenso carinho”, afirma. Segundo ele, o principal esforço foi do arquiabade Dom Emanuel d’Able do Amaral. Aos 74 anos de idade e com 16 livros publicados, Emiliano considera a indicação um reconhecimento de sua trajetória como jornalista e escritor. Ele tinha 28 anos quando chegou como “foca” à redação do jornal Tribuna da Bahia, sua primeira casa, anos depois de deixar a prisão no período da ditadura.

O professor contribuiu para formação de gerações de jornalistas e escritores baianos, por sua atuação de mais de 20 anos na Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom). “Chego à Academia graças ao jornalismo. Agradeço profundamente ao mundo do jornalismo, aos meus colegas e minhas colegas, aqueles que conviveram comigo e me ensinaram, deram o caminho das pedras. Eu fico muito comovido ao lembrar que essa trajetória é devida principalmente aos amigos e amigas jornalistas, que me deram régua e compasso”, afirma Emiliano José.

Pandemia e posse virtual

Acostumado a reunir dezenas de pessoas em eventos políticos e culturais, Emiliano lamentou a posse no formato virtual, mas reforçou a necessidade de se respeitar as medidas de distanciamento, como forma de combater o coronavírus. “Eu sempre conto com muita gente nos lançamentos dos meus livros e nas atividades que participo, mas amanhã terei que tentar juntar algumas pessoas na web. Vivemos sob uma pandemia, seriamente agravada por um governo negacionista, genocida. Não tem outra palavra, já que ultrapassamos 3 mil mortes por Covid ao dia. É uma trágica situação a nossa. A posse não poderia ser de outra maneira”, defende. “Melhor seria um encontro caloroso, cheio de abraços e beijos, mas estamos enfrentando este momento. Fomos levados a outro tipo de convivência, de natureza virtual. Não deixemos, no entanto, de conviver. Esses encontros são nossa maneira de manter acesa a fraternidade, celebrar a amizade, manter o diálogo entre nós”, convoca o jornalista.

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Emiliano José é o novo imortal da Academia de Letras da Bahia

O jornalista Emiliano José é o mais novo imortal da Academia de Letras da Bahia (ALB). Eleito pelos pares na quinta-feira (10) por maioria absoluta, com 21 votos e cinco em branco, ele irá ocupar a cadeira de número 1, que pertencia ao historiador Luís Henrique Dias Tavares. Reconhecido pelos acadêmicos por sua trajetória e obra, Emiliano José conta que, desde a indicação, sente-se comovido e honrado.

Aos 74 anos de idade e com 16 livros publicados, Emiliano acredita que foi o jornalismo que o gabaritou para assumir a posição. A profissão, que virou “uma paixão permanente”, serviu de ponto de partida para a escrita e, por isso, ele sente que deve dividir o reconhecimento com os colegas. “Quem chega à Academia, neste caso, são os jornalistas junto comigo. Esse é um reconhecimento de minha trajetória como homem da palavra e da escrita, não está em causa o parlamentar ou nada disso, mas a minha tradução das palavras como homem da escrita”, afirma.  

Obra reconhecida
Emiliano, que já participou de muitas eleições na vida, conta que a da ALB foi completamente diferente. “Não precisei brigar”, brinca. O jornalista revela que, dos bastidores à formalização da candidatura, o principal esforço foi do arquiabade do Mosteiro de São Bento, dom Emanuel d’Able do Amaral, também membro da Academia. De acordo com Amaral, o nome de Emiliano já vinha sendo cogitado dentro da ALB e a candidatura se fortaleceu pela importância da obra do jornalista. 

“O livro sobre o Padre Renzo, de Florença, por exemplo, que visitava os cárceres; ou a biografia de Waldir Pires, que eu fiz a orelha, também é excelente. Emiliano preencheu uma lacuna da história política contemporânea com muitos detalhes da ditadura que as pessoas não sabem e a história oficial não conta”, destaca dom Emanuel. Segundo Emiliano, outras possíveis candidaturas foram retiradas com sua indicação, tornando-se candidato único para o pleito. 

Quem também acreditou na trajetória de emiliano foi o professor, poeta e jornalista Florisvaldo Mattos. Ocupante da cadeira 31 da ALB, Mattos é um dos votos declarados em Emiliano. “Por ele ser jornalista, pela sua qualidade como profissional, e, como escritor, ser o biógrafo do ex-governador Waldir Pires”, justifica. 

Emiliano é um dos maiores intelectuais na historiografia política contemporânea da Bahia, senão o maior.

Luís Antonio Cajazeiras Ramos, poeta

Legado e continuidade
Já Luís Antonio Cajazeira Ramos vê semelhança nas trajetórias do jornalista e do seu antecessor na cadeira de número 1. Ele defende que a escolha do jornalista honra o legado de Luís Henrique Dias Tavares. “Lamentamos muito o falecimento de Luís Henrique, mas é de uma felicidade ímpar ele ser substituído por Emiliano, ambos são homens originalmente de esquerda, da comunicação, da história, foram presos políticos da ditadura, tem muita coisa parecida em suas trajetórias”, afirma o poeta. 

Filho de Luís Henrique Dias Tavares, o vice-presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Luís Guilherme Pontes Tavares, concorda que Emiliano é um nome de peso para ocupar a cadeira, mesmo revelando não ter nenhuma preferência antes da indicação. Ele conta que, assim que houve o anúncio do resultado da eleição, Emiliano procurou sua família em um ato de respeito e solicitou informações e livros para o discurso de posse, entre eles a última edição de História da Bahia e o livro Sedição Intentada na Bahia em 1798, escritos por seu pai.

“Além de ambos cultivarem o diálogo de longo prazo, o professor [Luís Henrique] era eleitor de Emiliano. Ambos são jornalistas, professores e pesquisadores e têm uma obra voltada para a história (um para a história contemporânea, o outro para a história da Bahia). O outro ponto de convergência, e que dá um sentido de continuidade, é o compromisso com a liberdade. Emiliano tem o compromisso com o povo e o respeito ao povo”, avalia Luís Guilherme. Emiliano afirmou que ocupar a cadeira deixada pelo historiador Dias Tavares, morto em  junho deste ano, é motivo de honra e de responsabilidade.

Orgulho da Bahia
Embora tenha nascido no estado de São Paulo, Emiliano é sobretudo um jornalista baiano. Aos 28 anos de idade, lembra ele, chegava como ‘foca’ no jornal Tribuna da Bahia, sua primeira casa, anos depois de deixar a prisão no período da ditadura. Suas contribuições para a área, no entanto, não têm fronteiras. É o que acredita Ernesto Marques, presidente da ABI. “Sua produção literária no campo acadêmico compõe uma bela contribuição para o jornalismo brasileiro por trazer reflexões preciosas sobre o papel da comunicação”, pontua.

Ernesto lembra que a decisão da ALB ocorre em um momento oportuno. “A poucos meses do cinquentenário do assassinato de Lamarca, em solo baiano, a eleição do autor de O Capitão da Guerrilha, escrito em parceria com Oldack de Miranda, é um justo reconhecimento ao seu valor como escritor e uma prova de vitalidade e contemporaneidade da Academia de Letras da Bahia”, afirma.

Hoje aposentado, Emiliano é responsável pela formação de gerações de jornalistas e escritores baianos, por sua atuação de mais de 20 anos na Faculdade de Comunicação da UFBA (Facom). Entre os alunos e alunas está a jornalista Suzana Barbosa, atualmente diretora da unidade. “Emiliano é um motivo de orgulho para a Facom e para a UFBA, sempre foi muito presente e atuante na instituição. Formado pela antiga EBC [Escola de Biblioteconomia e Comunicação], ele também fez seu mestrado e doutorado no programa de pós-graduação da Faculdade de Comunicação”, lembra Suzana. “Essa indicação só nos mostra essa figura comprometida que é Emiliano, com sua trajetória no jornalismo e na militância, a favor da democracia e com obras de referência para a nossa história atual”, completa a diretora da Facom. 

Emiliano no lançamento da Biografia do colega Waldir Pires | Foto: Divulgação

‘Eu escrevo todos os dias’
Breve, será possível conhecer mais capítulos da história de Emiliano contada por ele mesmo. O escritor revela que “já está rodando” a editoração de O Cão Morde a Noite, livro autobiográfico que escreveu e que conta com prefácio do reitor da UFBA, João Carlos Salles. Ainda sem data definida de lançamento, a obra é de responsabilidade da Edufba com apoio da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA). O jornalista diz que já prepara a sexta edição de Galeria F: Lembranças do Mar Cinzento, uma série dedicada às histórias e aos personagens que sofreram à ditadura brasileira. 

Atento aos novos tempos, Emiliano também escreve em seu perfil do Facebook uma série #MemóriasJornalismoEmiliano, contando bastidores, histórias e perfilando profissionais da imprensa baiana. “Eu escrevo todos os dias”, revela Emiliano. 

História de escrita e luta
Além de jornalista e escritor, Emiliano é reconhecido por sua atuação política. Emiliano foi militante estudantil, chegou a ser preso político na ditadura, período em que escreveu Memórias do Mar Sem Fim. Filiado ao Partido dos Trabalhadores, também vivenciou à política assumindo mandatos como vereador por Salvador, deputado estadual e federal. É biógrafo com livros publicados sobre Carlos Marighela e Carlos Lamarca e, em 2019, lançou o segundo volume de sua biografia do colega Waldir Pires pela Edufba. 

*Colaborou Simone Ribeiro

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