ABI BAHIANA

Revista Memória da Imprensa reúne gerações do jornalismo baiano

O lançamento da segunda edição da Revista Memória da Imprensa, na manhã de ontem (17), foi um momento de confraternização como há muito tempo não se via na Associação Bahiana de Imprensa (ABI). O auditório da entidade ambientou um histórico encontro de gerações do jornalismo baiano e um reencontro entre colegas que fizeram história na imprensa. Com caruru no almoço e ao som do músico Jonga Lima, o evento foi também uma comemoração pelo fechamento dos dois anos de mandato da gestão atual. Em novembro, a ABI elegerá sua nova diretoria.

A Revista Memória da Imprensa traz os relatos das carreiras de 30 profissionais da comunicação, pautando suas atuações nas mais diversas editorias, desde o jornalismo cultural e esportivo até o jornalismo policial, além do relato sobre o período de censura e repressão vivido na ditadura militar.

A primeira edição foi lançada em junho e teve as participações de Anízio de Carvalho, Antônio Matos, Emiliano José, Joaci Goes, José Sanmartin, José Athayde, Levi Vasconcelos, Paolo Marconi, Sérgio Mattos e Valter Lessa. Além de terem presenciado um período de grande destaque do jornalismo baiano – da década de 60 até 90 – esses profissionais também foram testemunhas e narradores de eventos marcantes para a história nacional.

Diretores da ABI receberam parte dos personagens retratados nas revistas | Foto: Joseanne Guedes

segunda edição, dedicada ao jornalista Carmelito Almeida, diretor da ABI falecido em julho deste ano, trouxe os depoimentos de Agostinho Muniz, Mário Kertész, Carlos Libório, Moacir Ribeiro, Carlos Navarro, Reynivaldo Brito, Gutemberg Cruz, Symona Gropper, Mariluce Moura e Walter Pinheiro.

“Queria externar nossa alegria imensa por ter tantos jornalistas aqui. Estamos desejando esse encontro de gerações na ABI há muito tempo. Quando dizemos que queremos renovar a ABI, significa que a gente quer que os mais jovens cheguem, para começarmos a preparar a passagem de bastão para quem vai dirigir essa casa no futuro”, iniciou o jornalista e radialista Ernesto Marques, presidente da ABI.

O dirigente refletiu sobre o momento que o país atravessa, com episódios constantes de violência contra a imprensa, além da precarização na área e as profundas transformações tanto do mercado quanto do fazer jornalístico. “Precisamos cada vez mais das entidades representativas. É importante que nós consigamos manter um vínculo solidário entre os profissionais da comunicação”, defendeu. Ernesto Marques aproveitou para justificar a ausência do presidente da Assembleia Geral da ABI, Walter Pinheiro, que estava fora da cidade por compromissos familiares. “Ele faz muita falta em momentos como este, pois muito do que acontece agora decorre do trabalho de liderança dele aqui na ABI. Com ele, aprendi a louvar a palavra ‘harmonia'”, reconheceu Marques.

Homenagens

“Você é uma inspiração, Moacir!” – gritou alguém no meio do auditório, ao final do agradecimento de Moacir Ribeiro, um dos personagens retratados nesta edição da Revista. Era a jornalista Jaciara Santos, cujo depoimento fará parte do terceiro número da publicação. Foi uma manhã de muitas homenagens, de trocas entre veteranos e jornalistas mais jovens, admirados por conhecerem suas inspirações ou reencontrarem antigos mestres. “Repórter policial eu fui durante toda a minha vida. Me dediquei com todo o rigor e toda satisfação, e hoje recebo esse elogio. Muito obrigado”, disse Moacir, emocionado.

Anízio de Carvalho ao lado do filho, Juarez Circuncisão, na varanda da ABI | Foto: Joseanne Guedes

O fotojornalista Anízio de Carvalho marcou presença com uma de suas inseparáveis analógicas. Dessa vez, ele deixou a Rolleiflex em casa. Quem entrou na cena foi a Pentax. Anízio ensaiou até entrar em campo e fazer seus brilhantes registros, mas foi impedido pela falta de filme para a câmera. Um dos entrevistados da primeira edição da Revista, ele se disse surpreso por ter sido convidado.

“Para mim, foi uma surpresa e achei excelente esse trabalho de reconhecimento dos profissionais antigos e que estavam no anonimato como eu. Me sinto muito orgulhoso de fazer parte. Lembraram de mim que tenho 50 anos de profissão, sendo 38 de Jornal da Bahia. Então, eu não tenho como agradecer a Deus pelos meus 92 anos e por ser lembrado pela ABI, que está fazendo essa festa bonita”, afirmou o mestre.

Uma das convidadas foi a jornalista e pesquisadora Cleidiana Ramos. “Foi fantástico chegar aqui hoje porque, para mim, memória tem muito da questão afetiva. Nós, jornalistas, não racionalizamos que, através do nosso trabalho, independente do formato, a gente vai fazendo o registro do cotidiano. Quando tem um macrofato, vemos o seu rastro no que fizemos no nosso dia a dia”, analisa a doutora em antropologia.

“A ABI sempre teve esse olhar para o nosso dia a dia, mesmo que a gente não soubesse.”

Cleidiana Ramos, jornalista e pesquisadora

Ramos reencontrou colegas que foram seus alunos e relembrou um momento marcante que viveu na ABI, nos tempos de foca. “Ganhei um prêmio da ABI no início da minha carreira. Era muito legal porque não era um prêmio no qual a gente de inscrevia. A cada mês, a ABI escolhia uma reportagem e a gente recebia um salário mínimo. Era um reconhecimento muito bom. Eu era foca, tinha acabado de entrar no A Tarde. A ABI sempre teve esse olhar para o nosso dia a dia, mesmo que a gente não soubesse. Acho fantástico essa força que a ABI vem demonstrando nos últimos anos”, incentivou.

“Não temos outro espaço cultural da categoria. A ABI é o lugar ideal.”

Tasso Franco, jornalista, editor do site Bahia Já

Também para Tasso Franco, editor do Bahia Já, o encontro deste sábado demonstrou a capacidade da Associação de congregar os profissionais da imprensa. “A ABI sempre foi uma casa de confraternização. Nunca tivemos outro local que pudéssemos nos reunir e fazer nossas atividades. Não temos outro espaço cultural da categoria. A ABI é o lugar ideal”, afirma o jornalista, sócio da ABI desde 1974.

Ele elogiou o projeto Memória da Imprensa. “Acho importante para preservar a história do nosso jornalismo. Nossa memória é muito frágil, nossas publicações editoriais, pequenas. Nós não registramos a trajetória dos nossos veículos. As próprias empresas não se dedicam a isso”, avaliou.

Novo formato, mesma essência

O projeto “Memória da Imprensa – A História do Jornalismo Contada Por Quem Viveu” registra histórias de jornalistas veteranos cujas atuações marcaram a imprensa da Bahia. Antes lançados em videodocumentários, os depoimentos passaram a integrar uma revista, em versões digital e impressa. A publicação é editada pelo jornalista Biaggio Talento, com projeto gráfico do artista visual e cartunista Gentil. A direção das entrevistas é assinada pelos jornalistas Valber Carvalho, Carollini Assis e Kau Rocha.

Confira imagens de Fábio Marconi:

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ABI BAHIANA

2ª edição da Revista Memória da Imprensa será lançada neste sábado (17)

Jornalistas depondo, instigando debates, boas polêmicas, trazendo revelações surpreendentes sobre as entranhas da comunicação na Bahia. Essa receita parece ter conquistado os leitores da Revista Memória da Imprensa. Desde que os primeiros exemplares chegaram às mãos dos amantes do impresso, surgiram as perguntas sobre o próximo número. E ele acaba de chegar! A 2ª edição desse registro histórico será lançada neste sábado (17) pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI). O evento de lançamento acontece no auditório da instituição, às 10h. É necessário convite para acesso ao local.

O projeto “Memória da Imprensa – A História do Jornalismo Contada Por Quem Viveu” registra histórias de jornalistas veteranos cujas atuações marcaram a imprensa da Bahia. Antes lançados em videodocumentários, os depoimentos passaram a integrar uma revista, em versões digital e impressa. A publicação é editada pelo jornalista Biaggio Talento, com projeto gráfico do artista visual e cartunista Gentil. A direção das entrevistas é assinada pelos jornalistas Valber Carvalho, Carollini Assis e Kau Rocha.

Primeira edição | Arte: Gentil/ Bamboo Editora

A Revista Memória da Imprensa traz os relatos das carreiras de 30 profissionais da comunicação, pautando suas atuações nas mais diversas editorias, desde o jornalismo cultural e esportivo até o jornalismo policial, além do relato sobre o período de censura e repressão vivido na ditadura militar.

  • Não leu a primeira edição? Acesse aqui!

A segunda edição vem com Agostinho Muniz, Mário Kertész, Carlos Libório, Moacir Ribeiro, Carlos Navarro, Reynivaldo Brito, Gutemberg Cruz, Symona Gropper, Mariluce Moura e Walter Pinheiro. A primeira edição trouxe Anízio de Carvalho, Antônio Matos, Emiliano José, Joaci Goes, José Sanmartin, José Athayde, Levi Vasconcelos, Paolo Marconi, Sérgio Mattos e Valter Lessa. Além de terem presenciado um período de grande destaque do jornalismo baiano – da década de 60 até 90 – esses profissionais também foram testemunhas e narradores de eventos marcantes para a história nacional.

Tempo, tempo, tempo…

A edição é dedicada ao jornalista Carmelito Almeida, diretor da ABI falecido em julho deste ano. O presidente da ABI, Ernesto Marques, lamentou não ter Carmelito entre os personagens, contando a sua própria história.

Segundo ele, o projeto é uma forma de buscar a coexistência pacífica com o tempo, já que os depoimentos oferecem uma oportunidade para “refletir sobre a profissão, ambições, vitórias, fracassos, virtudes e vícios, verdades absolutas e relativas, fatos e versões”.

Marques observa as mudanças no fazer profissional e no mercado da comunicação ao longo dos anos. “Nestas décadas que nos separam das histórias contadas aqui, profundas transformações nos espaços onde performam profissionais da comunicação de hoje – ruas, redações, estúdios escritórios, agências… A ponto de esses espaços se confundirem, na prática, com nossas próprias casas”, analisa.

SERVIÇO

Lançamento 2ª edição da Revista Memória da Imprensa
Data: 17/09/2022
Horário: 10h
Local: Auditório Samuel Celestino, 8º andar do Edifício Ranulfo Oliveira, sede da ABI (Rua Guedes de Brito, 1 – Praça da Sé – Centro Histórico de Salvador)

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Notícias

Revista da USP analisa relação entre comunicação, tecnologia e sociabilidade

Edição apresenta análise sobre o WhatsApp e a sociabilidade entre jovens

e o uso de memes com a temática de Harry Potter

A Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP acaba de lançar uma nova edição da revista Comunicação e Educação (volume 22, número 2, 2017). A publicação apresenta textos nacionais e internacionais em torno do tema “Letramento e tecnologias da informação: mediações possíveis”.

Entre os artigos, há O discurso político-educacional contra o bullying: uma abordagem sociossemiótica, no qual os autores analisam o slogan da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo para uma campanha de combate ao bullying. Outro destaque é o texto Entre o WhatsApp e a praça da “família”: relato de uma experiência teórico-metodológica, que revela os resultados de uma pesquisa sobre a sociabilidade entre jovens por meio das redes sociais e das praças de Fortaleza, no Ceará.

A revista ainda traz uma apresentação do poeta Paulo Leminski, em seus diferentes períodos de produção, e o artigo Do prazer ao pensamento crítico em Harry Potter, com análise de fanfics e memes sobre política e sociedade, inspirados no universo de Harry Potter.

Para ler a publicação na íntegra, acesse o Portal de Revistas USP.

*Informações do Jornal da USP.

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Notícias

Jornalista revela bastidores da reportagem sobre áudios secretos do STM

Em uma transmissão ao vivo, o repórter baiano Aguirre Talento, autor da reportagem que estampa a capa da revista Época desta semana, contou detalhes sobre a produção do especial “As Vozes da Ditadura“, que trouxe à tona os áudios secretos do Superior Tribunal Militar (STM) durante a ditadura militar. De acordo com a matéria, os arquivos inéditos “revelam como os ministros ignoravam a lei – e denúncias de tortura – para condenar réus de acordo com os interesses do regime”. O registro em áudio é um pacote com mais de 10 mil horas de gravação de 800 sessões secretas e não secretas a partir de 1975.

Segundo Aguirre, durante a ditadura militar, os julgamentos de presos políticos no STM eram divididos em sessões públicas, nas quais os advogados faziam sustentações, e em sessões secretas, onde os ministros debatiam e votavam. Por 40 anos, os debates e os fundamentos que justificaram as condenações ficaram trancados.

O detalhe é que, em 2006, o Supremo Tribunal Federal (STF) já havia determinado que tais arquivos fossem classificados como documentos públicos, derrubando a proibição de acesso – em atendimento a uma ação movida pelo advogado e pesquisador Fernando Fernandes, que pesquisava a documentação desde 1997. Em março deste ano, o STF julgou uma nova ação movida por Fernandes, na qual informava que a ordem anterior não havia sido cumprida pelo STM. O STF, então, determinou a liberação das gravações a que revista teve acesso.

“Esses arquivos estavam apagados da memória brasileira. Quando trazemos de novo, tocamos de novo aqueles julgamentos, nós fazemos ecoar na nossa memória aqueles momentos de sofrimento”, defende Fernando Fernandes em entrevista à Época. Para ele, essa vitória judicial permite descobrir o que os ministros faziam com as denúncias, o que eles discutiam depois que eram provadas e por que não eram investigadas.

Aguirre Talento explica a importância dos registros fonográficos. “É um material histórico. Desde o regime militar, ninguém sabia as fundamentações dos ministros nos julgamentos. Naquela época, tudo ocorria no escuro. Pela primeira vez, a gente mostra quais eram os fundamentos usados por eles e constata que, muitas vezes, as decisões não tinham base jurídica”, afirma.

“Os áudios publicados agora demonstram, pela primeira vez e com a força que somente gravações fornecem, como os ministros do STM ignoravam conscientemente a lei para proferir condenações que agradavam ao regime militar. Tomavam cotidianamente decisões de acordo com suas convicções pessoais. Tratavam com ironia e descaso as denúncias de maus-tratos a presos. Davam de ombros às alegações de que depoimentos haviam sido prestados sob tortura”, diz trecho da matéria “As Vozes da ditadura”.

Confira o vídeo com alguns áudios e entrevista de Fernando Fernandes:

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