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Lembrancinhas do Dois de Julho

A três anos do bicentenário do “Dois de Julho”, o jornalista Luís Guilherme Pontes Tavares sugere ações para marcar a data. Neste artigo, o filho do historiador Luis Henrique Dias Tavares, importante voz na defesa da preponderância da Bahia para que o Brasil se livrasse do jugo do colonizador, resgata um pedido da professora Consuelo Pondé de Sena, grande incentivadora e responsável por manter a tradição dos desfiles da Independência da Bahia.

Por Luis Guilherme Pontes Tavares*

Em 2023, a Bahia festejará, de modo especial, o Dois de Julho, porque se completará os 200 anos da Independência do Brasil na Bahia. Faltam, portanto, três anos para a data redonda¹ e, por isso, ocorre-me sugerir que o segmento de economia criativa elabore produtos para comercializar e divulgar a grande festa dos baianos. Tipo “Lembranças do Dois de Julho”. Quiçá, com versões especiais para as comemorações do bicentenário.

A Prefeitura Municipal de Salvador caminha no sentido do bicentenário tomando as providências devidas, como a recente restauração do Monumento que distingue, com os seus mais de 25 metros de altura, o centro do Campo Grande (Praça Dois de Julho). A obra, supervisionada pela Fundação Gregório de Mattos (FGM), foi executada pela Studio Argolo Antiguidades e Restaurações (leia mais sobre a reforma ocorrida no ano passado).

Uma das lembrancinhas do Dois de Julho poderia ser a réplica, em miniatura, do monumento edificado no Campo Grande em 1895. O valor seria conforme o material empregado. Em resina, o mais em conta; em ouro, o mais valioso. Que se criem botons e pins diversos, assim como ímãs de geladeira, lápis e canetas decorados com figuras afins com o Dois de Julho e um sem número de artigos pequenos e grandes, de preços variados. Que não faltem, tampouco, as camisetas e os quadros alusivos à luta e à vitória de 1823.

Que se negocie também, durante a festa e sempre, os livros que tratam do tema, sobretudo o clássico Independência do Brasil na Bahia (Coleção Bahia de Todos. Salvador: EDUFBA, 2005), do professor doutor Luis Henrique Dias Tavares, uma das últimas obras revista e ampliada por eleO citado autor, sempre comprometido com a liberdade, fez coro na defesa da preponderância da Bahia para que o Brasil obtivesse o fim do jugo do colonizador. Os escritos dele, nos animam a prosseguir na luta.

Convém esclarecer que há, além do Campo Grande e o admirável monumento, outros espaços de reverência àqueles que lutaram em favor da libertação do Brasil: o Pavilhão Dois de Julho, na Lapinha, que guarda os carros alegóricos do caboclo e da cabocla; e o Panteon de Pirajá, que enaltece os heróis da Independência e rende gratidão ao General Pierre Labatut (1776-1849), comandante do Exército Pacificador.

Recordo, para encerrar, o encontro da professora Consuelo Pondé de Sena (1934-3015), então presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (IGHB), com o diretor da FGM, Fernando Guerreiro, ocasião em que conversaram sobre o bicentenário do Dois de Julho. Ela desejava que a Bahia edificasse, para inaugurar em 2023, memorial em que coubesse tudo que se refere à Independência. Desconheço, todavia, se ela legou o seu sonho em letra de forma.

¹Esse texto é uma revisão do artigo publicado na página A2 de A Tarde, em 17 de junho de 2019.

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*Jornalista, produtor editorial e professor universitário. É diretor da ABI.<[email protected]>

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