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No aniversário de Salvador, espetáculo provoca olhar sobre situação do Centro

A moça que faz malabares no sinal de trânsito, a travesti que faz ponto nas esquinas, o jovem homofóbico, o cadeirante que vende cafezinho, a velha catadora, o jovem sagaz que trafica. Essas personagens vão desfilar pelas ruas do Politeama (Centro), a partir das 20h desta terça-feira, 29 de março, data em que a capital baiana completa 467 anos de fundação. Cidade de tantos epítetos, São Salvador da Bahia de Todos os Santos é tema da peça teatral “Ruína de Anjos”, d’A Outra Companhia, grupo revelado no Teatro Vila Velha. Em meio à celebração do aniversário da primeira capital do Brasil, o grupo pretende voltar o olhar da população para os problemas sociais da cidade – notabilizada por um expressivo conjunto de manifestações culturais e que guarda no seio os fortes traços da tradição, mesmo se abrindo para o novo.

Sem dúvida, a personagem mais crítica da cidade através dos tempos, dos seus costumes, dos seus valores morais, do exercício do poder pelos políticos da época, foi o advogado e poeta soteropolitano Gregório de Mattos, apelidado de “Boca do Inferno”.  A verve de Gregório nos seus poemas do início da colônia já revelavam um cenário de uma cidade povoada de mazelas sociais, a ambição desmedida dos políticos e uma extraordinária vocação para alimentar e endossar  prestígio social  nas classes dominantes e a acumulação de bens, via uma burguesia sem pudores. Problemas e carências atravessam o tempo secular, chegando até os dias de hoje.

“Se estivesse vivo, sua pena e seu papel estariam preparados para criticar a corrupção, a sujeira e a falta de educação que atingem a cidade”, crava o historiador Fernando da Rocha Peres, autor de livros como “Gregório de Mattos e Guerra: Uma Re-visão Biográfica” e “Um Códice Setecentista Inédito De Gregório De Mattos”. Para ele, a cidade de que falava o poeta gentio é bastante semelhante à atual. “Em ‘Salvadolores’, como eu gosto de chamar, falta saúde, educação e segurança”, afirma.

Máquina mercante

Duas figuras notáveis da história de Salvador também seguiram o estilo de Gregório no quesito criticidade: o antropólogo Roberto Albergaria e a historiadora Consuelo Pondé de Sena, ambos falecidos em 2015. Eles conheciam a sociedade baiana como poucos e não desperdiçavam uma chance de destilar boas doses de indignação com a situação da cidade. “Gregório dizia que a cidade foi transformada em ‘máquina mercante que não tem fim’. A história não mudou muito. O tripé do espírito sobre o qual se estrutura a cidade é dinheiro-poder-prestígio”, disse Albergaria, para defender a atualidade da obra de Gregório.

Em umas das entrevistas a este espaço, professora Consuelo, que é ex-presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), contou que a própria instituição determinou a data 29 de março como aniversário de Salvador depois de a prefeitura solicitar, em 1945, um estudo para definir o marco. Já que nunca foi encontrado um documento que revelasse a data de fundação da cidade, após pesquisa apurada, historiadores membros do instituto fixaram a data simbólica. Ela também explicou o motivo de seu olhar sempre atento e sua prontidão em despertar a população a conhecer e preservar sua história. “Se critico, é para que ela fique melhor. Amo a minha cidade. Tenho esperança de que Salvador volte a ocupar um espaço digno entre as outras capitais brasileiras. Quando não temos esperança, nem adianta viver”, disse na ocasião.

SERVIÇO

O que: Peça “Ruína dos Anjos”

Quando: Terça – 29/03/2016, 20h

Onde: Casa da Outra (Rua Politeama de Cima Politeama – Salvador)

Quanto: Pague quanto quiser (reserva pelo email [email protected] ou pelo telefone  71 3565-4623)

Direção: Luiz Antônio Sena Jr. e Vinícius Lírio

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ABI BAHIANA Notícias

Sarau da Imprensa aborda o tema ‘Artes cênicas e Sustentabilidade’

As Artes Cênicas – e seu rico universo como instalações, artes visuais, teatro, dança e circo, até eventos de entretenimento de massa e suas interconexões –, têm sido construídas por modelos que se tornaram um desafio. Na atualidade, buscam estratégias para criar espaços de ação e reflexão, como a inserção do tema sustentabilidade entre as suas possibilidades. Para ampliar essa discussão, o projeto Sarau da Imprensa recebe como convidados desta segunda edição a diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), Fernanda Maria Tourinho; o diretor, dramaturgo e compositor, Gil Vicente Tavares; e o ator, produtor, diretor e autor Lelo Filho, nesta quinta-feira (25), às 19h, na Associação Bahiana de Imprensa (ABI). A trilha sonora será da banda Matita Perê, que homenageará Dorival Caymmi.

Qual a perspectiva para as artes cênicas na Bahia? Existe alguma relação entre cultura e sustentabilidade ao que é produzido aqui? A sustentabilidade é a nova fronteira das artes? Progresso cultural e desenvolvimento sustentável estão relacionados? A sustentabilidade é relevante para as artes? Para tentar responder estas e outras questões sobre as artes cênicas no Brasil e no mundo, os convidados abordarão o tema Cênicas e Sustentabilidade. Nesta segunda edição, o evento também presta uma homenagem ao Dia do Teatro e do Circo, comemorado em 27 de março.

O debate será mediado pelo jornalista Ernesto Marques, idealizador do projeto e vice-presidente da ABI, que destaca a importância de discutir a perspectiva da sustentabilidade e suas conexões com as artes cênicas. “Percebemos que o tema da sustentabilidade emerge como uma nova fronteira, sobretudo nas artes, pois ampliam o seu papel em direção a um futuro sustentável. Isso impõe um desafio cultural e, sobretudo, estrutural, pois exige revisões importantes de práticas e normas, da política, da economia e da própria dinâmica social”, destaca o jornalista.

Cênicas e Sustentabilidade – A jornalista e cineasta Ceci Alves, curadora e uma das organizadoras do projeto, defende que a questão da sustentabilidade é essencial na elaboração de projetos culturais, principalmente os que envolvem as artes cênicas. “Seja nos pequenos movimentos culturais ou nos grandes eventos de entretenimento de massa, é preciso repensar estes modelos sob a ótica da sustentabilidade, incluindo seus aspectos culturais, sociais e econômicos, além de inseri-los nestes novos contextos, observando, sobretudo, a sua função e importância na sociedade atual”.

O Sarau da Imprensa – uma série de seis encontros que ocorrem até o mês de junho, sendo um por mês, sempre às quintas-feiras, às 19h – aborda assuntos que não encontram espaço para discussões aprofundadas, por meio de debates, recitais, apresentações cênicas ou musicais, sempre com atrações artísticas que dialogam com o tema proposto em cada encontro. As próximas edições terão as seguintes temáticas: A Escrita e o Poder; Música, Baianidade e Lugar de Fala; Artes Visuais e O Real Des-visto; Fotografia, Novas Tecnologias e Futuro. Podem participar estudantes, profissionais liberais, classe artística, formadores de opinião e demais interessados. À frente da curadoria das atividades está o jornalista e poeta Nilson Galvão. A também jornalista, cantora e compositora Rita Tavares é encarregada da direção artística do projeto. O projeto Sarau da Imprensa conta com apoio financeiro do Governo do Estado, através do Fundo de Cultura, Secretaria da Fazenda e Secretaria de Cultura da Bahia.

Sobre os convidados

Fernanda Tourinho – Com uma trajetória profissional de mais de 25 anos, Fernanda Maria Tourinho é a atual diretora da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb). Formada em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia (Ufba), a gestora esteve à frente do Teatro Jorge Amado por 17 anos e atua como produtora cultural desde 1988. Com visão ampla da cultura, tanto do ponto de vista administrativo, como na produção e processo criativo, Fernanda atuou na área administrativa do Teatro Castro Alves, na produção do Bale Teatro Castro Alves – BTCA (1988-1997). Também foi produtora e coordenadora do Centro de Formação de Recursos Humanos e Assistência Técnica do Centro Projeto Axé.

Gil Vicente Tavares – Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal da Bahia (Ufba), com pesquisa voltada à dramaturgia e à herança do Absurdo e seus vestígios no drama contemporâneo, Gil colaborou com o roteiro do filme Cidade Baixa, de Sérgio Machado, e foi coautor da comédia musical Vixe Maria, Deus e o Diabo na Bahia (2004). Também foi um dos fundadores do grupo Teatro NU (www.teatronu.com). Em 2011, estreou o espetáculo Sargento Getúlio (vencedor dos prêmios de Melhor Espetáculo e Melhor Ator pelo Prêmio Braskem de Teatro), a partir da obra de João Ubaldo Ribeiro. No final de 2014, Gil escreveu e dirigiu o espetáculo Caymmi: do rádio para o mundo, musical em homenagem à vida e à obra de Dorival Caymmi. Outro destaque em sua obra é a peça Sade (contemplada com o Prêmio Fapex de Teatro 2010). Como compositor, teve suas canções gravadas pelos cantores Roberto Mendes, Ana Paula Albuquerque, Claudia Cunha e Rebeca Matta.

Lelo Filho – O ator soteropolitano Lelo Filho sempre teve uma ligação com a arte desde muito cedo, inicialmente com a música. O teatro entrou em sua vida no período do ensino médio, quando montou, em sala de aula, um texto de Dias Gomes. Apesar da veia artística, em 1979, optou pelo vestibular de Ciências Sociais. Em 1987 criou, junto ao ator Moacir Moreno, a Cia Baiana de Patifaria, com a proposta de pesquisar a comédia e fazer críticas sociais de forma bem humorada. A montagem da peça A Bofetada, vista por mais de 1 milhão de espectadores, tornou-se um dos espetáculos de maior duração no país. Um dos destaques é a professora de filodramaturgia Fanta Maria, interpretada por Lelo. Na comédia musical Noviças Rebeldes, dirigida por Wolf Maya, o ator interpretou a Irmã Amnésia e a peça chegou a ser apresentada em Nova York, no circuito off Broadway. Atualmente Lelo assina a direção e está em cena com A Bofetada.

Matita Perê – O grupo baiano é conhecido pela sua refinada concepção artística, tanto para composições autorais, quanto para arranjos inovadores de clássicos da música popular brasileira. No show, o grupo formado pelos compositores e jornalistas Luciano Aguiar e Borega Melo, e o compositor e maestro Rafael Galeffi, contará com a presença dos músicos André Becker, na flauta, e a cantora Aiace, para apresentar um repertório que vai de canções autorais a arranjos para clássicos da MPB. Canções de Caymmi como A Preta do Acarajé, O Vento, O Bem do Mar, Vatapá e Pescaria estarão no repertorio, que integraram o show Curimã Lambaio. Outras músicas como Tão Longe e Tão Perto, e uma versão para Águas de Março, de Jobim, Cravo e Canela (Milton Nascimento/Ronaldo Bastos), e Lamento Sertanejo (Gilberto Gil/Dominguinhos), completam o repertório.

Serviço

O Que: Projeto Sarau da Imprensa – Edição Cênicas e Sustentabilidade
Quando: quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016, às 19 horas

Onde: Auditório Samuel Celestino, da Associação Bahiana de Imprensa – ABI (Rua Guedes Brito, nº 1, edifício Ranulfo Oliveira, 8º andar, no Centro Histórico de Salvador)

Quanto: Todas as atividades são gratuitas

Clube Press – Assessoria de Comunicação
Assessoria de Imprensa
Marcos Paulo Sales – Jornalista MTb 2246
Contato: (71) 99632-6252/ 99135-5465
E-mail: [email protected]
Site: www.clubepress.com.br

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